Aug 29, 2006 01:55
Vejo-me acordando, como sempre, com dores na cabeça, devido à quantidade abusiva de álcool tragada no anterior anoitecer de minha aurora. Como quem ainda aprendendo a andar, levanto-me com um peso. Talvez todo aquele álcool ainda esteja perambulando, chutando pedrinhas, dentro do meu organismo. Corro, ou o que eu imagino que seja correr, até o buraco mais perto e deixo que meus instintos me guiem até aquele gozo vespertino. De volta ao meu quarto, melhor: no quarto aonde acordei. Olho em volta, não me sinto perdido, mas confuso. Avisto então um detalhe do qual me faz lembrar onde estou, aquela coleção de velhos vinis de jazz não me engana. Acordei na casa daquele maldito devedor. Sabe que me deve e fica fazendo joguinhos comigo.
Olho em volta, procurando sua carteira, quando um barulho na porta capta minha atenção. Era aquele desgraçado entrando no quarto, fumando seu cigarro fedido e tomando a primeira dose do dia. Me oferece, claro, aceito. Sentamos na mesa, jogamos o resto da janta de ontem - uma pizza horrível, quase sem queijo - e abrimos uma nova garrafa de vinho. Intragável. Claro, esse miserável só compra essa marca vagabunda. Talvez ele devesse voltar a lecionar geografia, naqueles tempos podíamos tomar até uísque que passava por aceitável.
Essa é a grainde armadilha na qual me vejo, trabalhar para embriagar-me com classe. Óbvio, é de uma importância relevantíssima. Se eu não me cuidar, não há quem fará por mim e cair pelos cantos, com classe, é algo que prezo com todo meu sofrer. Ao menos é algo que sempre me traz as mesmas dores e as mesmas aventuras, por mais diferentes que elas sejam. Paro, minto aqui para mim, quando encontrar um rumo melhor, um caminho que não trema tanto sob o efeito da cevada ou das uvas alcoolicas.