A semana passada andei no YouTube à procura de um clip para homenagear a Donna Summer a propósito da notícia triste do seu falecimento. E, já agora, aquele que acho mais à altura dessa homenagem contém uma versão muito extended do que foi um dos primeiros êxitos disco, Love To Love You Baby: 17 gloriosos minutos de violinos, gemidos e orgasmos (suponho que) simulados, ao som da batida hipnótica de Giorgio Moroder (
link).
Mas não foi esta canção que fui procurar na net. Devo dizer que eu, nessa altura dos meus dezasseis, dezoito anos, odiava o disco sound. Era um ódio mais militante do que visceral, mas ainda assim. Abominava os Village People, a Donna Summer, os Bee Gees versão SNF, e todos os outros artistas disco que infectavam as airwaves das rádios pop (na verdade, acho que só não odiava a Gloria Gaynor, porque nunca resisti ao apelo do I Will Survive).
Até que um dia ouvi uma canção que transformou isso tudo: era a Enough Is Enough (No More Tears), cantada pela Barbra Streisand (um adquired taste que só adquiri muitos anos depois) e pela Donna Summer, e que conjugava, digamos assim, os universos musicais de cada uma delas, com um começo lento e romântico, a la Streisand, que dá lugar a uma batida explosivamente dançável. Caiu-me no goto, uma espécie de guilty pleasure antes de o conceito ter sido inventado, e que teve ao menos a vantagem de me pôr a ouvir música de dança. Não muito tempo depois, uma canção do brasileiro Oswaldo Montenegro, acabou-me definitivamente com o preconceito contra a música de dança: “Se você dançar a noite inteira Não significa dar bobeira de manhã se alienar ou esquecer”.
Pois bem, andava eu no YouTube á procura de um clip decente com a canção Enough is Enough, e eis que descubro uma versão maravilhosa, cantada pela KD Lang e pelo Andy Bell, que, para os mais novos, fez parceria nos Erasure com o Vince Clark, um dos fundadores dos Depeche Mode (ya ya, foi ele que escreveu Just Can´t Get Enough). Confirma-se a minha teoria de que tudo aquilo em que a KD põe a garganta se transforma em ouro, não só por causa da voz dela, mas porque é a cantora que tem a maneira de cantar mais cool do mundo desde a sua formação.
Ou seja, e too cut a long story short, cá estamos a homenagear uma grande diva do disco (ah, os clichés) ouvindo um dos seus grandes êxitos cantado pela maior diva do mundo (ok duas, se considerarmos o Andy Bell).