O melhor que me aconteceu nos últimos dois meses, em termos de leituras, foi a descoberta do autor japonês de novelas gráficas Jiro Taniguchi. Li três livros deslumbrantes: Terra de Sonhos, O Diário do Meu Pai e, o meu preferido, O Homem que Passeia.
Ainda na área da banda desenhada, li mais um livro de Miguelanxo Prado, Traço de Giz, um dos clássicos do autor, e mais uma aventura de Blake & Mortimer pós E.P. Jacobs, O Juramento dos Cinco Lords.
A lista de 'hospital reading’ contemplou a releitura do clássico do humor Three Men On A Boat, de Jerome K. Jerome (a minha primeira experiência de audio book, não muito bem sucedida, por isso tive de acompanhar com o ebook), o romance autobiográfico de Rita Ferro A Menina É Filha de Quem?, que me deu um bocado de seca, e um devaneio homo, Bump This, de LT Ville, que também não foi muito feliz.
Muito bom mesmo foi o regresso a Arturo Perez Reverte, com uma aventura de guerra e espionagem, Falcó, que adorei (destes, foi o único que li em formato físico).
Nos intervalos li ainda Sul Profundo,o mais recente travelogue do Paul Theroux, que depois de correr mundo, se fixa nos estados do sul da pátria americana do autor. O ponto do livro parece ser o de tentar chamar a atenção para os graves problemas que marcam a região, nomeadamente a pobreza extrema, que tanto abrange negros e brancos. Theroux tem um olhar benevolente, não só em relação às comunidades negras como mesmo em relação a certo white trash. Esta sua mais recente obra confirma, para além da habitual resmunguice do autor, uma certa reaccionarite perante a política e os grandes responsáveis pela gestão e distribuição de recursos dentro das comunidades nacionais e internacionais. Mas mesmo com todos os defeitos, Theroux continua a ser um excelente escritor de viagens, deixando bem claras as diferenças entre a literatura de viagem e os meros relatos de viagens.
Finalmente li Na Vertigem da Traição, da autoria de Carlos Ademar, um romance que nos devolve uma história real, a do assassinato, em inícios dos anos 50, de um dirigente do Partido Comunista caído em desgraça. Na altura da sua publicação, a obra mereceu as críticas das estruturas do partido, o que é sempre bom sinal. O grande interesse do livro e da sua história não é, na minha opinião, melhor servido pela narrativa, que, por vezes, atrasa e mitiga o interesse da leitura. Não obstante, o agente Guimarães, da PJ, é uma excelente personagem, e é ele o responsável pelas partes mais envolventes do livro.