Dec 19, 2016 08:17
Para aí a três quartos do espectáculo, lembrei-me de como aquilo podia ser viciante, e como eu não me importaria mesmo nada de voltar à sessão seguinte e à seguinte e por aí fora. Trata-se de Portátil, uma criação de um colectivo de humoristas ligados à web-série Porta dos Fundos: a Gregório Duvivier, Gustavo Miranda e Luis Lobianco, junta-se o português César Mourão, e o acompanhamento musical é garantido por Andres Giraldo.
O formato é aquilo a que o autores chamam de improviso long form. No início procura-se na plateia uma história que tenha alguns episódios interessantes, e a partir daí os protagonistas reproduzem em palco a vida da pessoa escolhida. O resultado é hilariante porque, naturalmente, os actores dominam as técnicas da improvisação na perfeição, bem como as do efeito humorístico e do espectáculo (o musical, por exemplo).
E o efeito cómico ganha uma camada suplementar graças à distância entre o Brasil e Portugal, às diferenças de estilos de vida, de cultura e de referências. Algumas das nossas características, como uma certa tendência para o low profile, para a reserva e discrição, que poderiam tornar a coisa mais difícil, ganham a comicidade da caricatura, mesmo que por vezes ela até parecesse involuntária.
É justo destacar a participação do César Mourão, que não apenas aparece completamente enturmado com os seus colegas, como aproveita para tirar partido do facto de ser o ‘odd one out’ do grupo, provando ser um excelente comediante e um mestre na arte da comédia de improviso.
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