24 de março
A manhã do último dia em Cabo Verde foi passada numa visita à Cidade Velha, como é conhecida a Ribeira Grande de Santiago, a primeira povoação que os portugueses estabeleceram na ilha e no arquipélago (e a primeira, ou das primeiras, cidades europeias em África). Começámos pelo alto, pelo Forte de São Filipe, sobranceiro à cidade, com uma vista esplêndida, um verdadeiro bird’s view sobre a cidade e todo o mar em frente.
Depois passámos pela ruína da antiga Sé Catedral, e fomos visitar a igreja de Nossa Senhora do Rosário, onde esteve o Vasco da Gama, e onde o Padre António Vieira pregou, a caminho do Brasil. Junto à igreja, a Rua Banana, conservando a traça das antigas casas de pedra. Numa destas casas, no interior sombrio entrevisto pela porta aberta, uma senhora idosa sentada numa cadeira baixa a conversar com oum homem ainda jovem que, de fita métrica pendurada ao pescoço, trabalhava numa velha máquina de costura.
Na Praça do Pelourinho, dezenas de jovens em uniforme escolar enchiam os degraus do monumento, em perfeito estado de conservação, alternando junto à coluna para fazer fotos. E de alguma maneira resgatando o pelourinho da infâme memória de lugar de tráfego e castigo de escravos. Ao redor da praça, os vendedores de artesanato tentam tudo para seduzir o cliente. O Júlio tem um irmão a fazer mestrado de Relações Internacionais em Coimbra.
De regresso ao Plateau, o almoço foi no Bistrô 90, no topo da rua pedonal, ao melhor estilo dos restaurantes da moda, e com ar de ser muito ‘trendy’. Nós destoávamos, claro, com os nossos calções e sapatilhas sujas, e o ar estafado de quem precisa de tomar duche.