Dec 05, 2007 12:08
Um corredor longo, portas. À esquerda, uma pequena cozinha. De um armário de madeira uma mulher tira ervas, remexendo em pequenos sacos. A mesa redonda está coberta por uma toalha de plástico estampada, e a penumbra lembra estores corridos no final de uma tarde de Inverno. "Esperava-te... Demoraste a voltar." Retorno ao corredor, e ela abre a porta à direita, embora seja a do fundo que os meus olhos percorrem. Passo para uma varanda de madeira cor de mel, estreita e comprida. À minha direita, janelas imensas, de que apenas vejo a luz clara que inunda abundante o espaço debaixo de mim. Volto-me para a esquerda, e pouso as mãos no bordo suave da varanda. Na parde do fundo uma tapeçaria em tons de verde cobre a madeira. Existe um som agradável e contínuo a preencher o silêncio. No piso de baixo, algumas mulheres caminham aparentemente sem rumo, enquanto outras se sentam, voltadas para a parede de padrão indistinto como se voltadas para um altar. Não sei se rezam, se cantam, se murmuram infintamente entre elas, mas a musica que oiço é insondável e deliciosa. Quero descer, mas a mulher que encontrei na cozinha não deixa. "Ainda não." Pelo canto do olho, vejo vultos na tapeçaria, talvez uma mulher, o seu corpo generoso coberto pelo cabelo ruivo e longo. Fantasio o seu olhar tímido e paradoxalmente provocante, a água e o verde que a rodeiam. Voltamos atrás, e acordo.
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Estou sozinha, na estreita varanda de madeira, o mesmo silêncio com cheiro a sandalo preenche a sala. Atravesso o espaço vazio, e abro a porta. Estou no piso de baixo, e não vejo ninguem. Sinto, no entanto, que elas continuam lá. Estou voltada para a tapeçaria, mas os meus olhos fecham-se irresistivelmente em reverencia profunda. Acordo.
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Estou confusa, desta vez. Na minha mente existem arcos de pedra iluminados por velas vermelhas e pretas e um circulo traçado a giz no chão negro, mas a linha temporal dissolve-se. Depois, a mesma mulher. Uma sala escura, toda de pedra, como masmorras de um grande castelo. No centro destaca-se um bloco de pedra, polido. Ela esta atrás e ligeiramente à direita, e desta vez demoro-me nela. Cabelos negros, pele branca e leitosa. O cabelo dela brilha à luz das velas lunares que não vejo. Existe uma passagem, atrás dela, encostada à parede da direita, mas está escuro e parece apenas um buraco negro no cenário. "Esperava-te. Demoraste a vir." A voz dela é seria e afiada, cristalina e como gelo. Tudo e nada como antes, mas no escuro baixo o olhar e fraquejo. "Deita-te no altar e fecha os olhos. Tenho algo para ti." Deito-me, a pedra fria mas macia sob o meu corpo, e o tecto dissolve-se em nevoa, luzes purpuras e escuridão. Acordo.
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3 sonhos, separados por muitos meses entre cada um.
A data e o momento perderam-se nas brumas do tempo.
místico,
sonhos