Centenas de populares de Santa Comba Dão receberam hoje com vivas a Salazar os membros da União de Resistentes Anti-Fascistas, em luta contra a criação do Museu Salazar na cidade.
No exterior do salão municipal de Santa Comba Dão, onde a União de Resistentes Anti-Fascistas está reunida para uma sessão de informação contra a criação do Museu, centenas de populares deram vivas a Salazar enquanto os promotores da iniciativa gritavam «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais».
Ao contrário do que se esperava, não foi notada na cidade a presença de quaisquer grupos ou elementos de extrema-direita, mas o seu papel foi assumido pelos populares que estavam no Largo do Balcão, no centro da cidade de Santa Comba Dão.
Por entre os protestos, uma viatura passou pelo largo e lançou dezenas de panfletos anónimos de louvor a Salazar.
Intitulados «Salazar, o obreiro e maior patriota português», os panfletos defendem que «Salazar nasceu para a vida eterna» ou que, com a sua morte, «a Nação portuguesa ficou empobrecida nos seus valores humanos».
O texto afirma ainda que «a História de Portugal, oito vezes secular, enriqueceu notavelmente durante o governo de Oliveira Salazar», figura que qualifica de «um dos mais notáveis portugueses do mundo e o maior português deste século».
«Portugal deve-lhe a definição dos sãos princípios sobre os quais tem de assentar a defesa da moral, da justiça, da ordem, do trabalho e da família e a defesa da pátria contra o comunismo», lê-se também.
O núcleo de Viseu da União de Resistentes Anti-Fascistas Portugueses realiza hoje em Santa Comba Dão, uma «sessão de afirmação dos ideais anti-fascistas» contra a intenção manifestada pela Câmara Municipal de criar no Vimieiro, terra natal de Salazar, um museu do Estado Novo.
A par desta reunião, decorre também hoje, numa quinta privada em Sortelha, Sabugal, um encontro de elementos alegadamente próximos de grupos neonazis e neofascistas.
A análise desta «conjugação de eventos» hoje na região levou a GNR a reforçar em quase uma centena os seus efectivos em Santa Comba Dão, habitualmente de duas a três dezenas de militares.
Segundo o comandante das forças, coronel Nunes Figueiredo, dois pelotões e um complemento de companhia de operações especiais da Guarda Nacional Republicana (GNR) foram destacados e seguiram hoje de Lisboa para Santa Comba Dão.
Diário Digital / Lusa
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Entre uns e os outros, parece-me que pode cá vir o diabo escolher...