resquícios de dias passados 1

Sep 09, 2004 21:39

erada, 31 de agosto

nos passos inconscientes que me levam, alcatrão fora, até ao recinto da psicina, deparo-me com a presença fechada da ausência que, com sucesso, ludibridia a minha tentativa de encontro com a solidão.
não a solidão pesada das incontáveis vozes ressoantes nos ouvidos, mas aquela solidão impregnada de paz. paz que encontro no canto matinal dos pássaros de passagem no cenário imponente das montanhas em redor deste vale.

li, há pouco tempo, no magnífico cem anos de solidão, que se pode escolher entre dominar o pensamento ou ser dominado por ele. não estava assim, textualmente, escrito, mas a falta de lápis à mão no instante da descoberta impediu-me a correcta anotação. e nesta dualidade vou-me perdendo e embrenhando à procura de respostas que me expliquem a mim mesma. numa verdade tão simples, parece-me ter descoberto a fechadura iluminada pelo sol do outro lado que há tanto desejava. todavia, o hábito de me sentar à espera, alienada de um mundo ao qual vou insistindo não pertencer, enreda-me em inúmeras ocasiões, obrigando-me ao reinício.

de novo a solidão e paz inatingíveis, semi-embriagadas numa futilidade dialogante que não é minha, que procuro negar. apesar do fardo consciente de que tudo seria mais simples e fácil.

no fundo, delicio-me com as agruras do espírito errante, na sua busca incessante de uma água milagrosa que mate esta sede sufocante. secura de uma alma inconformada e refugiada num mundo paralelo.
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