Apr 05, 2013 00:43
"Se você acordar de manhã e tudo parecer horrível, lembre que o dia só começou." A frase favorita do meu prostituto preferido. Dita toda santa vez em que ele saía da minha cama para fazer café e poder se despedir, a longa despedida de mais de uma hora de duração que sempre acabava com a gente jogado no sofá, você beijando meu pescoço e dizendo que podia gazear o trabalho naquela noite. Eu nunca paguei mais que uma hora e você nunca ficou menos de duas.
Se eu algum dia houvesse contado para alguém, com certeza teriam rido de mim e me impedido. Uma adolescente e um prostituto; de todos, todos, os caras do mundo, o cara perfeito para mim tinha que ser um puto. No sentido mais puro da palavra: você chegou a dormir com uma das minhas professoras, não? Eu sei que dormiu, eu armei a cama, entreguei o cartão, fiz as vezes de cafetina, e recebi meu pagamento por isso.
Inocentes. Inocentes, nós dois, dois loucos inocentes desvairados se amando por olhares e carícias em público; ah, quantas vezes você veio à sala, minha sala de aula, fingir-se de aluno? Até provas você topou fazer, e depois teve que se explicar. Quinto período e transando com uma dezesseis anos. Curso de manhã e à tarde, trabalho preferencialmente à noite, mas horários negociáveis.
Eu sempre tive uma brecha só minha na agenda, uma página, duas, três, dez, que me perseguiam e buscavam, que me agarravam enquanto eu andava.
E agora você vai para São Paulo se casar com aquela vaca. Eu não posso dizer, mas vou sentir saudade. O seu café era o melhor, e o acompanhamento, insuperável.
Vou sentir muito a sua falta.
sweet,
lover's chronicles,
crônica