Jan 22, 2013 09:18
Pois é maltinha,
Confesso que não tenho sido a pessoa mais assídua no Livejournal, mas tenho vos acompanhado sempre que possível.
A culpa em parte é da falta de tempo, da organização, do Facebook... em me manter fiel aos posts, mas a vontade está cá e por isso vou fazer os possíveis para ir continuando a partilhar um pouco de mim neste espaço que em tempo me ajudou muito com os vossos comentários queridos.
Então começamos com as novidades sim?
Alguns de vocês provavelmente já sabem que me casei outros provavelmente não, pois é faço parte do mundo das casadas e posso dizer que tem corrido bastante bem, porém a novidade mais fresquinha é mesmo outra.
Eu e o meu "marido" (mesmo depois de um ano e meio é difícil habituar-me a chamar-lhe marido) mudamos de armas e bagagens para Zurique.
Sim faço parte das estatísticas dos licenciados que emigraram. Muito se pode dizer sobre este assunto, mas eu vou dar as minhas razões. Não porque sinto que tenha de justificar o porquê de deixar para trás o país onde nasci, onde está a minha família, mas sinto que tenho de dizer a maneira como eu vejo o as coisas. Não vou entrar em politiquices nem nada do gênero, até porque acho que esse tema já teve o seu tempo de antena.
Pois é, como sabem a maior parte de vocês, eu nasci em Santarém, porem há 30 e pico anos atrás os meus pais ( tal e qual como eu) decidiram que Portugal andava a passo de caracol, e que sendo pessoas trabalhadoras e ambiciosas, não estavam a conseguir ter o que se esforçavam todos os dias para ter (e sim com isto falo em dinheiro). Então decidiram emigrar para o Canada. 15 anos mais tarde lá regressaram eles contentes por terem passado por uma grande experiência de vida, mas ainda mais contentes por regressarem ao país deles. Eu vim numa altura muito complicada, podem imaginar, 15 anos de idade, aquela idade em que o mundo supostamente gira a tua volta. Foi uma adaptação muito dura, porque se bem que cá vinha de x em x anos visitar os avós e familiares, na realidade esta gente era-me toda estranha.... Adiante. Lá me habituei fiz novos amigos e consegui entrar na universidade. (UMinho), acabei o curso de engenheira de sistemas. E uns dois anos depois regressei para centro (Lisboa).
Nada de mais consegui logo trabalho, posso dizer que se calhar sou dos poucos licenciados privilegiados em trabalhar na área que estudou, mas mesmo assim no me sentia satisfeita. Nos 4 anos que tive por Lisboa mudei de empresa 2 vezes. Mudei não porque me dava mal com os colegas ou porque não gostava do que fazia, mudei porque me considero uma excelente profissional. Sou motivada, gosto de aprender de estar ocupada de ter desafios, mas também gosto de ser reconhecida. E esse reconhecimento para mim não passa apenas por uma boa avaliação, nem por uma palmadinha nas costas. Então como não me gosto de sentir acomodada mudei. Passei a trabalhar na PTSI e passados 2 anos mais do mesmo, boas avaliações mas nada de incentivos. Quando falo em incentivos não vos falo apenas em aumentos salariais. Falo mesmo em pequenas coisas que podem ser feitas para que um colaborador se sinta realmente bem com o que faz, falo em coaching, falo em reuniões semestrais com os superiores para saberem o ponto da situação, se estamos satisfeitos, se queremos outros desafios, e sim também falo em aumentos salariais. Porque afinal de contas é por isso que todos nós trabalhamos, é para conseguirmos juntar uns trocos e fazermos realmente o que gostamos.
OK nesta altura muitos de vocês podem pensar que sou uma pessoa super materialista. Não sou super, mas sou sim materialista, quero sim ganhar bem e esforço-me sim para consegui-lo. Se calhar muitos de vocês pensam que sou maulca, que um ter um emprego nestas altura já só por sim é muito bom. Eu não sou pessoa de me conformar. Não sou pessoa de deixar andar, pensar que para o ano as coisas melhoram pensar que há quem esteja bem pior do que eu... por isso mudei. Peguei nas poucas coisas que tinha, e mudei de pais.
Estou a viver em Zurique desde inicios de Setembro. Inscrevi-me logo num curso de alemão. Em Outubro conseguimos alugar um apartamento, e em Novembro arranjei logo emprego numa das melhores empresas no pais para se trabalhar. Sinto-me bem, não apenas porque ganho mais, sinto-me bem porque sou reconhecida, sinto-me bem porque faço as minhas 8 horas e posso dedicar o resto do meu tempo a mim, à minha família e aos amigos que já fiz, sem que me olhem de lado por não estar a fazer horas extras. Sinto-me bem porque posso planear um futuro, posso pensar em filhos, posso pensar em viajar mais, posso pensar em ter as coisas pelo qual me esforço para ter. Sinto-me tão bem aqui que não penso em voltar a viver em Portugal.
Para mim estar em Zurique é o mesmo que estar em Faro, ou Porto, ou Funchal ou outra cidade qualquer, não vejo a emigração como um estigma, vejo isto como uma grande oportunidade. Uma oportunidade de alargar horizontes, de conhecimento e de dar um grande avanço na vida, coisa que para mim era impossível em Portugal.
E sou pessoa de estar bem onde me sinto bem seja ela na terrinha da minha avó, na Namíbia, Qatar, ou Bali.