[MISSÃO 30 FICS] Sangreal - Capítulo 9

May 07, 2006 23:32

Título: Sangreal
Autora: Yoko Hiyama hirenkoi
Livro: Harry Potter 
Beta: bela_chan
Classificação: Yaoi
Par: Sirius & Remus
Comentários: Universo Alternativo. Baseado nos RPGs de Vampiro, Lobisomem e Mago. Com algumas adaptações livres. Aqueles que não têm intimidade com RPG, não deixem de ler as notas explicativas! ~Missão 30 fics~
Palavras: 2.733
Tema: Máscaras
 ff.net



Lucius estava sentado em se escritório, assinando alguns papéis referentes a seus negócios, quando percebeu uma aproximação conhecida.

Olhou em volta, procurando por algo em meio às paredes brancas até que, parecendo finalmente encontrar o que buscava, preferiu começar a conversa:

- Eu estava mesmo precisando falar com você. - disse, olhando para a sombra desenhada na parede.

No mesmo instante, uma figura vestida de negro pareceu emergir das sombras (1), aproximando-se altivo e sem qualquer pressa da mesa do Ancião Ventrue.

- Sente-se, Severus. - Lucius convidou, educado, apontando uma bela cadeira do lado oposto de sua mesa.

Com um movimento gracioso, o vampiro ajeitou suas roupas e sentou-se no local apontado enquanto encarava Lucius, a espera de suas palavras.

- Por certo você transmitiu o meu recado ao mestre... - Lucius sugeriu, tentando deixar claro no seu tom que não havia dúvidas disso.

- Mas é claro. - Snape respondeu com naturalidade - Afinal de contas, é a minha missão, não é verdade?

- Sim, é claro. - concordou - Espero que também tenha lembrado de dizer que eu recebi instruções explícitas de Dumbledore para não me retirar da cidade e só por isso não pude ir ao encontro dele pessoalmente.

- Não se preocupe quanto a isso... - Snape respondeu, dessa vez com um olhar de desagrado.

- E então? Quais são as instruções? - Lucius rapidamente desviou o assunto.

- Aguardar.

- Aguardar? Como assim? Nosso lorde enlouqueceu por acaso? - O Ventrue protestou, indignado. - Vai deixar aquele traidor vivo e livre pra fazer o estrago que bem entender?

- Muito cuidado com suas palavras, Lucius. - Snape alertou.

- Está certo. Retiro o que disse. Mas exijo uma explicação!

- Nosso mestre não vê qualquer necessidade de dar explicações a você, Lucius. Ele apenas ordenou que aguardasse calado, e que não tentasse fazer nenhuma besteira que revelasse a sua identidade. Você entendeu?

Lucius abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas logo em seguida pareceu desistir e só então respondeu, num tom absolutamente distante.

- Pois muito bem. Farei como me diz, Severus. Mas espero que você me mantenha inteirado dos acontecimentos.

- Não é o que estou fazendo nesse exato momento? - Snape perguntou antes de levantar da cadeira, sua figura desaparecendo para dar lugar a uma sombra densa, que caminhou pela parede até sumir por completo.
Sirius estava em apuros desde a noite em que provara o sangue de Remus. O efeito da vitae do lobisomem tinha sido determinante para que não pudesse mais olhar pro outro sem sentir comichões; mais do que isso, inúmeras eram as vezes em que Sirius tinha que conter o impulso de se atirar sobre o outro e sugar-lhe o sangue lentamente até a última gota. Mas esse não era o único motivo de seu nervosismo, também havia o fato de Remus não demonstrar qualquer sinal de receio, apesar de ter caído vítima de suas presas. Na verdade, talvez fosse a imaginação de Sirius sendo traída por sua fome, mas de vez em quando ele tinha a sensação de que Remus parecia escolher o ângulo que melhor deixasse a mostra o seu pescoço sempre que queria falar alguma coisa com ele. Somando tudo isso ao fato de Sirius ter ficado uma boa dezena de anos sendo alimentado com sangue de ratos, e qualquer um concordaria que o Gangrel tinha boas razões para se desesperar.

Claro que Sirius não era estóico a ponto de suportar tudo aquilo sozinho; pelo contrário, fazia questão de transformar toda a sua frustração em mau humor. E era exatamente esse mau humor que fazia com que Remus pensasse duas vezes antes de tentar travar algum diálogo com o vampiro, por mais que tivesse alguma vontade de conversar.

E assim, um silêncio desagradável e mal humorado se fazia durante o resto da noite, com Sirius empoleirado na mesa, agitado e irritado por não poder sair dali e Remus com um nariz muito enfiado no livro, evitando que o vampiro tivesse a menor possibilidade de provocar uma nova briga.

Mas isso acabaria naquela noite.

- Vou sair pra caçar.

Remus suspirou fundo, assim que viu Sirius de pé, pronto pra deixar o local.

- Não vamos discutir sobre isso novamente. Não é prudente.

- Você acha que o fato de eu estar escondido aqui dentro muda alguma coisa? Muito provavelmente eles devem estar carecas de saber que onde estou. Só não me atacaram porque... sei lá porquê... alguma excentricidade lupina. Provavelmente eles só estraçalham vampiros na Lua Nova, ou alguma coisa assim.

- Não diga bobagens, Sirius. - Remus censurou - Eu sou um pária. Eles não têm o menor interesse com a minha vida. Só não me expulsaram daqui porque não podem se dar ao luxo de atirar um Garou à morte.

- Certo... Agora vamos à pergunta de um milhão de dólares... - Sirius colocou a mão na testa, fazendo uma pausa teatral demais - Por que você insiste em ficar aqui e ajudar esses malditos lupinos apesar de tudo que eles fizeram com você?

- Não fale assim! - Remus retorquiu imediatamente - Eles não têm culpa. Estão seguindo ordens de Fenrir!

- Não me peça pra entender e nem aceitar isso! - Sirius gritou, impaciente com a teimosia do outro.

- Eu jamais pensaria em te pedir isso. Um vampiro jamais entenderia o que é viver em comunidade como uma só alma. Vocês são preocupados demais com sua própria pele pra pensar em qualquer outra coisa.

- Vampiros já viveram tempo suficiente pra descobrir que só se pode contar com eles próprios e nada mais.

- É exatamente por isso que a existência de vocês criaturas da Wyrm é tão desgraçada e deve ser varrida desse mundo! - Remus respondeu, exaltado. Sirius era a única criatura viva com a capacidade de tirá-lo do sério com tamanha facilidade e ele detestava isso com todas as suas forças.

Sirius ficou alguns segundos em silêncio, apenas olhando o lobisomem, cheio de raiva, pra só então responder:

- Certo. Se é assim, eu vou sair pra caçar agora. Quem sabe você não dá sorte e algum amiguinho seu me encontra e acaba com a minha existência amaldiçoada?

Dito isso, Sirius bateu os pés no assoalho até encontrar a porta, fazendo questão de provocar o maior barulho possível ao fechá-la.

Harry como sempre foi o último a chegar na sala reservada para as aulas. Mas ao invés de encontrar todos os neófitos reunidos na tradicional arrumação circular de cadeiras, o Tzimisce se surpreendeu ao ver todos os vampiros de pé e parecendo bastante ansiosos com alguma coisa.

- Perdi alguma coisa? - Harry perguntou ao seu amigo Malkavian, que no momento andava de um lado pro outro, demonstrando um genuíno nervosismo.

- É a guerra, cara! - Ele falou, os olhos esbugalhados - Dumbledore em pessoa virá nos dar ordens! É o fim! Estamos todos condenados!

Achando que já era o suficiente, Harry resolveu tentar de novo.

- Um exercício prático. - Hermione deu de ombros quando sentiu os olhos interrogativos de Harry sobre si - Estamos aguardando as instruções.

Bem mais satisfeito com a segunda resposta, Harry resolveu sentar-se numa das cadeiras pra aguardar, seus olhos automaticamente buscando uma certa figura loira, não o encontrando entretanto. Entediado e ainda tentando espantar alguns vestígios de sono, Harry cruzou os braços e esperou por mais alguns minutos até que finalmente a porta da sala se abriu para permitir a entrada do Príncipe, sua Senescal (2) e da cria do ancião Ventrue.

Todos que não estavam em pé levantaram-se, inclusive Harry, que não pôde deixar de lançar um olhar para um Draco enfiado numa calça jeans surrada e camiseta nada compatíveis com suas roupas elegantes habituais.

- Boa noite. - A voz de Dumbledore se fez ouvir, chamando a atenção de todos os presentes - O Sr. Malfoy nos alertou sobre algumas presenças indesejadas na nossa cidade e resolvi aproveitar o fato de todos vocês já estarem aqui reunidos, para repassar a importante missão de capturá-los e expulsá-los da cidade. A Srta. McGonagall explicará os detalhes da caçada. Alguma dúvida?

- Sim, senhor. - Harry respondeu - O que exatamente teremos que matar?

Minerva se adiantou ao Príncipe, respondendo por ele:

- Sr. Potter, acredito que sua Majestade deixou bem claro que você terá que capturar e expulsar e não matar.

- Mil perdões. - Harry se inclinou - Foi só um modo de falar.

- Quanto a sua pergunta... - Dumbledore continuou - São vampiros. Não são vampiros fortes, mas são muitos. Não estou decretando uma caçada de sangue (3) por enquanto, portando a proibição de matar continua, a menos que a sobrevivência de vocês esteja em risco. Minerva?

- Sim. - Minerva aproveitou o gancho feito pelo outro e continuou - Vocês se dividirão em duplas e procurarão os vampiros pela cidade. Temos uma lista de locais mais prováveis. Quem capturar um vampiro deve conduzi-lo até aqui. Se por acaso vocês vierem a capturar mais de um, devem escolher apenas um deles e expulsar todos os demais da cidade É tudo.

- Ah, sim... - Minerva pareceu se lembrar de um último detalhe - Lembrem-se: A Máscara (4) deve ser preservada.

Harry sabia que o recado tinha destinatário certo. Apreciava a preocupação da Senescal, apesar de já estar cansado de saber dessas regras. Mas não teve tempo de pensar muito naquilo porque, logo constatou que Draco estava andando na sua direção, com uma cara visivelmente contrariada.

- Você vai fazer dupla comigo. - Ele falou, seco, porém, mantendo uma distância prudente do outro.

Harry ficou por alguns segundos mudo de espanto, mas se recuperou rápido.

- Estou confuso. Ontem você não queria que lhe dirigisse a palavra, e hoje me convida pra fazer par com você? - e adicionou num tom especialmente cínico - Arrependido?

- Claro que não! - Draco reagiu imediatamente - Não estou fazendo isso porque quero, se é o que quer saber.

- Ora, se é assim, podemos resolver o assunto fácil. Eu faço par com Ron e você vai pro inferno. - Harry sorriu como se falasse alguma amenidade.

- Não se atreva a falar desse jeito! - Draco esticou o corpo - Eu estou dizendo que você vai fazer dupla comigo e você vai fazer dupla comigo. Ponto final. Além do mais, precisamos de alguém maluco o suficiente pra querer ficar perto daquela Caitiff asquerosa amiga de vocês.

- Sinceramente, Draco. Às vezes eu penso que você está condenado a ser você talvez por mais algumas centenas de anos e fico com uma certa pena, sabe?

- Seu desgraça...

- Ok, se você insiste tanto em fazer dupla comigo, então eu satisfarei esse seu desejo. - Harry o interrompeu antes que Draco tivesse a oportunidade de colocar pra fora da raiva que aquele seu comentário tinha lhe causado - Além do mais, pelo jeito que Ron está pendurado no braço da Mione, acho que ele já escolheu um par...
Sirius andou irritado pela floresta fechada, seus pensamentos completamente voltados para a discussão de minutos atrás. Não conseguia entender porquê Remus conseguia ser tão teimoso com aquele papo absurdo de tribo e mesma alma! Aquilo era ridículo, será que ele não via uma coisa tão óbvia! Os lobos pulguentos tinham chutado o idiota pra fora e ele ainda levantava a voz pra defendê-los daquele jeito?

De jeito nenhum Sirius entenderia isso. Por mais belas que fossem as justificativas, não havia a menor possibilidade de haver alguma lógica naquela forma de pensar. Remus estava sendo ingênuo. Nada mais.

Bem, tanto melhor. Pelo menos ele poderia sair pra caçar e teria uma noite de folga da carótida ameaçadora do lupino. Sirius concluiu, procurando afastar a imagem mental do pescoço de Remus antes de transformar-se em cão, dando um adeus mental ao assunto assim que começou a correr.

Cheirando o ar, procurou pela presença de algum animal maior do que um esquilo do qual pudesse se alimentar, enquanto se afastava rapidamente do refúgio onde ficara aprisionado nas últimas semanas. O Gangrel apreciou o sabor do vento batendo cada vez mais forte em seu rosto à medida que aumentava a velocidade, procurando afastar-se o máximo possível de qualquer coisa que lembrasse a cheiro de lobo.

Nada de cheiro de lobo. Nada de sangue de lobo. Sem lobos. Sirius estava francamente farto deles. Bem, talvez a palavra farto não fosse a mais apropriada... Mas definitivamente não queria saber de lobos.

Depois de alguns minutos de corrida, Sirius finalmente encontrou um refúgio em que alguns cervos adormeciam, sem a menor idéia do perigo que os espreitava. Voltou a sua forma humana e pulou em cima de alguns deles antes que pudessem fazer qualquer coisa pra se defender, sugando com ansiedade e desgosto até ficar cheio, mas nada satisfeito. Apesar de já estar mais do que acostumado a se alimentar de sangue de animais durante a suas viagens, de jeito nenhum Sirius poderia dizer que eles eram saborosos.

Saboroso era o sangue humano.

Saboroso de verdade era o sangue lupino.

Não! Sem lobos! Nada de lobos.

Sirius limpou o sangue do rosto com o braço, dando sua caçada por encerrada. Mas quando estava pronto para se transformar em cão novamente, ouviu um estalo, seguido por um salto ágil e, segundos depois, seu corpo se retraía frente a ameaça de cinco garras bem afiadas encostadas no seu pescoço.

- Por que você voltou, seu desgraçado? - Uma voz feminina se fez ouvir no segundo seguinte - Você não acha que atrapalhou a vida dele o suficiente? Quer vê-lo morto, é isso?

- Você é maluca? - Sirius grunhiu - Não sei quem é você e nem de quem diabos está falando!

- Eu imaginava que não soubesse! Eu imaginava que você esquecesse completamente tudo que ele fez por você assim que saísse daqui! Não há como esperar outra coisa de uma criatura da Wyrm como você.

- Corte esse papo de Wyrm, ok? Eu já tive o suficiente disso por hoje. Se eu estou dizendo que eu não sei do quê você está falando é porque não sei! - as garras de Sirius cresceram e ele as utilizou para afastar-se do abraço letal de sua oponente.

O que viu ao retroceder alguns passos foi uma moça aparentemente normal, de cabelos castanhos curtos, espetados e olhos predadores. Ela grunhiu ameaçadoramente pra ele, que fez questão de mostrar-lhe suas presas.

- Suma logo desse lugar! - a mulher sentenciou - Não o atormente mais, senão eu juro que estraçalho você!

Era só o que faltava. Uma lupina ensandecida lhe fazendo ameaças.

- Se está falando de Lupin, eu realmente acho que você não tem a menor moral pra vir aqui defendê-lo. Você e todos os seus amiguinhos pulguentos!

A mulher-loba grunhiu.

- Você não sabe o que está dizendo!

- Mas é claro que sei! Ele me contou que vocês e suas leis malucas o deixaram isolado durante mais de dez anos! E você quer me dizer agora que eu o atormento!

- Oh, e ele também não te contou por quê foi condenado ao ostracismo!

- Ele ajudou um vampiro! E daí?

- Ele se apaixonou por um vampiro. - a voz dela ficou particularmente mais amarga ao corrigi-lo.

Sirius sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo de uma forma tão violenta que era como se ele tivesse voltado a ser um humano comum por alguns segundos. Mas antes que ele pudesse perguntar alguma coisa, ouviu o barulho de passos quadrúpedes se aproximando e pelo cheiro, adivinhou imediatamente de quem se tratava. E pelo que parecia sua oponente também sabia quem era, porque no instante seguinte já se transformara numa bela loba branca, desaparecendo dali segundos antes de Remus aparecer, também na forma lupina.

Sirius esperou pacientemente que o outro se transformasse de novo em humano.

- Você está bem? - Remus perguntou, disfarçando uma ponta de preocupação que não passou despercebida.

- Estou. - Sirius respondeu, taciturno, lembrando-se de fazer com que sua mão metamorfa voltasse ao normal antes de olhar na direção onde a lupina tinha desaparecido - Você conhece ela eu presumo?

- Oh, sim... Aquela é Tonks. - Remus respondeu, parecendo um pouco saudoso - Ela é poderosa, você tem sorte de estar vivo.

- Ela não veio me atacar. - Sirius respondeu, uma sombra negra cobria os seus olhos - Pelo menos não fisicamente...

Continua...
(1) Lasombra - É o clã de Snape. Pertencente ao Sabá, esse clã tem como disciplina principal a Tenebrosidade, que é o poder sobre as sombras e a escuridão. Considerados as principais figuras do Sabá, os membros desse clã normalmente são de origem nobre. Uma particularidade interessante é que vampiros desse clã não têm reflexo.

(2) Lembrando aos esquecidos, a Senescal é a Minerva., pessoa com o posto mais elevado na Camarilla depois do Príncipe.

(3) Caçada de Sangue - Consiste numa permissão especial dada pelo Príncipe para caçar e matar um determinado vampiro, normalmente um transgressor.

(4) Máscara - é o véu que encobre o mundo vampírico, impedindo que os humanos saibam de sua existência. Preservar a Máscara, evitando atitudes que chamem atenção para os vampiros, como por exemplo usar uma disciplina em público, é uma regra essencial. Quebra-la é motivo pra que uma Caçada de Sangue seja decretada contra o infrator.

[sirius*remus], [harry potter], [draco*harry], [au], [yaoi], [vampiro], [lobisomem], [hiyama], [30 fics: hiyama], [hirenkoi]

Previous post Next post
Up