Algo de culto no meio de tanta nonsense

Mar 09, 2008 23:36


Um trecho do texto do Arnaldo Jabor, chamado " Quando nossos dias melhores virão?". Alguma coisa que deu para salvar da minha aula de História dos Meios de Comunicação. (Y)

Nós, em 42, éramos carentes de alguma coisa que desconhecíamos, aliás, como hoje, pois continuamos "anestesiados mas sem cirurgia", como bem definiu o grande Mário Henrique Simonsen, um dos poucos seres pensantes de nossa História. Olhando nosso passado, vemos como somos atrasados no presente. A recessão americana foi um trauma que passou, mas o subdesenvolvimento não passa, persiste como uma anemia parada no tempo. Nos filmes brasileiros antigos parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.

Por que não avançamos do atraso para uma modernização que não chega nunca? Quando nossos dias melhores virão? Durante o governo de FHC, estávamos nas portas de uma modernização político-econômica, prontos para uma revolução administrativa e conceitual, mas chegaram populistas boçais e bolchevistas tardios que, numa aliança louca com a velha direita patrimonialista, seguraram a transformação e voltaram a adorar o bezerro de ouro do Estado.

E assim vamos. Acabamos de ver, perplexos, o rabo da lagartixa do atraso se recompondo, a volta de todos os canalhas denunciados nos escândalos, a retomada de todos os vícios da legislatura passada, sob a arrogância populista do presidente negando o óbvio - que a Previdência não tem déficit e poderá gastar sem cortes. Como disse Dora Kramer, "Lula será elogiado pelos acertos que não fez (Plano Real) e não será cobrado pelos erros que vai fazer agora, que serão empurrados para seu sucessor". Não adianta; povo ignorante e intelectuais idiotas não entendem que o Estado não é a solução; é o problema. Ninguém entende que o Estado não é a cura, mas a doença. Um país clamando por modernidade vive dramaticamente preso a um imaginário político arcaico e ridículo.

O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo. Temos de funcionar, não de viver. Estamos cada vez mais em trânsito. Somos carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa. Assistimos a chacinas diárias entre chips e websites.

Só nos resta viver nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo brega, nessa desinformação, nessas notícias brutais e irrelevantes, nessa reclamação vaga, sem cultura, sem união para protestos e lutas, sem desejos claros a serem vocalizados. Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas ser subdesenvolvido não é "não ter" futuro; é nunca estar no presente.
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