"More Statements In The Spirit Of Militant Agnosticism" (Michael Biberstein na Cristina Guerra)

Oct 22, 2008 03:34




Há uma luz universal que atravessa  qualquer obra de Michael Biberstein. A mesma luz que podemos encontrar diluída no sfumato de Mona Lisa ou, se não quisermos acordar o olho preguiçoso, na incandescência absurda de Turner. Todas elas são, sem excepção e cada uma à sua maneira, mentirosas. É disso que a arte se trata - um espelho distorcido da realidade em que fingimos acreditar. No entanto, a luz que hoje está à nossa frente é assumidamente irreal, desafiando as limitações da retina, numa viagem que começa exactamente aí para acabar nos confins da imaginação. A partir daí, as manchas de cor esbatida do artista suiço - que se fixou no Alandroal (Alentejo) há mais de trinta anos - assumem uma dimensão espiritual e especulativa, obrigando-nos a idealizar uma espécie de realismo mental. É uma luz que nos invade a mente, exercendo uma estranha sensação de relaxamento, e nos leva a questionar se não existirá algo para além disto - da vida e da própria pintura (Biberstein chama-lhes pinturas "psico-fisiológicas). É, no fundo, um trabalho que se suporta nas grandes tradições da pintura, seja através da cor ou do traço diluído, embora atinja uma dimensão metafísica que raramente vemos nos seus antecessores. 
Em "More Statements In The Spirit Of Militant Agnosticism", a terceira exposição individual de Michael Biberstein na Galeria Cristina Guerra, em Lisboa, existirá contudo uma ligação à terra completa. Mas, desenganem-se aqueles que pensam que vão encontrar aqui qualquer tipo de redenção. Aqui só há lugar para uma experiência maior. E isso já não é pouco.

Mais informações e imagens aqui.





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