Nas últimas férias, em Colónia, tivemos a oportunidade de visitar a nossa livraria favorita: a
Walther König. São três andares completamente forrados a livros, do chão ao tecto, recheados de novidades e coisas boas. Catálogos, monografias e teorias de arte, design, cinema e arquitectura e mais uma secção de revistas com tudo o que realmente interessa, são razões suficientes para uma visita à livraria, logo a seguir à visita da praxe à Catedral de Colónia. E, a partir de agora, o ex-líbris da cidade até apresenta mais um motivo para ser visitado, com a inaguração do vitral da autoria do Gerhard Richter, no fim do ano passado. Mas... adiante.
Na dita livraria assumimos a postura de profundos desconhecedores, que é afinal aquilo que nós somos se olharmos para o manancial de informação que ali está, e deixamo-nos levar pelas sugestões de quem lá trabalha. Aquele gente respira o assunto, "despacha" os livros quase à mesma velocidade que o folheia, são portanto conselheiros com conhecimento de causa. São, no bom sentido, os téoricos "by the book". E ainda bem. Assim sendo, trouxemos para casa: "Right About Now - Art & Theory Since The 1990s", "Inclinations: Further Writing and Interviews by Stuart Morgan" e... finalmente, o catálogo raisonné do Marcel Duchamp. E para quem não sabe, o dito catálogo tem a obra completa do mestre, desde o primeiro esboço à última obra, com elementos de contextualização, detalhes sobre as fases mais profícuas da sua carreira, tudo, tudo, mas mesmo tudo. Era a obra que nos faltava, depois do ensaio do Octavio Paz, "O Engenheiro do Tempo Perdido" e o livro com a correspondência do Duchamp (Thames & Hudson). Trouxemo-lo por um "preço de amigo", graças ao fascínio que partilhamos pelo Duchamp com o rapaz da loja. Em relação ao primeiro livro, "Right About Now...", é "apenas" uma colectânea de "papers' dos mais reputados téoricos e críticos de arte da actualidade. Está lá o Hal Foster, a Candice Bishop, o Olav Velthuis, Nicolas Bouriaud, etc, etc. É importante para ficar a par do que se passa e, acima de tudo, começar a perceber o que foram os últimos 20 anos nos meandros da arte contemporânea. Depois, a colectânea de textos do Stuart Morgan que, confessamos sem qualquer vergonha, desconhecíamos totalmente. O Stuart Morgan foi um crítico, curador e professor muito conhecido nos anos 90, famoso pelas suas recensões bastante condensadas mas com tudo o que deve ser dito, muito perspicaz. Faleceu aos 54 anos, em 2002, vítima de uma doença degenerativa que lhe afectava a memória, e deixou um legado impressionante - entrevistas e textos sobre Damien Hirst, Francis Bacon, Chris Ofilli, Richard Prince, Jeff Koons ou Matthew Barney são apenas parte da herança. Qualquer um dos livros está à venda na internet, mas o catálogo raisonné do Duchamp já é mais difícil, claro...
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