mais pra uma tarde qualquer do que qualquer outra tarde

Dec 24, 2006 17:56

Chamaram-me pela janela de meu quarto. Ficamos os três conversando um pouco na porta da frente avistando o jardim, ela terminava o cigarro e ele perguntava-me onde estavam todos. Expliquei-lhe que já haviamos almoçado, ele não entendia ao certo por que não o chamamos.
Faziam pequenas mudanças em seus planos para que pudessem em algum momento encontrarem-se com o resto da família.
A verdade é que ninguém mais já liga muito - ou melhor, ninguém mais inssiste que as magoas sejam resolvidas. Todos estão cansados demais e preferem apenas ignorarem-se ou cortarem-se para que possam viver debaixo do mesmo teto.
Não haverá árvore esse ano. Não haverá presentes debaixo dela ou a costumeira reunião após a janta para fazermos absolutamente nada. Talvez isso até aconteça, mas o ponto é que o não-acontecimento destas coisas não me afeta muito. É lógico, é esperado, e prefiro na verdade que o que acontecer nessa noite estúpida seja por vontade e sinceridade de todos e não pela obrigação de celebrar qualquer coisa que o resto do mundo esteja celebrando.
Eu me sinto estranhamente alheia a todas as datas comemorativas e sem energia alguma para qualquer delas.
Estranhamente também não sei ao lado de quem gostaria de estar (em um sentido muito mais amplo até), e nem o que gostaria de estar fazendo.
Tem um filme passando, chuva no jardim e meu corpo não está respirando por si só, de novo.
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