Apr 02, 2008 17:49
Num filme do Woody Allen chamado Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, o personagem diz que ama tanto a namorada que I love you não é suficiente. Fala então I loRve you, como se precisasse de mais consoantes para dar o atrito amoroso que love - liso, leve - não tem.
Amor é mais legal que love. Termina com esse erre triunfal. Os outros estados brasileiros que me desculpem, mas o amor com sotaque deles não é tão intenso quanto o paulista ou o gaúcho, que dizem amorrrrr com a língua tremendo no céu da boca, que nem o coração apaixonado a debater-se dentro do peito.
Um milhão de erres, no entanto, não dariam conta de expressar essa agonia deliciosa que é amar. Por isso, acho que as maneiras mais bonitas e verdadeiras de se dizer eu te amo não são com letras.
Se ele deixa de ir jogar futebol com os amigos pra te ver, num domingo, isso é "eu te amo". Se ele pega sua mão no cinema, é "eu te amo". Se ele fica ao seu lado, te olhando, está dizendo que te ama. Se ele fala "desliga você", depois de uma hora no telefone, pode ter certeza: isso é muito mais "eu te amo" do que o "eu te amo" que ele disse logo antes. Se ele fica nervoso achando que suas amigas e seus amigos não vão gostar dele é porque te ama, se ele foge dos seus pais, não duvide, te ama. Se ele não consegue dizer que te ama, é porque te ama.
Mais do que em qualquer ação ou frase, o amor pode ser visto nos olhos da outra pessoa. Se houver aquele brilho tão característico, não importa se ele diga "passa o sal" ou "a raiz quadrada de 49 é 7". Você saberá que, na verdade, tudo aquilo é uma coisa só: eu te amo.
Revista Capricho, edição 1039.
love,
antonio prata,
capricho