Homesick.

Mar 13, 2008 18:04

Leio e releio, vejo, revejo e volto a rever minhas coisas que já passaram. Cartas, fotos vídeos, depoimentos, históricos, tudo o que me devolve para aquele tempo, aquele dia, tudo o que me devolve aquele sorriso. Suspiro e, momentaneamente, sou levada àqueles momentos que adorei passar, mesmo que não quisesse o fim deles.
Lembro daquele garoto, da sua chegada um pouco muda, da sua permanência um tanto eterna. Seus sorrisos, a forma como ele se aproximava diariamente, batendo os ombros nos meus e fazendo uma careta, os intervalos em que ele me pedia balas como se fizesse um convite para acompanha-lo ao pedir balas aos outros -- ele sabia que eu não tinha. Nós íamos a todos os lugares juntos, e eu ria ao dizer que ele sempre se vestia de laranja e/ou aquele verde "cor-de-bosta", quando ele xingava o irmão pequeno sem intervalos, das suas histórias que nunca faziam sentido, mas que eu sabia que eram reais. Ria, sem parar, e quando não ria, ele se abaixava e me perguntava, nas proprias palavras "o que estava se sucede". Lembro da minha insistencia em tirar fotos e da forma como ele sempre recusava, o que fez com que nossas unicas fotos ficassem ridículas, sempre rindo ou segurando o riso, e são as minhas preferidas. E aí, ele foi. Arrumou as malas e partiu. Nunca esquecerei de tê-lo encontrado na rua, segurando alguns livros, algumas horas antes de ele ir embora. Eu me aproximei e ele soltou os livros, e nós nos abraçamos, com as lágrimas já escorrendo. Pela primeira vez, eu disse que o amava. Sabia que era tarde e eu perdia meu melhor amigo no mundo, mas eu queria que ele soubesse que importava pra mim. Ele me disse que voltaria, claro que voltaria, em todas as férias. E foi a última vez que eu o vi.
O que eu aprendo todos os dias é que, na nostalgia, não importa se foi ontem ou há anos atrás, a saudade é a mesma. A diferença é o tamanho.

lembrança, vini cilião, amigo, nostalgia

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