Memória seletiva.
Quando parei pra pensar, descobri que toda essa coisa de memória seletiva jamais funcionou direito pra mim. Talvez porque, se funcionasse, eu não lembraria de 70% da minha vida. Não lembro, obviamente, do meu nascimento, que foi o único momento em que a tal da memória seletiva fez seu trabalho, mas, sem querer ser dramática e sendo o mais sincera possível, sinto que sobrecarreguei a seletividade da minha memória. Valorizo e guardo com carinho todos os bons momentos que já tive, mas é inegável que estes perdem feio por tudo o que já me derrubou. Não, eu não sou facilmente derrubada e não, não estou tentando fugir das coisas ruins que já vivi, muito pelo contrário. As vezes gosto de lembrar das minhas decepções e de, principalmente, como passei por elas. Primeiro, porque isso me dá idéias de como passarei pela próxima. Segundo, porque isso me lembra que, um dia, darei uma boa folga para minha memória seletiva. Sei que sim.