(no subject)

Jul 06, 2016 23:16

Quando menos esperava o tapete fugiu-me novamente. Estou de férias e só. Aqui, novamente entre as paredes que sempre me assombraram. As mesmas paredes que insisti em pintar de verde mas que sempre se assemelharam escuras. Carregadas. Estou eu, aqui, agora com um cão... um coração partido e milhões de memórias. Ele, como todos os outros, desistiu. E eu, desisti com ele.

Chorei e choro porque parte de mim morreu. Algures, sei que parte de mim morreu. Talvez esteja a ficar fria, talvez tenha percebido que não vim aqui para ser amada incondicionalmente. Para sofrer, talvez. Para travar duras batalhas, também.

Poderia ter implorado novamente uma oportunidade. Que voltasse, que ficasse, que me amasse. Mas deixo-o ir. Deixo-o cometer o maior erro da vida dele. Deixo-o ser feliz sem mim, e aprendo a ser feliz sem ele. A cada dia, aprendo a amar-me um bocadinho mais. A sorrir mesmo quando as lágrimas me pesam ou a ausência dele acena. Quando me deito nesta cama vazia e o cão me acompanha no sono que insiste em não aparecer.

Tenho saudades de nós os três. Das pequenas coisas. Dos detalhes. Até dos que me enervavam. Até dos que me saturavam. Tenho saudades. É certo que me custa. Mas custaria muito mais viver ao lado de um homem que não me valorizava. Que não me apreciava enquanto pessoa, enquanto mulher, enquanto companheira e amante.

Vou-me reconstruindo aos poucos. Apreciando a solidão. Aprenciando o amor e o carinho dos que me rodeiam. Aprenciando o sol com que o Verão nos brinda. Aceitando as minhas potencialidades e as minhas falhas. Reconsiderando as minhas escolhas e os meus projectos e sonhos para o futuro.

Voltar a casa da minha mãe não é fácil. Num futuro, espero que muito breve, quero arranjar a minha casa. Talvez mudar de sítio onde trabalho. De rotina, de pessoas, de novas oportunidades e novos desafios. Neste momento pondero muita coisa. Mas sinto, sinto muito, mais do que nunca, que primeiro eu. Primeiro eu. E nunca disse isto tão convicta.

Lamento que tenha tudo falhado. Envergonho-me até. Mas sei que faz parte. E quero acreditar que melhores dias virão.

Tenho o João. Ah, solteira sim, sozinha nunca. O João é um miúdo. Vidrado em mim. Não considero que tenha qualquer futuro com ele. Deixo as coisas fluirem. É bom estar com ele e vou usufruir nesse sentido. Se resultar, vai andando. Se não resultar, acaba-se.

O importante sou eu. O importante é estar bem.

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