Mais fanfic... só que não é mais de YuYu! ^_~

Feb 02, 2004 18:54


hehehe... É uma fic de Gundam Wing!!! ^____^ *drika feliz por rever seus pilotos queridos*

Eu não sei se já tinha postado essa fic em algum lugar... acho que não... mas fazia tempo que a pobrezinha estava ignorada no meu hd... e eu resolvi dar uma revisada nela também. Deve ser moda minha agora... tô revisando tudo. ^^"

Espero que gostem! ^______^



Título: Caçador - cap 1

Autora: Umi no Kitsune (driadurens@hotmail.com)

Disclaimer: Gundam Wing e suas personagens são propriedade de alguém muito importante e com muito dinheiro, que não sou eu.

Avisos: Yaoi. E um aviso seríssimo... essa fic pode até parecer que é favorável a Relena... mas, se você prestar atenção, ela não é. Se você gostou da fic e a quer em seu site, por favor, peça permissão.

Quase um ano. O dia seguinte marcaria um ano que Heero desaparecera de sua vida sem deixar sinal nenhum, sem rastros, sem pistas, sem... nada. Como era difícil viver sem ele. Pois um vazio enorme ficou no lugar, um vazio que parecia engolir toda a sua vontade de viver, de continuar sem ele.

Daria tudo para vê-lo novamente. Claro, todos diziam que ele estava morto, que o melhor era esquecê-lo e seguir em frente. Mas ninguém também encontrou o corpo dele... então... a esperança ficou, para lhe fazer companhia, junto com o vazio deixado por Heero.

E foi justamente a esperança, tão amiga nas horas mais difíceis, que fez brotar essa idéia em sua cabeça. Heero simplesmente poderia ter forjado sua própria morte e, sim, afinal ele tem o direito, fugido para ficar sozinho. Alguém deveria saber onde ele estava. Seria impossível que ele tivesse enganado a todos e simplesmente desaparecido sem mais nem menos. Alguém deveria saber onde ele estava, pelo menos, uma pessoa deveria saber.

De todas as pessoas, apenas os outros pilotos de Gundam eram os prováveis abençoados em saber onde Heero estaria. E foi atrás deles que Relena se encaminhou, pessoalmente.

O primeiro foi Quatre. Relena mantinha um contato razoável com o árabe, já que ele era uma presença constante nas reuniões de apoio às comunidades e colônias mais devastadas pela guerra. Sempre participava com grandes contribuições, tanto em dinheiro como em projetos. Apesar disso, os dois não eram amigos chegados, apenas conhecidos com algo em comum. Óbvio que esse algo em comum era Heero, que, infelizmente, Quatre não sabia nada a respeito.

O segundo foi Trowa. Inesperadamente, para Relena, ele foi facilmente encontrado graças ao próprio Quatre, pois eram namorados. Difícil descrever como foi a reação da jovem mulher. Ela mesma não sabia ainda o que pensar sobre o assunto, mas ficou satisfeita com o seu comportamento diante dos dois. Na verdade, Relena nunca vira ou conhecera um homossexual e, que coisa, logo de cara não viu apenas um, mas dois, um casal. Namorados. Isso a pegou desprevenida, mais ainda com a própria atitude depois da descoberta. Ela ficou contente em ver os dois juntos e felizes e mentalmente desejou que o mesmo pudesse ocorrer com ela e Heero. Claro que Trowa também não sabia nada sobre Heero.

Relena tentou achar então Duo, Duo Maxwell. Pelo o que informaram, o americano foi o piloto mais chegado a Heero, quem sabe até eram amigos, se bem que seria dizer demais já que Heero não tinha amigos. Para a infelicidade de Relena, Duo não foi encontrado em nenhum lugar. Não estava em L2, sua colônia natal, nem na Terra ou em outra colônia qualquer. Simplesmente desaparecera, mas não como Heero, porque Quatre mesmo afirmou que de tempos em tempos ele e Duo se encontravam para contar as novidades. Desistindo, mas não totalmente, Relena partiu em busca do último piloto.

Chang Wufei. Nada de mais para Relena achá-lo, pois este trabalhava como preventer e em várias ocasiões já cuidara da segurança pessoal dela. Como Quatre e Trowa, ele nada sabia de Heero e, de novo como Quatre e Trowa, aconselhou-a a procurar Duo. Solícito, o ex-piloto até ofereceu-se para procurar por Heero, mas Relena recusou a oferta, agradecendo e dizendo que ela preferia fazê-lo por si mesma.

Mais fácil falar que agir, Relena sentou-se devagar em um banco, no meio de uma praça. Suas pernas estavam doloridas e ela sentia-se cansada e um pouco suja depois de um dia inteiro de caminhada atrás de Duo. Que coisa... ir atrás de um homem para achar outro.

"Se eu me cansar demais ficarei satisfeita com esse Duo Maxwell mesmo...", ela disse rindo do próprio pensamento, "Se eu o achar, claro..."

Estava em L2 de novo. Procuraria até nos mais escondidos lugares, mas acharia Duo. Afinal, ele era, no momento, a linha que segurava sua esperança já que esta ameaçava voar para longe, talvez por vergonha de ter proposto uma idéia tão louca como a de procurar os ex-pilotos.

Um grito de criança cortou os pensamentos de Relena e ela voltou a realidade, que a assustou terrivelmente ao ver uma massa amarela passar lentamente em frente ao seu rosto. Relena piscou e percebeu que era apenas uma bexiga voando livre. Uma criança corria na sua direção, chorando em desespero.

Erguendo o braço delicadamente, a governante da Terra alcançou a linha e se levantou, entregando a bexiga amarela de volta para a criança.

"Pronto, não precisa chorar...", ela disse sorrindo enquanto limpava as lágrimas do rosto redondo e vermelho de choro.

"Como é que se diz, Mina?", uma voz profunda apareceu por detrás da menina, que respondeu prontamente.

"Obrigado."

"Não, não, não. Obrigada.", a voz disse de novo, mais próxima. "Você é uma dama, uma linda dama que deve falar obrigada e não obrigado."

Relena levantou o rosto e prendeu a respiração. Imediatamente ela fechou seus dedos com força contra o envelope que trazia debaixo do braço, provavelmente amassando os papéis e as fotos.

"Obrigada!", a menina disse, mais feliz dessa vez, "Menino diz obrigado, menina diz obrigada. Obrigada!"

Saindo de seu transe, Relena voltou a olhar a menina e sorriu, "Puxa, que senhorita inteligente. Muito bem... de nada, foi um prazer ver o seu sorriso."

"Oooobrigada!", a menina disse novamente, sacudindo a bexiga e correndo de volta para o parque.

Então os dois ficaram. Relena e Duo.

"Espero que a minha memória não esteja me tramando uma peça e que eu não cometa uma gafe agora, mas... É um prazer revê-la, Relena.", Duo disse sorrindo e estendendo a mão.

Rapidamente, Relena apertou a mão oferecida e sorriu, "Bom, então somos dois que desconfiamos da nossa memória, pois é um prazer revê-lo também, Duo."

"Oh, puxa! Que bom!", ele disse suspirando, mostrando-se aliviado, "Juro que por um momento pensei que fosse apenas alguém muito parecido com você."

"Felizmente, não. Na verdade, eu esperava por esse encontro. Além da verdade, eu estava rezando para esse encontro acontecer."

"Mesmo? Aconteceu alguma coisa?", o americano perguntou preocupado.

"Não, tudo está bem. É que eu...", Relena, de repente, sentiu-se muito cansada e repetir a mesma história pela quarta vez não era o que ela tinha em mente para um final de dia tão longo, "Seria muita indelicadeza pedir que me leve para um lugar mais calmo? Eu estou muito cansada e preciso conversar com você, mas...", um idéia cruzou sua mente, "Já sei! Eu estou hospedada no hotel Central, você não quer se encontrar comigo mais tarde, por favor?"

Duo a princípio apenas brincou impacientemente com o final de sua trança, sentindo que algo estava no ar e que ele tinha culpa nisso, se bem que não sabia ao certo se era algo bom ou mal que estava no ar. Mas desconfiar de Relena seria desconfiar de si mesmo. Negar que a jovem tinha um poder de persuasão grande seria loucura, já que milhares de pessoas confiavam nela cegamente... por que Duo se preocuparia? Claro, Heero comentara uma vez ou outra sobre ela, dizendo que ela engana a si mesma com a mesma facilidade que comove os outros, mas... mesmo assim...

"Claro. Eu estou morando em uma casa próxima à Nova Igreja Maxwell. Fica bem próximo ao hotel Central e, se você não se importar, podemos conversar na Igreja."

"Nova Igreja Maxwell... agora eu me lembro. Quatre apresentou um projeto alguns meses atrás em uma das reuniões... era para a construção de uma nova igreja, ao lado do Memorial Maxwell, não estou certa? O local do massacre?"

"Sim. Fui eu quem fez o projeto, Quatre contribuiu com o dinheiro... agora existe uma Igreja Maxwell exatamente igual a que foi destruída."

"Você... você virou padre?", Relena perguntou, um pouco incrédula.

"Não! Heheh... não, quê isso. Eu não tenho o direito de ser padre.", Duo respondeu sorrindo tristemente, "Não depois do que eu fiz... durante a minha vida..."

Sentindo-se culpada por ter levantado tal assunto, Relena desculpou-se brevemente e despediu-se deixando com Duo o número de seu apartamento. Ficou combinado dele ir buscá-la para jantar na Igreja junto com as crianças, assim, depois de comer, poderiam conversar em paz e mais descansados.

"Não deixem as roupas espalhadas! Coloquem tudo na cesta para que seja lavado o mais rápido possível!", Duo gritou do corredor, levando nos braços várias toalhas para as crianças, e depois murmurou baixinho para si mesmo, "Vocês não vão gostar que outras pessoas reparem no seu cheiro..."

"Duo? Oh, deixaram você sozinho cuidando das crianças de novo?", Padre Hamilton exclamou, pegando metade das toalhas.

"Na verdade, padre, eu fiz um acordo com as irmãs. Se elas deixassem eu levar as crianças para o parque eu cuidaria do banho. Então... aqui estou, pagando pelos meus pecados.", Duo sorriu tão sapeca quanto uma criança, "E provavelmente irei pagar pela roupa suja também! Parece que eles saíram de uma guerra e o mais incrível era que as bombas eram de lama pura!"

"Obrigado pela ajuda, meu filho, mas não se canse, por favor.", o padre disse em tom de conselho, "Tente viver a sua vida, não fique tão preso a nós."

"Padre, minha vida não poderia ser melhor. Ah, quase que me esqueço!", Duo pendurou as toalhas e foi seguido pelo padre, fazendo o mesmo movimento, enquanto falava, "Posso trazer uma pessoa para jantar conosco hoje?"

"Um amigo seu?"

"Na verdade, é uma mulher. E não é exatamente amiga... eu mal a conheço, apenas sei o básico sobre ela, entende?"

"Não, Duo...", o padre disse rindo, "Eu não sei o que é "saber o básico" de uma pessoa. É amiga de Hilde? Alguém que pretende tornar-se especial?"

"... padre, se estamos falando do mesmo tipo de especial, o meu especial sumiu há muito tempo e parece que não vai voltar e eu também não vou perder meu tempo procurando, afinal sou bom demais para ser desperdiçado.", Duo começou com um tom triste que rapidamente mudou para alegre, acompanhado de um sorriso, "É apenas uma velha conhecida... acho que ela finalmente teve a coragem de fazer o que eu me recuso a fazer."

"E o que é?"

"Desesperar-me.", apesar da resposta, Duo sorria e em nada mostrava a tristeza que o machucava por dentro.

Depois de um longo banho quente e uma rápida cochilada na grande cama do apartamento, Relena sentia-se renovada. Sua roupa estava limpa, seu cabelo estava solto e seco, sua pele estava fresca e muito mais leve. Alguns minutos de preguiça e espreguiça trouxeram nova força e vitalidade.

Relena escolheu um modelo de roupa simples, apenas um vestido rosa claro, nem justo, nem folgado, com mangas curtas e decote discreto, a barra chegando logo acima dos joelhos. Um tênis branco, com meias três/quartos de algodão também brancas. E nos cabelos uma presilha dourada de cada lado, prendendo as mechas de cabelo laterais.

Isso seria mais do que perfeito para um jantar em uma Igreja rodeada de crianças. Não era desconfortável e não chamava a atenção, tudo o que Relena queria. Até deixaria seus guarda-costas livres hoje à noite, afinal, ao lado de um ex-piloto de Gundam, não haveria com o que se preocupar. Ao dar uma última olhada no espelho, o telefone tocou informando a chegada de Duo.

Saindo do elevador e descendo os cinco pequenos degraus que separavam o salão de entrada da recepção, Relena reparou pela primeira vez em Duo Maxwell. Sim, já tinha reparado nele antes. Quem não repararia em um adolescente vestido de padre, com uma trança que alcançava o quadril e com olhos cor de violeta tão expressivos? Bem, ela reparou. E achou interessante o que viu, mas não tanto quanto Heero. Apenas mais um menino bonito que cruzou sua vida.

Mas agora, ela reparava em um Duo Maxwell de dezoito anos, quase dezenove, segundo informações que lhe foram passadas. A trança não crescera muito, apenas um pouco mais abaixo do quadril, os olhos continuavam os mesmos, o sorriso era o mesmo. O corpo sim, estava maior e mais robusto, o rosto em geral mais adulto e as roupas... escuras, mas não era só preto, pelo menos, e nem de padre.

Os dois trocaram sorrisos e cumprimentos, Duo apresentou Hilde, que estava com ele, e saíram andando juntos até a igreja. Relena reparou que, apesar de ser o dono do projeto da construção da Nova Igreja Maxwell, Duo não era conhecido na cidade. Quer dizer, era conhecido sim, pelos mendigos e crianças de rua. Durante a curta caminhada, Duo e Hilde convidaram várias pessoas, dizendo que quando quisessem era só passar na Igreja e poderiam comer à vontade.

Ao contrário de Relena. Quem a reconheceu foram as pessoas que passeavam pelas ruas, não as que moravam nela. Mas, apesar desse fato a deixar triste, não exatamente pelo não-reconhecimento, mas por haver ainda desabrigados e mendigos, Relena se pegou sorrindo ao lado de Hilde enquanto escutava uma conversa entre Duo e uma criança, cada um contando uma coisa mais absurda que a outra.

Chegaram a Igreja, acompanhados de mais dez pessoas. Todos foram acomodados nas mesas compridas que estavam montadas no jardim de trás da Igreja e, quem não conseguiu lugar pôde ficar para comer, pelo menos.

Relena, Hilde e Duo ficaram entre as duas Irmãs, Matilde e Maria, e as crianças. O padre, em uma ponta da mesa principal, pediu que todos se levantassem e fez uma pequena oração de agradecimento pela refeição. Apesar de prestar atenção às palavras do padre, Relena abriu um olho e espiou Duo. Ficou surpresa ao vê-lo de olhos abertos, olhando para nada em especial, como se apenas esperasse a formalidade acabar. Dito e feito, enquanto todos diziam "Amém.", Duo não disse nada, apenas suspirou e sorriu quando os vários pares de olhos se abriram.

O jantar transcorreu animado e foi mais longo do que Relena imaginou. Talvez porque houvesse sempre uma conversa, que, apesar da maioria lá estar faminta, parecia mais importante que a comida. Vinte e uma horas, Duo levantou-se e guiou, junto com as irmãs, as crianças para dormir, sob protesto destas, claro.

"Mas, Duo...", vozinhas choronas em uníssono disseram implorando.

"Sem mas! Eu já estou mal com a Irmã Matilde porque pedi que deixasse vocês ficarem até às nove, então, se não querem me ver em uma cruz, vão dormir!", Duo disse fazendo cara de bravo, depois se virou para Relena que ainda estava sentada, "Você tem certeza que não quer vir comigo?"

"Eu entendo a sua preocupação, Duo, e agradeço, mas estou bem. Vou terminar de comer e te esperar aqui mesmo.", Relena sorriu para reforçar o que disse.

"Eu também vou ficar; farei companhia pra você.", Hilde disse enquanto servia salada de fruta para os mendigos.

"Ok, então. Eu só vou por os projetos de demônio pra dormir e já volto."

"Eu ouvi isso...", uma das crianças disse sorrindo agarrando-se nas pernas de Duo, "Vou contar pra Irmã Matilde que você me chamou de projeto de demônio! Você vai ser crucificado!"

"Vamos ver quem vai ser crucificado se Irmã Matilde descobrir um demoniozinho ainda acordado!"

Relena ficou sorrindo, achando graça do modo como Duo andava com o menino grudado em sua perna.

"Ele é um palhaço, não?", Hilde perguntou chamando a atenção de Relena.

"Sim. Ele consegue cativar todo mundo com um pouco de conversa e alguns sorrisos.", Relena disse aceitando uma taça de sobremesa que Hilde oferecera.

"Vocês não são amigos, não é mesmo?", a morena perguntou um pouco encabulada, "Desculpe falar desse jeito, mas é que ele nunca comentou sobre você. E quando ele me disse que Relena, a governante da Terra, iria jantar conosco, eu admito que só acreditei porque sei que ele é incapaz de mentir."

"É... nós não somos exatamente amigos. Apenas temos uma pessoa em comum..."

"Ah... entendendo. Mas vocês podem se dar muito bem, sabe? Se quiserem podem ser bom amigos.", Hilde terminou de falar e disse rindo, "Na verdade, é muito difícil alguém não gostar do Duo. E o pior é que o danado sabe disso e se aproveita!"

As duas riram juntas do comentário e depois ficaram em silêncio, Hilde terminando de servir as pessoas, sentou-se ao lado de Relena, com uma taça de salada de frutas para si mesma.

"Eu notei, durante a oração, você olhando para Duo.", Relena ficou vermelha, "É bom que você saiba que, mesmo quase vivendo e trabalhando nessa Igreja, Duo não é católico. Aliás... ele não tem uma religião definida. Não que ele não acredite em nada, ele acredita em alguma coisa, mas essa coisa não é Deus.", Hilde falava séria mas Relena percebeu que ela só estava falando como um aviso de precaução, nada intimidador, "Eu só não quero que você pense mal dele. Duo respeita todas as pessoas e religiões, mas também espera que seja respeitado e o que pensa não seja questionado ou vire alvo de preconceitos."

"Oh, não. Eu apenas me espantei um pouco, mas a fé dele não me interessa. Ao contrário, acho que se uma pessoa é feliz e faz o bem, não importa a sua religião, ela já tem o meu respeito."

"Eu penso o mesmo.", Duo falou, se aproximando das duas e pegando o final da conversa.

"Bom, acho que eu vou começar a arrumar as coisas.", Hilde disse se levantando e recolhendo os pratos e lixo da mesa, "Vocês podem conversar tranqüilos, eu e os outros cuidamos de tudo."

"Obrigado, Hilde.", Duo se virou para Relena, "E então? Vamos para dentro da Igreja, lá está mais calmo."

"Hei, Duo!", uma voz estranha chamou. "Quando terminarmos aqui vamos para o La Barca?"

Era um dos voluntários, como Duo e Hilde. Um rapaz de mais ou menos vinte anos, de boa aparência, que estava arrumando o local.

"Hoje não vai dar, Carl. Deixa pra próxima!"

"Pô, cara! Hoje vai estar lotado, é sexta-feira! A sua garota pode vir junto!", Carl insistiu apontando para Relena.

"Se minha garota existisse ela poderia ir junto, mas minha amiga aqui e eu temos assuntos importantes que são mais interessantes que você e o La Barca!", Duo gritou de volta rindo do embaraço do amigo.

"Foi mal aí. Boa noite pra vocês, então.", Carl disse e depois se virou ainda gritando, "Hei, Hilde, quer ir no La Barca depois da limpeza? Matt vai estar lá!"

"Pois então eu vou, só pra dizer pela décima vez que eu não quero mais saber dele!", Hilde provocou rindo.

"Como você é má, menina!", Carl devolveu, "Direciona essa maldade para algo mais interessante! Deixe Jesus entrar no seu coração!"

"Meus filhos, vocês estão aqui para ajudar ou para impedir que minhas crianças durmam!", Irmã Matilde apareceu brava calando todos.

Duo e Relena entraram na Igreja, escutando os pedidos baixos de desculpa dos voluntários.

"Então, o que queria falar?"

Relena sentou-se de frente para Duo em uma dos longos bancos da Igreja, "Duo... você sabe o que me trouxe até aqui?", ela começou baixinho, prestando atenção no eco de sua voz.

"Acho que sim... é sobre Heero, não é?"

"Você sabe onde ele está?", ela perguntou de repente e depois voltou a falar sem esperar resposta, "Eu não sei como explicar, mas... me recuso a pensar que ele tenha morrido. Eu sei que Heero está vivo, sei que ele deve estar em algum lugar e que... não quer que eu saiba.", ela comentou triste, "Mas eu preciso encontrá-lo, entende? Eu preciso vê-lo mais uma vez, pelo menos."

"Quer que ele a mate?", Duo perguntou sorrindo, Relena percebeu e sorriu também, entendendo que ele só queria aliviar a tristeza do assunto.

"Não...", ela continuou quando as risadas cessaram, "Eu quero dizer que eu o amo. Eu preciso que ele saiba disso."

"... Relena, não acha que ele já sabe disso?", o americano perguntou cauteloso.

"Talvez. Mas mesmo assim, eu quero dizer isso frente a frente. Eu quero dizer exatamente essas palavras... só que não o encontro em lugar algum.", Relena suspirou e disse olhando nos olhos de Duo, "Por isso eu te procurei. Eu sei que você é a pessoa que mais conseguiu se aproximar de Heero, meu informante me disse que talvez sejam amigos..."

"Apesar de amizade ser uma palavra muito forte para o soldado perfeito."

"Sim.", ela concordou, "Mas eu vim até você porque é a única pessoa que Heero poderia querer entrar em contato. Por favor, seja sincero comigo, você sabe onde Heero está?"

"Relena... você sabe como Heero se despediu de mim?", Duo disse desviando o olhar.

"uh... não."

"Ele me nocauteou. Me levou para o mundo da inconsciência e quando acordei ele não estava mais lá, foi salvá-la."

"Oh, me desculpe... eu não sabia.", Relena sentiu-se ficar vermelha.

"Heero não está morto. Eu tenho certeza disso, não é uma suposição minha, é certeza.", Duo disse sério, "Mas ele não me procurou, nem pra explicar porque fez aquilo comigo nem para confirmar que está vivo. Ele simplesmente quis sumir da vida das pessoas que conhecia e fez isso muito bem."

"Entendo...", Relena fez que ia se levantar, mas Duo a segurou.

"Eu preciso te falar outra coisa.", ele disse, mordendo o lábio, como se estivesse indeciso se deveria falar ou não.

Uma pequena esperança renovou-se rapidamente em Relena, e ela perguntou, "O que é?"

"Eu também... amo Heero."

O mundo pareceu dar uma volta completa em volta de Relena, usando uma velocidade altíssima as coisas viraram apenas riscos imprecisos que giravam. E, de repente, tudo parou. Relena estava de volta a Igreja, olhando Duo Maxwell com os olhos arregalados e a boca aberta que tentava dizer alguma coisa, mas a voz se recusava a sair.

"Por favor, não me olhe assim.", Duo pediu, abaixando o rosto.

"... uh... er... oh, meu Deus! Você também ama Heero!", ela exclamou alto, sua declaração ecoando por toda a Igreja. Percebendo sua falta de educação, ela sussurrou, "Você... você é... gay..."

"Isso muda alguma coisa?", Duo a olhou com um pouco de raiva nos olhos, sentindo-se insultado.

Percebendo o que acabara de falar, Relena sacodiu a cabeça dizendo não, só conseguindo falar depois, "Não... eu não quis dizer... É que... você e ele... eu... eu... não sei o que pensar."

"Pois se isso te faz melhor, saiba que nunca aconteceu nada entre nós. Heero me via apenas como um soldado, um aliado. Eu era bem menos que um amigo."

"Mesmo?", Relena não conseguiu disfarçar o alívio na voz, corrigindo-se rapidamente, "Quer dizer... você sempre podia ficar ao lado dele... quando quisesse..."

"É preciso muita coragem para se aproximar de Heero. O máximo que eu consegui foi como piloto, nada mais.", Duo comentou triste.

"Você... você tentou se aproximar dele?", Relena perguntou sentindo seu coração encolher.

"Claro que tentei. Eu o amo... mais até do que eu gostaria."

"Ele sempre... sempre te rejeitou?"

"Sim. Não sei se porque sabia as minhas reais intenções ou porque simplesmente não me queria tão próximo..."

Um silêncio caiu sobre os dois e a calma da Igreja ajudou com que ambos colocassem seus pensamentos em ordem. Então, Relena suspirou e disse baixinho:

"Eu... eu sei como se sente. Ele fazia o mesmo comigo."

Por incrível que pareça, Relena não ficou brava ou insultada com Duo. Ela sentiu foi pena dele, pois sabia exatamente o que ele tinha passado, sabia exatamente como Heero conseguia, com apenas um olhar, partir o coração de quem o amasse.

E foi assim que passaram a noite. Conversando sobre Heero. Não eram dois amigos, eram duas pessoas confessando uma a outra seus sentimentos mais profundos. Relena descobriu a inveja. Sentia inveja de Duo. Ele tinha muito mais histórias para contar, muitos fatos mais marcantes e mais emocionantes com Heero do que ela. Ele viveu ao lado de Heero mais tempo do que ela. Mas alguma coisa fazia com que Relena não sentisse raiva, apenas inveja do americano. Duo disse uma coisa tão bonita: essas coisas de amor são lindas e sufocantes ao mesmo tempo. E ela imaginou que, se tivesse oportunidade, faria de tudo para ter Heero mais tempo ao seu lado.

Relena soube que Duo desistira de Heero, portanto, se ela o achasse, poderia ficar tranqüila, porque seria a única a confessar-se. Mesmo assim, uma competição, que só ela sabia, iniciou-se naquele dia.

Continua...

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