Sim... depois de muito tempo... apresento-lhes novamente minha Fome Youkai. ^___^ Faz tanto tempo, né? Aposto que vocês nem lembram mais que fic é essa... ><" Desculpe pela demora... er... desculpe mesmo, já que... na verdade... er...
Não atualizei nada ainda... ^^" Sabe como é... eu comecei a ler FY desde o primeiro capítulo e, quando percebi, já estava fazendo um monte de correções e modificações morrendo de vergonha por ter postado algo com tantos erros... ><
Tá... eu posso ter exagerado um pouco. ^^ Não foram taaantas modificações assim... mas... enfim. O primeiro capítulo está aqui, para quem se interessar.
Título: Fome Youkai - cap 1: Ningens estúpidos!
Autora: Umi no Kitsune (uminokit@ig.com.br)
Disclaimer: YuYu Hakusho e suas personagens são propriedade de Yoshihiro Togashi.
Avisos: Yaoi. Se você gostou da fic e a quer em seu site, peça permissão.
Indefeso e tolo. A presa, não muito forte, mas também não um fracote. Não tem nome, idade ou sexo. Uma carne suculenta, saborosa. Lembra os velhos tempos. Quando limpava o sangue dos lábios com a língua, sangue da presa. Indefesa, tola, morta. Nunca se importou com os restos, fazia questão de ficar com a melhor parte. Carne, músculos. O estômago já reclamava há algum tempo. Não podia mais suportar, queria comer. Se comesse, se esses pesadelos acabassem... Mas que fome!!!
Hiei sentou-se num pulo, assustado. Suava frio, respirava pesadamente, o estômago doía. Olhou para o lado. Kurama continuava dormindo, tranqüilo. Como será que ele superou isso? Será que ele passou por isso? Não podia mais esperar. Iria acabar machucando sua raposa. Estava decidido: iria comer. Com um único impulso, alcançou o sofá, onde estavam suas roupas. Vestiu-se rapidamente e em menos de dois minutos já estava "passeando" pelas árvores.
Um casal de namorados. Beijavam-se em frente a uma casa. A mulher se despediu e entrou, o homem começou a andar pela calçada, assobiando. Hiei o seguiu. Um vento forte arrastou as folhas caídas no chão, que circundaram o homem, atrapalhando sua visão. Quando ele afastou a última folha, sentiu algo frio em sua barriga. Olhou para baixo e viu o metal brilhante de uma katana atravessando seu corpo. Foi então que percebeu a presença de um garoto a sua frente. Não, parecia um garoto, mas tinha algo nele, talvez seus olhos, adultos, passavam a sensação de... fome! O sangue alcançou a boca e explodiu para fora, manchando a roupa de Hiei, que observou indiferente a agonia do ningen. Os olhos se movimentavam buscando ajuda enquanto os lábios se mexiam em desespero tentando gritar, mas o sangue não permitia, preenchendo toda a garganta e evacuando pela boca.
Hiei retirou a katana e lambeu devagar a lâmina, provando o sabor da caça. Depois pegou-a no colo e sumiu da calçada, deixando apenas uma poça de sangue como suspeita. Em pouco tempo alcançou uma reserva, apenas a lua testemunhando seu pecado. Com alguns movimentos da katana, o homem foi cortado em pedaços, o sangue escoando livremente por novas saídas. Com o cheiro da carne subindo as narinas, Hiei fechou os olhos por um instante, aproveitando o momento. Mas a imagem de Kurama invadiu-lhe a mente; a raposa estava triste, chorando, dizia que não poderia perdoar um ato tão cruel... Uma lágrima caiu e tombou no chão como pérola negra, enquanto Hiei ajoelhava-se entre a carne crua. O que fez? O que ia fazer?
Aquela carne toda na sua frente, a saliva aumentando em sua boca, os dentes rangendo... A imagem de Kurama em sua mente, as lágrimas se acumulando em seus olhos, o coração batendo acelerado... Não tinha outra solução? A quem deveria obedecer?
"Me... perdoe..."
O instinto falou mais alto. Guardar por tanto tempo essa vontade, negar, esconder, de nada adiantou, só aumentou a fome. Bem que ele tentou enganar; comeu coelhos, cachorros, ratos, tantos animais que perdera a conta. Todos crus. Mas apenas a carne humana sustenta um youkai. Apenas aquele sabor, aquela consistência, o sangue vermelho que sacia como nenhuma outra bebida a sede youkai. A fome youkai.
Hiei tornou-se um animal irracional. Abocanhava pedaços grandes e mastigava com gosto sorrindo depois de engolir e voltar a morder, a puxar, a rasgar até arrancar o tanto de carne desejado. Gostava também do sangue; antes de morder sugava-o todo do músculo, depois, com as mãos, bombeava para sair mais e comer a carne molhada.
Saciado olhou a si mesmo. De um lado as tripas, que não lhe faziam gosto, de outro os ossos com alguns restos que não conseguiu aproveitar. Cheirava a sangue. Em volta dos lábios havia uma mancha vermelha seca. As mãos, também vermelhas, lhe lembravam do pecado, com finos traços de rubro sangue coagulado embaixo das unhas. Mãos que na mesma noite proporcionaram carinho e levaram, com muito orgulho, um youko ao êxtase. Agora queria escondê-las, cortá-las fora. Como encararia Kurama? Como esconder?
"Bom dia... acorde pequeno dorminhoco!", Kurama deu um beijo estalado na orelha de Hiei que se arrepiou inteiro, "Vamos! Mas que moleza é essa?"
Hiei virou-se para a raposa, os olhos abatidos e com olheiras profundas, uma dor de cabeça latejando. Kurama estava sentado na beira da cama com uma bandeja no colo. Na bandeja estava o café da manhã: achocolatado com bolachas e doces. Ao ver aquela comida de ningen, Hiei sentiu o estômago revirar e deu um tapa na mão de Kurama, jogando a comida no chão.
"Que merda é essa?!", resmungou enquanto escondia o rosto debaixo das cobertas.
"Hi-Hiei?", Kurama estava pasmo com a reação de seu koorime. Mas o que mais lhe preocupou foi o aspecto dele, "Você não dormiu bem? O que aconteceu...parece que andou chorando!"
Kurama descobrira o rosto do koorime obrigando-o a encará-lo. Hiei desviou-se de seu toque e escondeu-se de novo, resmungando algo inteligível. Kurama não sabia o que fazer. Será que machucou seu koorime na noite passada?
"Hiei... você não quer conversar?", Kurama passou a mão delicadamente por cima das cobertas. No mesmo instante, Hiei virou-se bruscamente encarando-o com raiva.
"Eu não quero ver a sua cara, raposa! Vê se some! Não me enche!"
Kurama perdeu a fala enquanto encarava os olhos vermelhos e duros de Hiei. Duas lágrimas rolaram sem que percebesse, mas Hiei percebeu e sua face se transformou. O koorime fechou com força os olhos e jogou-se no colo de Kurama, abraçando-o pela cintura. Os braços fortes o apertaram sem saber o que fazer.
Ainda não assimilando direito o que estava acontecendo, Kurama levou-se pelos instintos. As mãos acariciaram o cabelo curto e negro; ajeitando-se melhor na cama, o ruivo tentou trazer o rosto do koorime para cima, mas ele não deixou. Hiei não chorava, não parecia estar triste. Estava com raiva... mas de quê? Ou quem?
Esqueceram o tempo. Hiei escondendo o rosto, evitando olhar para Kurama e ser olhado, e este apenas tentando embalá-lo ao sono perdido. Essa foi a única coisa que conseguiu pensar para resolver o problema. Quem sabe quando acordasse, Hiei não quisesse conversar?
O vento gelado uivou ameaçadoramente por entre eles, depois, silêncio. Na subida íngreme, apenas a respiração cansada dos seis rapazes era percebida. Outro vento. Na nevasca não conseguiam ver nem a si mesmos, sabiam apenas que deviam seguir o calor deixado pelo outro à frente. Enma-daio deu uma tarefa muito difícil a seu filho, Koenma. Ele teria que buscar quatro objetos sagrados, guardados na montanha mais alta do Makai, no extremo norte. Só poderia acompanhá-lo o guia, que iria até a metade do caminho, e pessoas que seriam de confiança de Koenma. Rapidamente, Yusuke, Kuwabara, Kurama e Hiei foram chamados para a missão.
Kurama hesitou em aceitar, achava que Hiei não estava psicologicamente preparado para uma nova missão. Andava estressado, não queria falar, quando falava era com brutalidade e grosseria, evitava a todo custo olhar para Kurama e freqüentemente tinha crises onde se agarrava à raposa querendo afogar alguma culpa. Essas crises sempre acabavam na cama, onde Kurama se entregava e Hiei investia, com raiva no começo e carinho e calma no final. Depois o koorime caia num sono profundo que durava um ou dois dias inteiros, somente para acordar mal-humorado de novo. Kurama estava preocupado, queria sair com seu koorime, sim, mas não para uma missão no Makai, onde ele poderia ficar pior!
Hiei queria sair. Queria acabar de uma vez com esse hábito horrível que estava cultivando. Pensou que poderia ficar mais um bom tempo sem carne humana, mas se enganou. Continuou caçando e comendo e se culpando; não agüentava olhar para Kurama, tinha raiva de si mesmo e, principalmente, tinha medo. Medo de machucar sua raposa. Longe de humanos, de qualquer tentação. Assim, no Makai, poderia olhar de novo o fundo dos olhos verdes que tanto amava e que tanto se afastou. Mas, para a sua surpresa, o tal guia era humano.
O guia levou-os até uma caverna no meio do gelo. Acomodaram-se e acenderam uma fogueira. A partir dali ele não poderia mais continuar, iria passar a noite para descansar e de manhã cedo voltaria. Estavam todos, menos Hiei, incomodados com o frio. Foi decidido que dormiriam todos juntos, um esquentando o outro. Hiei em princípio queria rejeitar a "oferta", mas estava preocupado com Kurama e seu corpo humano. O ruivo estava gelado quando Hiei o abraçou por debaixo da grossa manta. Antes de deitar-se teve o cuidado de garantir que a seqüência seria: ele, Kurama, Yusuke, Kuwabara, o guia e Koenma. Não queria admitir, mas precisaria também do calor youkai de Yusuke para aquecer Kurama. E o guia estava entre Kuwabara e Koenma porque... não poderia congelar.
Hiei abraçou Kurama e entrelaçou suas pernas nas dele, afundou o rosto no cabelo ruivo e fechou os olhos.
"Está com frio?", perguntou baixinho.
Kurama se assustou com a inesperada demonstração de carinho, levantou um pouco o rosto tentando vê-lo, mas Hiei virou a cabeça em direção contrária, como sempre, "Um pouco.", respondeu, abaixando o rosto.
Hiei começou um movimento com a mão, nas costas de Kurama, para aquecê-lo mais rápido, "Melhor?"
Kurama mexeu a cabeça em afirmativa e ajeitou-se nos braços do koorime, em poucos minutos estava dormindo. Hiei, ao contrário, não conseguiu dormir. Passou a noite acordado, velando o sono de Kurama. O movimento rítmico de sua mão nas costas da raposa tornou-se um simples carinho.
O medo tornou-se uma constante em sua vida. Essa fome... fome de humanos. Kurama, Shuuichi é um humano! Hiei apertou mais Kurama contra si. Lembrava-se, com ódio de si mesmo, da vontade de comer que sentiu e reprimiu no começo. Do primeiro pesadelo que teve... bebendo o sangue de Kurama, comendo a sua carne humana... era um monstro. Devorava cada pedaço de músculo, lambia cada gota do doce líquido vermelho. O sangue de Kurama era doce...
Quando pegou a cabeça sem corpo, os olhos verdes sem vida, o cabelo ruivo com mais vermelho, mais vida, misturado ao sangue... chorou, gritou seu nome, quis se matar. Com a katana, perfurou o próprio estômago, mas não morreu! Viveria para sempre com a culpa, com o gosto do amante na língua, nos lábios, nas mãos. Acordou assustado, suando frio. Kurama ao seu lado dormia profundamente. Hiei percebeu a mão dele em sua cintura, envolvendo-o, protegendo-o. Como uma criatura bela poderia amar um monstro? Sentindo a respiração mais calma, o koorime voltou-se para o ruivo e o abraçou também. Não teria outro pesadelo, nunca mais machucaria Kurama, nem em sonhos.
Foi com esse pensamento que Hiei manteve-se racionalmente, quando não estava com fome. Quando estava com fome...
Faltava pouco para amanhecer, mas todos já estavam de pé, guardando as mantas e vestindo os casacos. A nevasca parou e apenas ventava. Kurama foi o primeiro a acordar e foi o único a ver Hiei saindo da caverna, enquanto os outros dormiam.
"Aonde você vai?", perguntou, ainda deitado.
"Sair. Não está óbvio?", Hiei nem olhou para trás, apenas continuou andando.
"Sozinho? É muito perigoso; eu vou com você.", Kurama descobriu-se e fez que ia levantar, mas Hiei apareceu em pé, na sua frente.
"Não entendeu, raposa? Eu quero ficar sozinho e não me interessa se vai ser perigoso ou não, apenas não interfira.", rapidamente, o koorime virou as costas e recomeçou a andar.
"Não demore, pelo menos.", a voz de Kurama saiu com um traço de raiva, "E... tome cuidado."
Todos já estavam prontos, apenas esperavam a volta de Hiei. Kurama perdeu a paciência e disse para continuarem, Hiei que os alcançasse depois. Logo, Yusuke, Kurama, Kuwabara e Koenma já desapareciam no meio da neve. O mesmo acontecia com o guia, mas que fazia o caminho de volta.
Enma-daio escolheu humanos para serem os guias da montanha por terem vida curta. Assim, o segredo do caminho não ficaria nas mãos de uma só boca por séculos, dando tempo do guia repensar no seu serviço e oferecer o segredo a estranhos. Os guias humanos não ultrapassavam setenta anos. Por viverem em uma região muito fria, até mesmo para youkais, morriam bem cedo. O atual estava com cinqüenta anos e logo seria substituído. Logo quer dizer daqui a alguns minutos...
Por conhecer bem a região, o homem parou desconfiado de um barulho diferente. Um uivo de vento diferente. Não era um vento normal da montanha, alguém estava fazendo esse vento de uivo estranho. O barulho aumentou, dando voltas em torno do guia, que, assustado, começou a correr. Assustado, quase trombou na figura séria de Hiei parado no meio do caminho.
"Hiei-san?!!? Que bom que apareceu! Tem alguém estranho na montanha, o senhor percebeu?", Hiei apenas balançou a cabeça em negativa, "É só prestar atenção no ven--"
O homem ia continuar a frase, mas as palavras sumiram quando percebeu que tanto o vento quanto o uivo pararam, justamente quando Hiei apareceu na sua frente. Os olhos do guia se arregalaram de medo ao ver o koorime desembainhando a katana e apontando-a em sua direção. Antes que a cabeça alcançasse o chão, o sangue que saiu dela foi deixando um rastro rubro na neve branca. O corpo caiu pesadamente afundando na neve já pintada de sangue.
Hiei sorriu. Teria que agradecer Kuwabara e Koenma por não deixar que sua comida congelasse. Graças ao calor dos dois durante a noite, iria comer carne fresca agora. Hiei largou a katana e sentou o corpo sem vida na neve. Com um golpe queimou todo o pescoço, na região do corte, para que o sangue quente não saísse tão rapidamente. Depois, aos poucos, foi cortando, e em seguida comendo, pedaço por pedaço, deixando o resto do corpo vestido e queimando os cortes, evitando uma saída brusca do sangue, até que não foi possível aproveitar mais nada; a carne estava tão gelada que perdera o gosto.
"AAAAAHHHHHH!!!!!"
Todos voltaram-se na direção do grito de Kuwabara. Ele estava caído no meio da neve, assustado com a chegada inesperada de Hiei que, ignorando o tombo do amigo, começou a andar na direção de Kurama, o primeiro na fila.
"Ô, Kuwabara! Que negócio é esse? Quer nos matar de susto?", Koenma ralhou saindo de trás de Yusuke que não parava de dar risada.
"Êta missãozinha besta!", Yusuke falou depois de suspirar, "Não acontece nada, não tem ninguém dumal pra gente dar umas porradas, não? Hein, Koenma?"
"Ninguém te obrigou a vir, portanto não reclama, menino folgado...", Koenma disse, esfregando as mãos contra o frio.
"Eu? Folgado? Tô levando metade da sua bagagem, baixinho metido! Não reclama você!"
Enquanto os outros discutiam, Hiei alcançou Kurama, que não estava com uma cara muito amistosa. Ficou apenas andando ao seu lado, calado, olhando para frente. Estranho... Kurama nem tentou falar com ele, não insistiu em olhá-lo nos olhos, andava como se Hiei nem estivesse ali.
"Não me esperaram... não me importo, faria o mesmo em situação inversa."
Hiei não conseguiu deixar de ser ríspido, era um hábito tão antigo que já se tornara natural. Mas Kurama não reagiu, continuou andando, sem demonstrar nenhuma alteração na face. Hiei incomodou-se com essa atitude e deu um sonoro "Hn", querendo se fazer presente. Kurama não se alterou.
"Resolveu ficar mudo, raposa?", nenhuma resposta, "Ótimo! Finalmente vou andar ao seu lado sem ser obrigado a ouvir as suas besteiras."
Hiei não percebeu, mas os olhos de Kurama se estreitaram em raiva, cheios de lágrimas. De repente, Kurama começou a andar mais rápido, deixando para trás um koorime espantado e confuso. Sem entender nada e bravo pela única reação do youko, Hiei tomou impulso e parou na frente de Kurama.
"Mas o que diabos deu em você agora, raposa?", Hiei perdera a paciência e estava bravo pelo silêncio de Kurama, "Porque não pára com essa idiotice de..."
Hiei se desequilibrou e caiu na neve, tamanha foi a força contida no soco de Kurama. Foi então que, com o olhar atormentado, ele notou uma lágrima escapando dos olhos verdes. Olhos zangados, mas, mais que isso, magoados. Kurama passou a manga do casaco no rosto limpando os olhos. Todos os outros, atrás dele, estavam parados, surpresos, esperando o que iria acontecer depois.
"Você não me permite te questionar, te ouvir, te olhar e... te ajudar.", Kurama falava num tom baixo, calmo e sério, "Eu só quero ter o mesmo direito ao qual você se impôs."
Olhando, não mais nos olhos do koorime, mas para frente, Kurama voltou a andar. Hiei, ainda caído no meio da neve, acompanhou com o rosto a sua passagem. A lateral da face vermelha, com a marca do punho de Kurama, não doía mais que o coração que pulsava com violência, fazendo até mesmo sua roupa vibrar levemente.
Yusuke olhava a cena com espanto em seu pensamento, quando se deu conta que Kurama já estava longe, subindo a montanha e Hiei continuava na neve, olhando para o nada. Dando um longo suspiro, começou a andar, tirando Kuwabara e Koenma de seus próprios devaneios.
"Ô, Yusuke! O que você acha que aconteceu?", Kuwabara perguntou baixinho, seguindo o amigo.
"Não sei. E também não nos interessa. É bom não comentar sobre isso, escutaram?", Yusuke falou em tom ameaçador. Os dois assentiram com a cabeça e recomeçaram a andar.
Ao chegar onde Hiei estava, Yusuke parou e sem voltar o rosto disse:
"Nós vamos andando. Faça o que quiser, não precisa nos acompanhar, apenas junte-se a nós quando chegarmos ao topo, mas se quer sair fora da missão fale agora que eu o aviso depois."
Hiei não respondeu, apenas sumiu no ar. Yusuke continuou a andar, sério.
"Você acha que ele foi embora?", Kuwabara perguntou.
"Com certeza? Não.", Koenma respondeu revirando a chupeta dentro da boca, "Ele ficará por perto, mas não exatamente perto de nós."
Não estava entendendo. O que aconteceu? Quando foi que machucou Kurama? Estava tomando todos os cuidados para que não o machucasse, não o ferisse.
Mas só pensava fisicamente.
Não imaginou que poderia feri-lo de outro modo, no coração. Foi bruto, grosseiro, ríspido, só porque não queria olhá-lo nos olhos... não conseguia. Não achava coragem.
Não merecia ter o amor dele, mas também não conseguia se ver sem ele. Não o merecia, mas precisava dele. De seus olhos, do seu sorriso, do seu carinho, seu corpo e sua voz... Kurama estava com raiva, falou com raiva e estava certo, tem o mesmo direito, não poderia lhe cobrar nada.
Por que foi tão rude? Por que ficava tão irracional quando comia? Não deveria tê-lo procurado logo depois de comer carne ningen. Ainda estava transtornado e envolvido e motivado e confuso e... não. Não era culpa do seu instinto youkai.
Era somente sua culpa não conseguir conter a fome, não conseguir se controlar e trabalhar com essa vontade de modo a reduzi-la até que não interferisse mais em sua vida, não machucasse mais Kurama. Mas como fazer isso? Como se controlar? O que deveria fazer quando sentisse fome de novo? E se não se controlar... quem mataria?
Continua...