Jan 05, 2004 02:39
Bellevue
Leve, levemente como quem chama por mim
perdido na bruma, nevoeiro sem fim
Medeia brilhante cintila no escuro , um odor
a tensão do medo puro
salto o muro : " Cuidado com o cão! "
vejo onde ponho o pé e subo a mão...
Encosto ao ouvido um anel de brilhantes
(é de fancaria a fingir diamantes)
salto á janela com muita atenção
vejo onde ponho o pé & subo a mão
sabem que me escondo na Bellevue
mas ninguém comparece ao meu rendez-vous
Porta atrás porta pelo corredor
um foco de luz no ultimo extintor
no espelho um esgar, um sorriso cruel
atrás da ultima porta uma cama de dorsel
salto pra cima e experimento o colchão
onde era sangue é só solidão
sabem que me escondo na Bellevue
mas ninguém aparece ao meu rendez-vous
os meus amigos enterrados no jardim
e agora já ninguém confia em mim ...
... era só para brincar ao cinema negro
os corpos no lago eram de gente no desemprego ...
Rui Reininho in Bellevue 1987
Nota : as duas ultimas estrofes deviam ser dadas no liceu tal é o cinismo do rapaz! brilhante!