.fic - stuck in a moment you can't get out of [bono/ the edge].

Jan 05, 2010 18:31





Título: Stuck in a moment you can't get out of
Autora: Angie, eu, também conhecida como Irene (-n), a cutesbela 
Beta: Prih, a deliciosa. A que eu sei que você quer também, imsodirtyhoney 
Gênero: Não é AU, aí eles são o que são.
Pares: Bono/ The Edge [U2]
Classificação: PG-13 (acho)
Alertas: Fic não recomendada para diabéticos e alcoólatras.
Disclaimer: Sim, o Bono é meu. Eu comprei. Por duas moedas de ouro e um saquinho de alfafa #chapolimfeelings (-q)
Sumário: Um sempre estaria por perto para estender a mão quando o outro precisasse.
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Comentários: Dedico essa fic a todas as lindas e gostosas que me incentivaram a escrevê-la. Não me matem *foge*

***N/A 1: Eu tive a idéia de escrever essa fic quando vi meu “The Best Of 1990-2000” com as legendas dos comentários dos diretores ativada. Eu tenho esse DVD há séculos, e nunca tinha prestado muita atenção nisso *facepalm*. Daí, na cena final de Stuck in a Moment, o diretor diz algo parecido com isso:

“Eu pedi para que o The Edge olhasse para a câmera, seriamente. Então ele olhou como se fosse o Bono que estivesse focalizado lá, e ele parecia preocupado. E, nós sabemos, ele se preocupa mesmo.”

Achei leeeeeeeeeeeeeeeendo! Mesmo já tendo essa impressão slash dentro do intimo do meu ser (-q) com esse vídeo, e mesmo já sabendo de tudo isso, ler assim acabou deixando tudo mais especial. Daí eu senti que tinha que fazer um slash deles com essa música. O que calhou muito bem na cronologia da banda, no fim das contas. O que é assunto para a próxima nota.

N/A 2: Essa fic se passa na época da Elevation Tour, do All That You Can't Leave Behind (CD fodapegael). Mais precisamente em 2001, ano da morte do pai do Bono. Ele disse em algumas entrevistas, um povo aqui até já sabe, que essa foi a época em que ele mais teve problemas com a bebida e isso foi mesmo muito sério para ele. A morte do pai o afetou muito, e ele chega realmente a externar sua vontade de tê-lo conhecido mais no começo do vídeo de Sometimes You Can't Make It On Your Own, do CD seguinte. Então, eu inventei um período em 2001 onde eles já tivessem lançado o vídeo de Stuck In A Moment, o pai do Bono já tivesse morrido, ele já estivesse passando por esses problemas e a tour havia dado essa parada fictícia.

N/A 3: Se alguém aqui não tem o vídeo de Stuck in a Moment wiskas sachê fresco na memória, veja. É muito importante visualmente para se entender a fic. Fora que é bonito pracaralho, todo mundo deveria ver sempre todo dia amém.

N/A 4: (sim, percebam que eu surtei). Ao longo da fic eu coloquei outras notas, falando de outras coisas que achei importante que fossem ditas. Enfim, sendo assim, vamos à fic:

***
 
Stuck in a Moment You Can't Get Out Of

There's nothing you can throw at me that I haven't already heard

Ele não pode deixar de se sentir incrivelmente assustado quando ouviu a voz da mulher ao telefone mais cedo. Sabia que a situação de seu amigo estava complicada, mas não imaginava que tudo fosse piorar tão drasticamente durante o pouco tempo em que a tour dera uma pausa, isso apenas há poucos dias atrás. E foi movido, então, por um sentimento sufocante de que as coisas tivessem saído irremediavelmente do controle que The Edge se colocou a caminho da casa dos Hewson.

Chegando lá, o músico notou que a porta da casa estava apenas encostada, como lhe foi dito que estaria em sua chegada. Isso, pois, provavelmente, o outro não se encontrava apto nem para atender a porta, o que era preocupante, pois o relógio ainda não marcava dez horas da manhã. Edge empurrou, então, a porta vagarosamente, como se estivesse com medo do que fosse encontrar do outro lado. E a cena que viu não decepcionou seus instintos: deitado no sofá, largado de tal forma como se seus ossos fossem feitos de pano, estava ele. O dono da boa voz reduzido a um emaranhado de cabelos pretos jogados sobre a almofada. Os magníficos olhos azuis reduzidos a um par opaco e febril por causa da bebida.

Bono notou a chegada do visitante. Nunca, em mil anos (e mesmo estando bêbado), ele seria capaz de deixar de perceber as sutis mudanças que ocorriam no ambiente quando o outro estava por perto. Era como se o perfume do ar se alterasse. Apesar disso, mesmo tendo sido tomado por essa sensação tão gostosa e que conhecia há tanto tempo, ele não foi capaz de direcionar seu olhar ao rosto do outro. E foi, então, focando-se em um ponto qualquer da sala, que Bono perguntou:

- Você? O que está fazendo aqui, a essa hora, caro amigo?

Edge não pode ignorar o tom jocoso e a voz pastosa com a qual o mais velho lhe dirigiu a palavra. Teve vontade de saltar sobre o outro e lhe encher de tapas, ou ainda de sair correndo porta afora. Não sabia ao certo. Apesar disso, ignorou todas as suas vontades e se forçou a responder:

- Alison. Ela me ligou mais cedo e pediu para que eu viesse falar com você.

- Ali? Pedindo para que você viesse aqui? - Bono perguntou com o cenho franzido, fazendo questão de frisar a palavra “você”.

- É. Ela está preocupada com você, todos nós estamos. Há dias que você não sai dessa casa, há dias que você não pára de beber. Ela não sabia mais a quem recorrer. Ela te ama, você sabe, assim como eu...

- Onde ela está?

Bono interrompeu, com atropelo, o que sabia que sairia da boca do outro. Não que ele não quisesse escutar. Essas palavras, vindas do mais novo, sempre teriam um efeito quase entorpecente sobre ele. Mas essa era a casa de Ali, a quem ele amava também com quase devoção, e achava que, ali, devia pelo menos esse respeito a ela. O vocalista sabia que essa era uma forma hipócrita de agir, mas se forçou a não prender seu pensamento no modo como vivia desde que se viu amando, de formas diferentes - mas de certa maneira iguais - as duas pessoas de sua vida. Não agora. Ou enlouqueceria. Era um assunto recorrente há tanto tempo - mais de duas décadas! - que poderia esperar mais um pouco para ser discutido.

Edge conhecia as questões que atormentavam a cabeça do outro. Sendo assim, apenas suspirou e respondeu:

- Desculpa... Ela saiu para um passeio e levou as crianças. Ela me disse que só volta mais tarde. Mas... Você não os viu saindo?

- Não... Acho que cochilei. - o mais velho respondeu de maneira quase infantil, como se pedisse desculpas.

I know it's tough, and you can never get enough
Of what you don't really need now... my oh my

Edge apenas balançou a cabeça negativamente enquanto se aproximava do sofá. Sentou-se, então, na extremidade oposta de onde se encontrava a cabeça do outro, aconchegando, assim, os pés do mais velho em cima de suas pernas. E foi após um breve silêncio que tornou a falar.

- Há dias também que você não aparece nos ensaios. Você sabe, a tour logo recomeça e os rapazes...

- Ah sim... A banda. Por Ali, pela banda... Por que mesmo você está aqui? - o vocalista perguntou, com sarcasmo, ainda não sendo capaz de olhar para o outro.

- Bono, por Deus, deixe de ser idiota! - Edge respondeu ríspido, para depois continuar, de forma muito mais branda - Você sabe por que estou aqui, sabe que é por você... Sempre foi você. E eu estou preocupado, as coisas não podem mais continuar do jeito que estão.

- Mas que porra, será que eu não posso nem viver minha dor em paz? Ele se foi, Edge! Ele se foi! - Bono respondeu em um rompante de fúria, tentando se levantar, mas foi impedido pelo guitarrista que segurava suas pernas. O que não foi nenhum esforço, pois no estado em que se encontrava Bono não seria capaz de ir muito longe mesmo se quisesse. Desistindo após mais algumas tentativas, o vocalista voltou a se jogar no sofá.

- Hey, me escute. - Edge se pôs a falar, tentando fazer com que o tom calmo de sua voz tranqüilizasse os ânimos do outro - Ninguém aqui está fazendo pouco da sua dor. Nós só achamos que isso está indo longe demais. Beber não trará seu pai de volta. Não... - e aqui Edge sabia que tocaria no ponto crucial da questão - ... Não diminuirá a culpa que você sente.

- Eu não o conhecia, Edge - Bono tentou reafirmar a culpa que sentia, de forma lenta e trôpega, como se não tivesse ouvido as palavras do mais novo, enquanto algumas lágrimas começavam a deixar seus olhos. Mas ele ainda não encarava seu guitarrista. - Eu nunca quis conhecer... Ele...

- Paul, olhe para mim... - Egde pediu.

- Não me chama assim... Ele me chamava assim... - Bono reclamou, de maneira quase infantil.

- Paul, olhe para mim! - o outro voltou a pedir, o volume de sua voz subindo alguns decibéis.

I never thought you were a fool, but darling, look at you
You gotta stand up straight, carry your own weight
These tears are going nowhere, baby

E, então, pela primeira vez desde que Edge chegou naquela casa, seus olhares se encontraram. Apesar da situação, o mais novo não conseguiu impedir que o ar lhe faltasse ao encarar os olhos azuis do outro, talvez os mais incríveis que já vira na vida. Sempre foi assim. Provavelmente sempre será. Olhos que, se isso fosse possível, se encontravam mais belos ainda, molhados pelas lágrimas. Uma beleza trágica e melancólica, ele sabia. E foi assim, se forçando a reencontrar o foco que havia perdido ao encontrar os olhos do mais velho, que o guitarrista voltou a falar:

- Bono... Você não pode se sentir culpado por isso. Você era jovem, um adolescente ainda... Você se lembra da gente, todos nós tínhamos algum tipo de problema com nossos pais. Isso é só o que adolescentes são. E Robert ainda era todo autoritário e fechado, você sabe... Ele não facilitava as coisas.

- Mas depois eu envelheci. Eu deveria ter retomado o contato, e não o fiz. Eu devia ter pensado melhor, talvez ele fosse do jeito que fosse por causa da morte da minha mãe. Ou... Eu sei lá.

- Você não sabe se era isso mesmo, você não tem como saber! Olha, é inútil se lamentar pelo tempo perdido agora. Você fez tudo o que pode enquanto ele esteve doente, não saiu de perto dele sempre que foi possível para você. Tenho certeza que ele sentiu seu amor... Ele morreu sentindo isso. O que você pode fazer agora é não deixar que essa situação se repita entre você e seus filhos. Você sabe o quanto eles podem sofrer depois. Mas não dá para você ter uma relação mais próxima com eles se tudo o que se lembrarem do pai é de um cara bêbado estirado no sofá. Você fica pouco com eles, Bono, não deixe que essa seja a imagem que eles guardem de você.

Bono recebeu as palavras do amigo se sentindo envergonhado. Por um momento, ambos os homens mantiveram o silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Silêncio esse que durou muito pouco, pois logo Edge ouviu as palavras do outro, ditas em um tom que procurava ser sério. Era como se Bono houvesse acordado de um transe para tentar entender o que se passava ao seu redor:

- Você está me achando um tolo, não está?

- Eu nunca pensei que você fosse um tolo. Mas olhe só para você agora, você...

-... Tem que se levantar? Hey, eu acho que nós já escrevemos isso antes. - Bono interrompeu, soltando junto uma risada tímida.

You've got to get yourself together
You've got stuck in a moment and now you can't get out of it
Don't say that later will be better now you're stuck in a moment
And you can't get out of it

Ao perceber o que fez, após um curto momento, Edge soltou uma sonora gargalhada. Bono não pode se impedir de rir junto, mas parou ao perceber que observar seu amigo era algo muito mais interessante. Ele gastou bons segundos observando como a face em perfil do outro ficava bonita quando sorria, ou notando ainda como os diferentes sons da sua risada eram capazes de preencher todos os espaços do cômodo, quase como se fossem materiais. Ainda rindo um pouco, Edge disse:

- É uma música muito boa, ninguém pode me culpar por citá-la.

- Você acha que Michael* iria gostar dela? - Bono perguntou, se lembrando do amigo para o qual escrevera e de todos os acontecimentos terríveis que haviam marcado o fim de sua vida.

- Eu acho que sim, claro. Ele iria nos xingar algumas vezes, nos dizer para não nos metermos em sua vida, mas, no fim, iria adorar. Hum... Pensando nisso agora, acho que você deveria mesmo prestar atenção nessa música. No que levou você a querer escrevê-la. Acho que ela, agora, tem coisas a dizer a você.

De repente, então, Bono pareceu um pouco alterado, deixando isso claro ao responder ao amigo com rispidez:

- Eu não cometeria suicídio, se é isso que você está pensando! Nem sei se ele próprio cometeu mesmo e...

- Eu nunca pensei em nada disso! Que idéia! - Edge respondeu de repente, interrompendo o mais velho, nervoso demais com as palavras que saíram daquela boca. Apenas a idéia de que esse simples pensamento tivesse passado pela cabeça do outro já era capaz de fazer doer. E muito. Ele não saberia mais como viver sem ter aquela criatura irrequieta por perto. Ele não era capaz nem de imaginar um mundo assim, onde o outro não existisse mais.

Após acalmar a respiração, Edge bufou inconformado. Eram mesmo terríveis, ele pensou, os efeitos letárgicos que o álcool provocava, mesmo nas mentes mais geniais, como era aquela que estava ao seu lado. Após um curto momento, então, ele voltou a falar, como se explicasse algo muito importante a uma criança de cinco anos.

- Eu não sugeri que você pensasse no Michael, Bono. Se bem que, com esse seu comportamento, você está, sim, se matando aos poucos. Eu quis dizer que você deveria prestar atenção no sentido da música. Você está preso em um momento e isso está acabando com você. Você precisa sair disso, parar de pensar no que poderia ter sido e seguir com sua vida. E não adianta você me dizer que é só uma fase, que você vai sofrer e depois vai melhorar, porque desse jeito que as coisas estão indo não é o que parece que vai acontecer. Você tem que querer sair disso agora. Eu... Eu pensei que você tivesse percebido que era sobre isso que eu falava!

Após seu pequeno discurso, Edge observou que seu amigo voltou o rosto em direção à porta, como se fosse uma criança chateada por ter sido vítima de um sermão. O cenho franzido e o leve bico em seus lábios reforçavam essa impressão. Foi por isso, então, que Bono apenas sentiu o outro começar a se movimentar sobre si, não resistindo depois a olhar tudo com o canto dos olhos. O que ele viu foi o mais novo posicionando o corpo sobre o seu, ajeitando ambos sobre o sofá e deitando a cabeça, delicadamente, sobre seu peito. Edge passou a procurar os braços de seu vocalista com as mãos, e após se sentir confortável naquela posição, disse de um modo extremamente baixo, como se suas palavras pertencessem a uma confissão:

- Não fique bravo. Eu só me assustei. Mas saiba que, mesmo você bancando o bobo, como fez agora... - e nesse momento, ele interrompeu suas próprias palavras com o som de uma leve risada -, saiba que eu continuo encantado com a luz que você me trouxe. Como da primeira vez. Eu... Ainda ouço pelos seus ouvidos, e é pelos seus olhos que eu posso ver.

Bono então riu e, voltando seus olhos ao homem deitado sobre seu peito, disse:

- É mesmo uma bonita música, essa.

- Eu sei. E é porque nós a fizemos. Juntos.

I am still enchanted by the light you brought to me
I still listen through your ears, and through your eyes I can see

Fez-se então um breve momento de silêncio, onde ambos os homens aproveitaram a simples presença do outro tão perto de si. Bono levou uma de suas mãos às costas do mais novo, e com os dedos procurou levantar sua camisa, até encontrar a pele nua de suas costas. E, então, simplesmente, pousou a ponta dos dígitos naquela pele, deixando-os descansando ali, naquele calor tão confortável. Após um breve suspiro do outro, então, ele ouviu Edge voltando a dizer:

- Sabe o vídeo dessa música? Você se lembra que eu oferecia minha mão para ajudar você a se levantar?

Claro que Bono se lembrava do vídeo, afinal eles haviam gravado o mesmo há pouco tempo, mas ele não conseguia perceber em que ponto o outro queria chegar com suas palavras. Virando a cabeça um pouco de lado no sofá, a fim de olhar o mais novo melhor, Bono franziu o cenho, para que Edge percebesse sua dúvida. Assim, o guitarrista voltou a falar:

- Quero te dizer, garoto, que é por isso que eu estou aqui. Eu não posso tirar a dor de você, isso você tem que fazer sozinho. Antes de qualquer coisa, você precisa querer que a dor vá embora. Mas eu estarei lá e estenderei minha mão para quando você quiser se levantar.

Bono sorriu timidamente após essas palavras. Ele nunca duvidou do que o outro fosse capaz de fazer por ele e sabia que seria assim para sempre. Mas, mesmo assim, não pode deixar de perguntar:

- E a dor, então? O que eu faço com ela?

- Não sei... Faça alguma coisa que te ajude a esquecer... A exorcizar. Componha uma música, escreva um livro, salve o mundo. Você é Bono Vox, saberá o que fazer.

- Eu já fiz uma música.** - Bono logo disse, incomodado com o fato de que o outro talvez não se lembrasse disso - Eu cantei no enterro dele, você estava lá.

- Eu sei, eu me lembro. Mas ela não está pronta, ainda. Não está boa. Trabalhe nela. Se você se dedicar, eu tenho certeza que ela ficará perfeita, como tudo o que você faz.

Edge sorriu ao notar que, em uma só frase, mexera com as duas características mais evidentes da personalidade do outro: o gosto pelos desafios e seu ego. Ele conhecia bem demais o seu garoto. Talvez isso tivesse sido covardia, um golpe sujo, mas o guitarrista estava disposto a fazer qualquer coisa para que o amigo saísse da letargia na qual se encontrava. E, sorrindo ainda, foi que ele ouviu o mais velho chamando seu nome. Seu verdadeiro nome:

- David?

- Hum?

- Eu amo você. - sem hipocrisia, dessa vez. Bono sentia que precisava apenas dizer. Edge tinha que saber o que o pai de seu vocalista só soube no seu leito de morte.

O guitarrista, então, ergueu sua cabeça para olhar nos olhos do outro. E respondeu, sorrindo ainda mais:

- Eu sei, eu também te amo. Mas isso você sabe, não sabe?

- Hum... Tenho minhas dúvidas. Você nem quis me beijar ainda, desde que chegou.

- Mas é lógico que eu... - exasperado, e percebendo o que iria dizer, Edge se corrigiu a tempo, suas faces tomando um tom rubro que era adorável aos olhos do outro. - Digo... Aqui? Você quer que eu te beije aqui?

- Ah, sim. Foi Ali que mandou você aparecer, então é como se ela tivesse permitido ou coisa parecida.

- Pare com isso, Bono. Eu não gosto quando você zomba da nossa situação. Você sabe... Essa coisa com nós três. - Edge parecia realmente incomodado. Bono, então, se corrigiu.

- Tudo bem, me desculpa. Eu não faço mais. Só me beije, por favor. Eu preciso de um beijo seu, agora.

I will not forsake, the colours that you bring.

Sorrindo um pouco, Edge moveu seu corpo por cima do corpo do outro, para o que - ele achava - seria apenas um selinho demorado. Mas percebeu que suas expectativas estavam erradas quando, ao tentar se afastar, Bono segurou seu rosto com ambas as mãos, impedindo qualquer movimento seu e aprofundando o beijo. Edge então se rendeu, desistindo de uma luta na qual ele nem havia tentado se engajar. A maciez dos lábios do outro o entorpecia, e ele sentiu que poderia ficar para sempre ali, só movendo sua própria boca e língua por sobre aquelas pelas quais ganhavam vida tão lindas canções. Algumas que ele próprio havia ajudado a escrever. Mas a mão do vocalista, esperta, já havia procurado suas costas de novo e estava agora tentando terminar o que havia começado mais cedo, levantando sua camisa até o limite dos seus braços. Com medo, então, de que as coisas saíssem do controle, o mais novo forçou seu corpo sobre o do outro e se levantou, não sem certa dificuldade, do sofá.

Edge passou a observar o outro de cima. Apesar de ele estar praticamente na mesma posição na qual estava horas atrás, os olhos azuis semicerrados, as bochechas coradas e a boca vermelha, entreaberta, dava ao mais velho um ar lânguido que era simplesmente adorável. O guitarrista esperou, então, o outro abrir totalmente seus olhos e olhar para ele. E foi nesse momento que ele estendeu a mão.

Reconhecendo o momento sobre o qual falavam minutos atrás Bono riu, e segurou com a sua a mão do outro, apoiando-se nele para se levantar. Finalmente, então, se colocou em pé. Um pouco cambaleante, mas finalmente em pé. Edge então perguntou:

- Você está bem? Não se sente mal, consegue ficar em pé?

- Sim, mamãe, eu acho que estou bem. - Bono disse, fazendo graça.

- Hum... - Edge respondeu, tomando para si, de brincadeira, o papel que lhe fora dado - Agora, então, vá tomar banho, mocinho. Sua mulher disse que quer você sóbrio e limpo quando chegar em casa. Vá, vá logo.

- Sozinho? - Bono disse, então, flertando com o olhar.

Edge riu. Era incrível como, mesmo estando alterado pela bebida (ou talvez isso potencializasse suas ações) Bono não perdia a mania de tentar seduzir como um louco todos os que estavam a sua volta. E, na grande maioria das vezes - Edge concluiu com uma ponta de ciúmes - ele conseguia, o desgraçado. Bastava um olhar daqueles para que qualquer um caísse aos seus pés. Ainda rindo, ele respondeu:

- Sim, sozinho. Por hoje. E... Olha, Bono...

- Sim?

- Amanhã teremos um pequeno ensaio, antes da volta da tour. Na hora de sempre. Estaremos esperando. Bem... Então, é isso. Tchau, garoto.

- Tchau. - Bono respondeu, acenando.

Antes de fechar a porta daquela casa, Edge não pode deixar de ver naquele homem que lhe acenava de maneira quase infantil o menino que conhecera há quase três décadas. Se ele mantivesse essa criança em algum lugar do seu coração***, nem tudo estaria perdido, pensou.

No dia seguinte, Edge ainda não havia contado a Larry ou Adam o que acontecera na visita que fez a Bono. Mas eles não precisavam saber detalhes da conversa para sentir que, provavelmente, tudo estaria voltando aos eixos. Afinal, tinha sido o grande The Edge, o amigo David Evans, que fora falar com ele. Todos sabiam do amor que ambos dedicavam um ao outro. E foi por isso, então, que deixaram pronto o pedestal e até mesmo a guitarra que Bono usava às vezes. Eles não estranhariam se esse fosse o melhor ensaio de suas vidas. Assim como não estranharam quando viram seu vocalista adentrar pela porta, com a letra de Sometimes You Can't Make It On Your Own quase pronta em um papel preso em suas mãos.

And if the night runs over
And if the day won't last
And if your way should falter along the stony pass

It's just a moment
This time will pass

FIM

* Stuck in a Moment You Can't Get Out Of, segundo o Bono, foi feita para o Michael Hutchence, vocalista do INXS, que morreu em 1997. A causa oficial foi suicídio, mas especula-se que ele tenha morrido depois de uma tentativa frustrada de fazer uma prática sexual, sozinho, que consiste em se sufocar até quase perder o ar para se obter mais prazer. Eles eram muito amigos, e Bono diz que ele gostaria de ter dito tudo isso que está na música para Michael enquanto ele estava vivo, e que a musica é para soar como se fosse uma briga, mesmo.
** Sometimes You Can't Make It On Your Own foi feita pelo Bono para o pai, e conta um pouco como era a relação deles. Reza a lenda que ele escreveu enquanto o pai estava doente, e que cantou no enterro. Eu não sei como era a tal versão do enterro, mas para todos os efeitos, na fic, ela era diferente da final, a que foi lançada.
*** Sim, amiguinhos: Original of the Species. Gosto horrores.
 

[bono/ the edge], [u2], [fic]

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