vezes dois, à refeição

Feb 13, 2010 20:38


tantas vezes nos cansamos de suspirar que, vezes mais, quase desistimos de engolir outra garfada de ar.
não sabe a nada, nunca soube a nada. sabor único no cardápio.

são as mãos que me levam tudo à boca, são os dedos que empurram, até ao limite do aceitável, tudo para dentro. tudo entra cá dentro. nada fica, nem os mortos.

tenho artifícios, utensílios e manhas, mas a única pele que me serve é a dos dedos. sempre sujos. sempre magoados, sempre incertos.

e todas as certezas que tenho não as sei explicar. e todos os beijos que não te dei foram acidentais. e nunca sei onde estou quando me deito contigo e espero que não acordes para me ver dormir.

quero dizer-te que nunca tive outra escolha. quero dizer-te que me desconstruí, que me anulei porque o medo é tanto, que quando falo não sei se as palavras se sentem.

aquela que amas é suja, mas a que amas é tão especial.
perdoa-me por ter a barriga inchada, mas não consigo vomitar o amor.
Previous post
Up