Título: Acordados (1º parte)
Autor/Artista: Constant-Mad
Categoria (gen, het ou slash): Slash
Classificação PG-13, mas fica NC-17 em outros capítulos
Personagens ou Casais: Tom/Albus, Albus/Gellert, Tom/Harry, Harry/Draco, Harry/Gina.
Notas: UA ou AU, ou...tanto faz">
Dedicado a Kore, que me fez adorar este casal.
Acordados
- Você não pode fazer isto comigo, Albus. - A voz de Tom Riddle carregava uma mistura de raiva e desespero.
Albus Dumbledore o olhou por cima dos óculos. Parecia se divertir.
- Mas Tom, o que estou fazendo com você?
- Não se finja de desentendido. Quem é Gellert? Albus é por isso que nunca quis que eu viesse morar com você? Não minta para mim.
- Gellert é um velho amigo. Um grande amigo. E eu nunca quis morar com você? Ora Tom, você ainda é um garoto e isso ia apenas atrapalhar nosso relacionamento.
- Tenho dezessete anos, Albus. Completo a maioridade no final do ano, se você esqueceu.
- Não. Nunca me esqueço, Tom. Sua idade nova vem com um ano-novo.
- Por que então? - Tom se aproximava e cheirava a barba ruiva de Albus - vamos tentar. Não suporto mais viver com Morfin. Mas não é só isso, eu ...
Ele mordeu os lábios, era difícil dizer a palavra amor. Albus parecia compreender, mas achava melhor assim, se a palavra fosse pronunciada, Tom sentiria que ainda poderia cobrar o mesmo amor de volta e isso era uma coisa que Albus não podia dar. Na verdade, se controlava para não expulsar Tom, desde que seu verdadeiro amor estava livre e saiu da prisão. Mas, não era um homem sem escrúpulos e nestes dois anos aprendeu também a amar Tom, de uma outra forma. Tinha sido uma paixão avassaladora e que o devorou. Tom era belo e jovem e estava enamorado de você desde o primeiro dia de aula. Não foi difícil perceber e foi mais fácil ainda corresponder. Era o melhor aluno, trabalhava numa loja de objetos antigos e morava com um tio que vivia embriagado e causando confusões. Tom não era ambicioso com relação à riqueza e Albus sabia, sem que ele precisasse dizer, que não queria mudar de casa apenas para vir morar na sua mansão. Tom já se sentia superior aos demais em muitas coisas e no momento, a única coisa que queria, Albus não podia dar: o seu coração.
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Harry Potter estava no supermercado, fazendo compras. Era uma de suas tarefas, já que sua tia estava ocupada fofocando com as amigas em alguma das sete reuniões semanais da Liga das Esposas pelos Bons Costumes. Harry já sabia tudo o que comprar, mas era difícil levar tudo o que pediram com o dinheiro que lhe deram. Tinha que levar cada biscoito que Duda pediu e o maçarão favorito de Duda e o refrigerante diet de Duda (não entendia o diet em meio da toda comida que seu primo ingeria).
Ele se dirigia pelas prateleiras, mais ágil que muitas donas de casa. E os adultos riam ao verem como ele se esticava para alcançar alguns produtos. Às vezes precisava se esticar para alcançar alguns produtos, mas ao menos não era como antes, quando os adultos até riam ao vê-lo tão pequeno tentando pegar a maionese.
“Que graça! Deve ser ótimo ter um filho assim.” Diziam muitas vezes. Harry nunca saberia se seria assim se tivesse pais. Quando terminou as compras - só as de Duda ocupavam metade do carrinho - suspirou, achando que passaria vergonha de novo, ao ter que devolver algumas mercadorias, se o dinheiro faltasse. Bem, o que tiraria primeiro eram as verduras e depois o sabonete que sua tia lhe permitiu comprar para si. Achou que isso não seria suficiente. A vendedora passava as compras e nem olhava para Harry - pelo menos já o conhecia e não perguntava mais onde estavam seus pais e se tinha mesmo dinheiro. Não deu mesmo e lá estava ele escolhendo o que tirar. Sentiu-se observado e corou ao ver que um rapaz atrás dele estava impaciente, segurando uma cestinha com meia dúzia de compras.
Agora vinha a parte delicada, sair levando tudo o que comprou até o ponto do ônibus. Ligar para o tio Valter vir buscá-lo era impensável e devia agradecer de ter uma passagem. Ele andou quase nas pontas dos pés para levantar todo o peso e seus braços magros tremiam. Sentiu uma mão agarrar metade das sacolas. Ainda puxou a sacola, seus tios jamais acreditariam se ele fosse roubado. Mas era...
Era o rapaz alto que estava atrás dele. Estava segurando apenas um pacote pequeno e por algum motivo o ajudou.
- Estou indo para a parada também. - Disse o rapaz que não parecia esperar resposta.
- Obrigado - disse Harry meio sem-graça - eu podia levar sozinh....
O rapaz riu um pouco. Tom não queria agradecimentos, mas olhou para Harry.
- Meu nome é Tom Riddle, e o seu?
- Harry....Harry Potter.
Tom ia dizer mais alguma coisa (estava impressionado com as baboseiras que Harry comia e se mantinha um palito), mas o ônibus chegou e os dois entraram. Harry sorriu surpreso e se sentou ao lado de Tom.
- Eu preciso ainda preparar o almoço. Espero que dê tempo. - Ele falou mais para si mesmo, mas Tom ouviu e perguntou.
- Você sabe cozinhar?
- Sim... bem, minha tia me ensinou. Acho que faço mais ou menos. Eles sempre reclamam do gosto, mas não sobra nada nos pratos. Acho que é um bom sinal.
- Ah! Então você cozinha para seus tios, eles são inválidos?
- Não, eles...trabalham e dizem que assim eu os pago de certa forma.
Tom ficou sério, mas não disse mais nada.
- E você, Tom? Notei que tudo o que havia na sua cesta era para preparo instantâneo. Sabe, se quiser posso cozinhar para você um dia.
Tom Riddle sorriu. Aquele garoto queria cozinhar comida caseira para você. Olhou mais uma vez para Harry e agora com mais atenção. O garoto tinha olhos verdes, que se destacavam no rosto fino, emoldurado por cabelos negros. Usava uma roupa dez vezes maior que ele e tinha um óculos remendado. Certamente vivia de arrego na casa de parentes.
- Tudo bem, Harry, vamos ver se um dia desses você vai fazer um almoço sadio para mim.
- Eu desço na próxima. - disse Harry se levantando - Obrigado mais uma vez, Tom.
Mas para nova surpresa de Harry, Tom se levantou e o ajudou, levando as compras até em casa. Depois se despediu, dizendo que morava a algumas ruas dali.
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Harry Potter passou o dia pensando no que cozinharia para Tom Riddle. E quando seus tios chegaram, ele estava debruçado sobre um livro de culinária.
- Finalmente - disse tio Valter - vamos ver se você faz algo que valha a pena comer, moleque.
- Cuidado para não fazer nada muito gorduroso para o Dudinha. Lembre-se que ele está de dieta.
Duda estava na frente da TV com um pacote ou dois de salgadinhos e meio litro de refrigerante diet. Depois do almoço, Harry lavou os pratos e se arrumou para ir à escola. Deixou a janta pronta e saiu de casa, levando o livro de culinária. Esperava que Tom gostasse do que ele fizesse. Por alguma estranha razão esperava....
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Tom Riddle não esquecia a conversa que teve com Albus. Estavam juntos há um ano. Tom sentiu uma fúria imensa, quando Albus pediu que ele não fosse a sua casa, enquanto seu “amigo” Gellert estivesse lá. Acabaram brigando e Tom saiu de casa, batendo a porta atrás de si. Agora a única coisa com o qual podia esquecer isso era a universidade e o trabalho. Queria chegar em casa o mais cansado possível e se trancar no quarto, para evitar até mesmo respirar o mesmo ar que seu tio. Infelizmente, hoje não havia ido ao trabalho. Felizmente, tinha se divertido com um garoto que lhe pareceu pouco comum. Por que Albus ainda não havia ligado? Era o que passava na sua cabeça.
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Albus Dumbledore estava radiante. Poderia ser confundido com uma criança no momento em que passou os braços pelos de seu amigo Gellert Grindelwald. Lágrimas caiam de seus olhos azuis e o outro apenas o consolou com um beijo na mão. Os anos não haviam mudado os sentimentos e os dois, apesar de estarem perto dos cinqüenta, chegaram na casa de Albus e namoraram como dois colegiais. Os dois pássaros que Albus mantinha numa ampla gaiola dourada teriam que esperar para seu dono lhes colocar a comida.
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Harry já tinha preparado todos os pratos mais econômicos daquele livro de receitas. Usava os Dursley como cobaias de suas experiências gastronômicas, afinal não queria que fosse Tom que passasse mal com seu arroz verde ou a batata grelhada, com queijo “sola” e queimado por cima. Mas, também já não acreditava que veria Tom outra vez. Havia se passado várias semanas e Harry não o via nem no supermercado, nem o encontrava no ônibus. Se realmente moravam perto, como Tom falou, seria fácil toparem de vez em quando.
Com o tempo foi voltando ao feijão com arroz, além de que, apesar de seus tios terem comido até o pudim duro que ele fez, continuavam reclamando da comida. Para piorar, Duda, havia feito um escândalo quando o fundo de sua calça de grife rompeu e ele mostrou o traseiro gordo na escola. Harry havia se controlado para não gargalhar - afinal, no ano passado foi a calça dele que caiu de tão larga que era, pois nem o cinto que usava até o último buraco, conseguiu sustentá-la. Harry sabia que a culpa não era de sua comida, mas do tamanho de roupa que seu primo insistia em usar, talvez pensasse que fosse um rapaz delgado como.....Tom. Nossa! De repente imaginou que Tom Riddle não devia passar por estes constrangimentos.
Aquele dia não foi bom para ele também. Na sala de biologia, ele teve um “ataque”. Estavam estudando os répteis e uma das cobras que estava num cubo de vidro começo a fazer queixas sobre sua vida. Reclamou que nunca conheceu a mãe, que seu ovo foi chocado artificialmente e que comia ratos brancos de laboratório. A cobra não se importou nem um pouco que Harry começou a achar que estava louco. Ela os comparava, a primeira coisa que sibilou foi “Ei! Você aí, sabe que somos parecidos?” Quando, Harry, enxugando as lágrimas, tentou libertá-la foi um “deus-nos-acuda” e o professor furioso o arrastou pelo braço até a pedagoga. .
A pedagoga, que fazia parte do mesmo clube de tia Petúnia, achava que Harry era um ingrato e que queria sempre chamar a atenção Mas, desta vez foi mais gentil e disse que ele estava projetando seu complexo de rejeição no animal.
- Harry - ela disse, querendo parecer sua amiga - suas notas foram péssimas este ano e você está na recuperação na maioria das matérias. - Harry ia falar, mas ela o interrompeu. - Sei que suas dores de cabeça atrapalham seu rendimento escolar, mas veja o seu primo Duda, sempre tão atarefado e com problemas de auto-estima, mas consegue se manter na média. E você, ao invés de estudar, fica inventando cobras “falantes”. Está muito velho para estas coisas. Sua dor de cabeça são óculos, vá ao oftalmologista e faça algum exercício físico. Você deveria agradecer sempre a tia zelosa que tem. Ela até me falou que pedirá ao Duda que se exercite com você, talvez uma caminhada diária una ainda mais vocês dois.
Harry queria saber se ainda estava no mesmo mundo. O que sua tia nunca o levaria a médico algum. O que Duda nunca daria um passo que fosse além da porta do carro. O que ele não tinha muito tempo para estudar. O que a auto-estima de Duda era fazer de Harry seu saco de pancadas. Realmente, ele e a pedagoga não compartilhavam o mesmo mundo. E, o mais estranho de tudo, a cobra tinha falado, alto e claro. Sua visão não tinha nada a ver com sua audição.
O ano estava chegando ao fim. As primeiras luzes para o Natal estavam sendo colocadas nas lojas e nas casas. Será que seria outro Natal na casa da tia Guida? Foi horrível, que quando um dos convidados notou que Harry foi o único que não ganhou presente, a tia Guida, para “contornar” o engano lhe deu a meia velha pendurada na janela. Mas, ele tinha se vingado e enchido a meia de nozes e rabanadas, que passou a noite toda comendo.
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Tom não queria acreditar que passaria o Natal sem Albus. No ano anterior havia sido perfeito. Ele e Albus se divertiram muito depois de campanha com cassis. Ele também havia ganhado um presente do professor Slughorn e de todos seus colegas. Mas, ainda era a lembrança de acordar nos braços de Albus e da pequena árvore de sorvete de menta, que eles tinham feito, que estava na sua cabeça. Não queria apenas receber de Albus e por isso passou o ano todo juntando parte do que ganhava para comprar um presente. Na loja de antiguidades em que trabalhava tinha um perfeito, e ele escondeu para que ninguém mais comprasse. Sabia que Albus gostava de prata e, por isso, aquele pequeno isqueiro parecia o melhor presente. Colocou o isqueiro no bolso e imaginou a cara de Albus quando o recebesse. Sim, seria uma noite mágica.
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- Você pode chamá-lo para passar o Natal conosco. - Disse calmamente Gellert Grindelwalt - Confesso que tenho um pouco de ciúmes, mas depois do que você me contou sobre a vida do rapaz, eu o receberia.
- Você não conhece o Tom. Certamente, eu gostaria de tê-lo aqui conosco, principalmente quando imagino que sua única companhia na noite de Natal será o tio, mas não seria fácil ele aceitar você aqui, comigo.
- Ora, a culpa é sua, Albus. Como pode se envolver com alguém tão mais jovem? E tão impulsivo. Bem, você me mostrou a foto dele e eu entendo que ele é um dos rapazes mais encantadores que já vi, mas, francamente se a personalidade é metade do que você falou, não entendo a sua paixão. Um dos motivos que nos separamos da primeira vez foi que você disse que não estava pronto para relacionamentos complicados. Queria tranqüilidade.
- E ainda quero. Mas, Tom é como você falou um caso de paixão. Sim, Gell, ele suscita a paixão. Quando eu poderia imaginar que cederia a uma coisa assim na minha idade. - O outro riu, afinal não eram tão velhos como Albus parecia dizer - Ah! Meu querido, o que posso fazer por Tom? Eu....
- Você gosta dele. Por que não faz o seguinte, sai com ele, jantam...conversam. Eu estarei esperando você para a ceia e para o resto da noite. Afinal, também tenho alguns amigos para visitar.
- De jeito nenhum. Combinamos que faríamos tudo juntos e é o primeiro Natal que não estamos separados. Vou dizer algo para Tom e sairei com ele no aniversario dele, que será daqui a duas semanas. O mais importante é que eu tenha em mente que preciso terminar com ele, sem magoá-lo. Ah! E eu quase ia me esquecendo do pedido de Black. Viu como você e Riddle ocupam a minha cabeça.
Gellert abraçou Albus e o beijou.
Sírius Black estava foragido, mas havia entregue aos cuidados de Gellert uma pequena missão, que devia ser Albus quem resolveria.
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20/12/08
Hoje, Albus me ligou e disse que não poderíamos passar o Natal juntos. Ele vai visitar o irmão e um amigo de infância (acho que é Doge), mas prometeu passar o Ano-Novo comigo. Sei que é por causa do tal Gellert (às vezes penso que não foram apenas bons “amigos”). Bem, ele não pode me impender de ir até a casa dele, afinal recusei todos os convites dos “meus amigos”, cujas mães me adoram, para ficar com ele. Também vi o garoto Harry, ele estava andando para casa e sua mão estava na cabeça. Pensei em dizer um olá!, mas como eu estava com uma dor de cabeça infernal, achei que seria melhor vir mais rápido para casa. Morfin estava embriagado e eu tive de arrancar mais uma vez a faca dele. Além, disto vi as contas atrasadas. Quando eu completar dezoito anos (em breve Tom), alegarei que meu tio é incapaz de administrar os bens da família. Já estou sendo bem instruído no que fazer por Rodolfo Lestrange, o meu amigo e advogado.
Tom Riddle.
26/12/08
Quem Albus pensa que sou, para me tratar daquela maneira na frente de um estranho? Nunca me senti tão....com tanto ódio. Ele me apresentou ao seu “amigo” como se eu fosse “o jovem e brilhante Tom Riddle”. É certo que nosso relacionamento sempre foi mantido em segredo, mas notei pela expressão, quase divertida de Grindelwald, que ele sabia da história. Ficamos os três conversando um pouco sobre o que Albus chamou “as lindas luzes natalinas e o espírito de amor e união do Natal”. Depois, ele se levantou e disse que estava na hora de sair e praticamente me dispensou. Eu tinha ido entregar o isqueiro, mas não o fiz (minha única idéia era tocar fogo na barba de Albus). Ainda se ofereceram para me deixar em casa, como se eu fosse uma criança. Não, eu não vim para casa. Fui para a casa Horace que havia me convidado há muito tempo. Havia muita gente e a ceia foi farta e a bebida também. Neste ponto, ele é oposto a Albus. Gasta no que gosta. Ele me tratou quase como um convidado de honra, me apresentou a todos seus amigos, sempre me elogiando. Devo convir que foi um excelente Natal, só não foi melhor porque eu ainda apertava o presente em meu bolso.
Tom Riddle
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Sim, o Natal mais uma vez foi na casa de tia Guida. Mas, desta vez não se deram ao trabalho de lhe levar. Ele poderia constranger a dona da casa de novo. Harry não reclamou, passou a noite fritando rabanadas, que aprendeu a fazer. Depois foi para o quarto e retirou da caixa escondida em baixo de sua cama, a cobra que tinha salvado da escola. Ele tinha se decidido a ver se ela ainda falava com ele, foi até a sala de biologia e lá estava ela, quietinha no vidro. Ela pareceu ficar feliz quando o viu e mais feliz ainda quando Harry, perguntando se ela o morderia, - ao que ela respondeu “claro que não” - abriu a tampa de vidro e a enfiou na mochila. Ele a libertou no parque, mas ela insistia em segui-lo. O jeito foi trazê-la, mas com a promessa de que ela ficaria escondida. Agora que eram amigos, Harry oferecia uma fatia de rabanada, que ela negou a comer, mas agradeceu, e ficaram conversando.
- Ora, Harry e depois dizem que a víbora sou eu. Com certeza não conhecem a sua família.
- É, não conhecem - Harry riu, enquanto folheava uma revista, procurando um nome para sua nova amiga. - Você é uma cobra fêmea ou macho?
- Sou uma cobra muito feminina - ela parecia querer jogar seu charme para Harry, mas perguntou, sem muita cerimônia. - Como seus pais morreram?
Harry franziu a testa, talvez Joanne não fosse um bom nome. Depois respondeu sem muita atenção.
- Um amigo os assassinou. Quando eu era bem pequeno diziam que foi um acidente de carro, mas eu vi num jornal da época, que encontrei entre as coisas de tia Petúnia, quando fazia uma faxina, que eles foram mortos. Parece que o assassino era amigo de meu pai, mas o jornal não dizia que motivos ele tinha para matá-los. Talvez, um desentendimento ou ciúmes. Na verdade, não quero saber. Já que o assassino está preso e eu nunca conheci mesmo meus pais e nem lembro deles, acho que tudo está resolvido.
Ele parecia apenas dizer isso para não se aprofundar no assunto nem nos sentimentos. Já devia ter tristezas demais para acrescentar uma que não fazia parte de sua memória. Isso era o que a cobra concluía, encarando Harry, que desta vez deu um sorriso de satisfação.
- Que tal Nagini?
- Tem esse nome aí? - ela perguntou incrédula.
- Tem sim, é um artigo sobre a Índia. Ou você prefere Kundalini?
- Não, não, vai Nagini mesmo. Você me acha com cara de Nagini?
- Acho a sua cara.
Nagini subiu pelo braço de Harry e se apoiou sobre seu ombro para dar uma olhada na revista. Seu Harry tinha gosto, a tal Nagini era famosa e poderosa. Os dois passaram, assim, um Natal bastante íntimo.
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No dia 30 de dezembro, Harry se reencontrou com Tom. Foi por acaso em que os dois pegaram o mesmo ônibus. Tom estava com a face virada para a janela e parecia muito pensativo. Harry teve receio de interrompê-lo, mas não resistiu e disse “oi!”, sentando-se ao lado dele. Tom ficou surpreso, mas o reconheceu e deu um breve sorriso.
- Harry Potter, o menino-que-cozinha. Como vai, ainda pensa em me fazer uma refeição sadia?
Harry havia corado com aquele “menino-que-cozinha”. Tom notou e como estava de excelente humor, afinal sairia com Albus no dia seguinte para comemorar seu décimo-oitavo aniversario e a liberdade de certa forma, passou a mão pelo ombro de Harry e o aproximou. Ninguém estava prestando atenção. E Tom sussurrou no seu ouvido.
- Eu gosto disso. Você fica um encanto vermelho, parece que se excita facilmente com uma bobagem dita por outro rapaz. - Tom riu e se afastou de Harry.
- Você gosta de dizer bobagens, mas se pudesse ver suas próprias faces agora, não zombaria.
Tom Riddle sabia que também tinha corado com aquela proximidade.
- Por que não vamos a minha casa e você pode me preparar alguma coisa? Ou, nunca poderei ter certeza de sua habilidade de chef.
- Tudo bem, não tem ninguém em casa ainda. Foram fazer compras e só voltam bem mais tarde. - Harry não queria desperdiçar tudo que havia aprendido naquelas semanas.
Desceram umas três paradas depois da de Harry e ainda andaram mais um pouco até chegarem a casa em pedaços em que Tom morava com seu tio. Para o alivio de Tom, e por isso mesmo ele havia tido coragem de chamar Harry, Morfin não estava em casa - estava numa daquelas épocas em que passava dias fora e voltava depois de uma confusão.
A casa estava imunda e Tom não se importou nem um pouco que Harry visse isso. Mostrou onde ficava a cozinha (que era igualmente suja) e disse que Harry ficasse à vontade para mexer no que quisesse. Tom se retirou, deixando Harry desapontado e se sentindo um cozinheiro contratado. Arregaçou as mangas e procurou ingredientes. A penúria reinava, mas aprendeu a cozinhar com quase nada e assim reuniu alguns ingredientes e imaginou o que faria.
- Ora, ora! O cheiro está muito bom. Você parece que está se saindo bem, Harry.
Harry se virou, mexendo mais uma vez o caldeirão de sopa. Tom estava parado à porta sem camisa e fumava.
- Eu só consegui pensar numa sopa com o resto de verduras que encontrei na sua geladeira.
- Uma sopa? - Tom falou em tom de brincadeira. - Com verduras? Ora, Harry você quer mesmo que eu coma algo sadio.
Harry notou também que ele tinha um livro na mão que estava abaixada perto da barriga. Tom parou de fumar e deixou o livro sobre a mesa.
- Deixe-me ver isso aí. - Ele abriu a tampa e depois a fechou. - Tem certeza que vamos comer isso? Tem coisas ai dentro que não me parecem reconhecíveis.
Mas, Harry não estava gostando nadinha de tudo isso. Tom Riddle estava insuportável e achou que foi um engano ter vindo com ele até sua casa.
- Se não quiser não precisa tomar. Pode jogar pela pia. Mas, da próxima vez que quiser fazer alguém de idiota, pelo menos faça umas compras. - Ele meteu a colher de pau na mão de Tom - E não toque com esses dedos cheios de fumaça na minha comida.
Tom começou a rir e o agarrou. Harry sentiu o beijo quente e tentou se libertar dos braços de Tom. Tom o soltou por um momento e o encarou, e como se tivesse pensado melhor, voltou a beijá-lo, agora mais decidido.
Harry achou que não podia protestar mais (nem queria). Tom o levantou e o carregou até o sofá. Empurrou algumas coisas no chão e deitou Harry, se colocando sobre ele. Retirou a camisa larga de Harry e começou a beijar seu pescoço, descendo em beijos até os mamilos. Harry sentiu um pouco de medo, mas depois começou a se entregar. O corpo de Tom contra o seu. Harry sentiu quase uma descarga elétrica quando as pernas de Tom se colocaram entre as suas. Tom agora passava as mãos pelos seus cabelos e o beijava. Segurou firme o seu cabelo, enquanto a língua penetrava e acariciava a sua. Harry sentia o gosto e cheiro de Tom. Uma mistura de suor, cigarro e....sopa!
-TOM, TÀ QUEIMANDO!!!!!
Tom levantou a cabeça e olhou meio perplexo para Harry.
- O que está queimando...meu...Harry?
Harry deslizou pelos braços de Tom, se desvencilhando também das longas pernas, e correu para a cozinha. Tom caiu no sofá aborrecido e dizendo algum palavrão. Aquele garoto não estava nem ai para o seu estado? Não devia se meter com um moleque magricela. Harry voltou se sentindo meio culpado. Conseguiu queimar a primeira refeição que fazia para Tom. Se aproximou, abraçando Tom e esperando continuar onde haviam parado. Mas, Tom o empurrou e se levantou.
- Foi melhor assim. - ele disse - É melhor você ir para casa, já está tarde.
- Mas.... - Harry não sabia o que dizer e Tom já havia saído da sala. A única coisa que conseguiu fazer, tremendo e com vontade de chorar, foi vestir a camisa. O que ele tinha feito de errado?
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2/01/09
Eu e Albus passamos um dia e noite maravilhosos. Quando ele veio me buscar, perguntei por Gellert e ele me respondeu que o amigo tinha precisado viajar (eu torço para que sofra um triste acidente). Mas, Albus parecia ter voltado ao normal comigo. Pediu que eu escolhesse o presente (nada romântico, mas prático e é isso que amo nele). Sim, preciso deixar pelo menos em algum lugar esta confissão - e como você é parte de minha alma, terá registrado em tinta o que sinto. Fui simples e objetivo, pedi uma roupa, as minhas estão em péssimas condições. Posso muito bem sair com elas para o trabalho e para a universidade, mas nunca para um lugar mais descente e muito menos na companhia de Albus (ele estava maravilhoso, como sempre, suas combinações de cores não são comuns e ele chama a atenção aonde vai). Ele comprou praticamente um “enxoval” para mim (só não quis que ele me ajudasse a escolher). Também saímos para jantar. Eu pensei que terminaria depois de chegarmos a casa dele e ficarmos dançando até ouvirmos os fogos de artifício, mas ele me deu parabéns a meia-noite e fomos para o quarto. Ele continua apaixonado, eu sei. Eu sinto. Passei o dia com ele ontem e só voltei para casa porque tinha marcado uma reunião com Rodolfo. Também entreguei o isqueiro e ele adorou. A única coisa desagradável foi que, quando eu estava nos braços de Albus, lembrei de Harry. Ele embaixo de mim. Mas, Harry preferia a sopa e eu não quero mesmo ficar com ele. Eu não teria tanto escrúpulo se ele não se aparentasse tão novo, mas faria isso sabendo que nunca lhe entregaria o meu coração.
Tom Riddle
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Harry Potter estava com o rosto encostado no vidro da janela. Seus tios estavam preparando as malas para a viajem de férias e ele, como sempre, ficaria em casa. Mas, não era isso que estava passando pela sua cabeça. Há cinco dias Tom o beijou e depois o empurrou. Harry tinha ainda jogado a sopa fora e limpado a cozinha. Tom não tinha aparecido mais e Harry saiu sozinho, fechando a porta. Enquanto andava na rua, algumas lágrimas insistiam em cair e ele as ia enxugando com a manga da camisa. Sentia vergonha de ter gostado de “ficar” com outro garoto. Sentia raiva porque Tom o tratou daquela forma. O pior é que sentia vontade de ver Tom de novo e de estar com ele como naquela tarde. Nagini tinha perguntado por que você chegou tão pálido e com os olhos vermelhos, mas você não quis contar nem para sua única amiga. Não sabia como era entre as cobras, mas como ela poderia ajudar?
- Estamos indo seu idiota. - Disse Duda - boas férias na frente da TV.
Quem dizia isso era um rapaz que passava a vida toda diante da TV, pensou Harry. Mas estava tão desanimado que nem as ofensas pareciam tocá-lo. Ouviu todas as velhas normas de tia Petúnia de como cuidar da segurança da casa e de que devia se lembrar do jardim. Tio Valter os apressava. Nem ao menos disseram o número do hotel em que iam estar, caso houvesse alguma emergência. Harry devia ligar para a polícia ou para os bombeiros. Não pensavam que se ele, Harry, tivesse algum problema, não seria capaz de ligar para ninguém conhecido.
Assim que saíram Harry respirou aliviado e liberou Nagini, que ficou com ele pelo jardim, enquanto ele aguava as plantas. Era bom fazer isso, pois se esquecia um pouco das imagens de Tom que se formavam na sua cabeça. Toda vez que se lembrava dos beijos, sentia um calor subir por suas faces e depois fazer o caminho inverso até a barriga.
Os meses passaram e muitas coisas incríveis aconteceram na vida de Harry Potter. Ele recebeu uma carta da escola Hogwarts. Não era uma bolsa, mas alguém - que o diretor disse não poder contar no momento - havia pago toda a educação de Harry até a faculdade. Quando os Durley foram com ele a escola para saber do que se tratava realmente, Albus Dumbledore, disse que era um senhor que fazia filantropia e sorteava jovens na lista telefônica. Bem, Harry nunca teve seu nome na lista e nem os Dursley eram tão tapados para engolir aquilo. No começo, tia Petúnia disse que só aceitaria, se Duda também recebesse esta “ajuda”. Albus pediu que Harry saísse da sala e teve uma conversa em particular com os seus tios. Harry não sabia o que ocorreu lá dentro, mas tio Valter e tia Petúnia saíram pálidos da sala. E o que era melhor, o deixaram estudar em Hogwarts.
Logo no começo do ano letivo, Harry conheceu Ron Weasley e se tornaram grandes amigos. As notas de Harry não melhoraram tanto, mas ele começava a se interessar por muitas coisas. Tinha crescido um pouquinho mais e no seu décimo-quarto aniversário, recebeu uma festa surpresa dos Weasley. Ficou triste em não ter levado Nagini na mochila, mas levaria um pedaço de bolo para ela. Nagini também andava misteriosa, dava longos passeios e voltava para casa sem querer dar satisfações para Harry, que morria de preocupação com a idéia de alguém a capturando ou lhe dando uma paulada. O mais importante é que os dois ainda eram muito amigos e conversavam muito: Nagini sabia do professor Snape, a antipatia que Harry nutria por ele e até da unha encravada de Ron.
Harry Potter soprou as velas que os gêmeos Weasley colocaram no bolo e quase involuntariamente se lembrou de Tom Riddle. Desde aquele dia não tinham mais se visto, e agora, quase seis meses depois, Harry ainda sentiu uma sensação incômoda, que lembrava vagamente tristeza. Mas, era impossível ficar mais de três segundos triste com Fred e Jorge ao lado. O jeito era mesmo se divertir.
Ora, para coroar tudo o que acontecia na vida de Harry, ele conheceu Draco Malfoy. No começo eles não se davam bem e Draco implicava com ele e ele com Draco. Mas, então teve uma festa na escola e ele encontrou Draco chorando no banheiro. Harry perguntou por que Draco parecia um bebê chorão e Draco respondeu: “É tudo culpa sua, Potter.” Harry, sem saber muito bem o que se passava na própria cabeça, beijou Draco. E foi correspondido. Agora fazia dois meses que estavam juntos e foi para Draco que deu o primeiro pedaço de seu primeiro bolo de aniversário.
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1/09/09
Minha cabeça parece que vai explodir. O incompetente do Rodolfo Lestrange disse que não havia mais nada de bens da família Gaunt. Meu tio conseguiu todas as dívidas possíveis para dilapidar o que restava. Para piorar a casa talvez seja vendida para pagar dívidas ainda pertencentes ao meu avô. A sensação de que tudo parece ruir às vezes me dá vontade de rir. Eu esperei cada dia de minha vida, cada hora, cada minuto para poder conseguir parte do que era de meu direito e não me resta nada, a não ser, mais uns dias nesta casa velha e imunda. Eu gostaria de ao menos ter o prazer de matar meu tio. Ontem, este pensamento me veio claro na cabeça. Eu o esperava. Minha alma parecia ter sumido do corpo. Talvez, eu fosse preso, mas o que importava. Naquele momento eu não sentia mais nada ao meu redor, o mundo inteiro estava frio. Ouvi um barulho e apertei a faca, que tantas vezes já havia tirado de sua mão. O barulho vinha do jardim e quando olhei pela janela, vi que uma cobra deslizava pelas folhas secas. Aquilo me distraiu dos meus propósitos e a fiquei observando durante horas. Outras coisas se passaram na minha mente e resolvi sair de casa. Nunca mais voltarei. Não irei procurar Albus - não tenho coragem de contar nada disso para ele. Muitas pessoas me receberiam, mas quero ficar mais sozinho que acompanhado. Ainda tenho meu emprego e preciso terminar a faculdade. Ah! Harry, Harry. Como eu gostaria de uma sopa quente feita por você agora.
Tom Riddle
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As coisas só não mudaram muito em casa e Harry continuava com suas obrigações, apenas aprendeu a fazer tudo mais rápido, de modo que tia Petúnia não notasse um sabãozinho extra nos pratos, um pouco de poeira debaixo do tapete, umas verduras mal-lavadas e, bastava manter longe as baratas que tudo estava bem. Harry um dia acordou e estranhou o rapaz que o olhava no espelho do banheiro. O cabelo espetado e um tanto comprido e um par de sonolentos olhos verdes que o observavam, e que sorriu assim que Harry disse: “Bom dia, Harry Potter!” Lavou a cara feliz que não estivesse com tantas espinhas como Duda, e que o formato de sua cabeça não fosse de uma caçarola.
Três coisas no mundo faziam Harry achar sua vida ótima: seu namorado Draco, seu amigo Ron e sua cobra Nagini. Já não se sentia só e isso lhe dava força até mesmo para suportar ter flagrado tio Valter dando um beijo em tia Petúnia.
- Harry - disse Draco um tanto enjoado - nunca fiz compras num...num supermercado. Que lugar deprimente. Quer dizer que é daqui que Dobby compra nossa comida?
Harry se divertia em ter arrastado Draco com ele para fazer as compras. Dobby era o cozinheiro dos Malfoy e sempre que Harry ia lá - coisa que não parecia muito do agrado de Lucius - Dobby contava como tinha que se entregar aos caprichos daquela família. Dona Narcisa sempre de regime, Draco só querendo torta de nutella. Pela aparência dos pais de Draco, Harry achava até um milagre que ainda comessem. Enquanto na sua casa, só ele e tia Petúnia eram magros, na casa dos Malfoy todos eram fininhos como serpentes.
- Ora, Draco, não foi você que disse que queria passar um dia inteiro comigo? Bem, é isso que eu faço. Sinto muito se não posso levar você para umas férias no Caribe ou ir na Itália comprar uma almôndega.
- Harry como você é ignorante. Acho que só viu estes lugares pelo mapa-múndi. Mas, não se preocupe, se um dia casarmos, eu levo você para conhecer cada um desses lugares. Você só não é pior que o Ron, que não sabe onde fica a Albânia.
Harry olhou para Draco, e era incrível como ele sempre metia o Ron nas suas conversas. Ron também fazia a mesma coisa e Harry desistiu de acalmar as implicâncias entre os dois. No momento estava mais interessado na lista que tinha feito. Draco empurrava o carrinho dando muxoxos e pareceu horrorizado quando Harry jogou um saco de feijão lá dentro.
Ele ainda queria perguntar a Draco se alguém, por acaso, sabe onde fica a Albânia, mas...
Harry parou de repente e empalideceu. Ele viu Tom.
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Depois de quase um ano e no mesmo lugar ele revia Tom Riddle. Como sempre Tom estava sozinho e parado impacientemente numa fila. Apertava a alça da cestinha que continha menos coisas que da vez anterior. Parecia mais magro, mas estava bem vestido - deveria ter largado agora do trabalho. Harry pensou em falar com ele, mas não sentiu o mesmo ímpeto para dizer um “oi!” como teve no dia que o viu no ônibus. Imaginou se Tom ainda o chamaria do “garoto-que-cozinhava”. Draco bateu com o carrinho na sua perna.
- Harry, você esqueceu de comprar alguma coisa? Sim, porque parece estar fazendo o maior esforço do mundo em lembrar. Por favor, diga que já acabamos, eu não aquento mais. Odeio pimentão e você colocou um monte bem diante de mim.
A pancada no tornozelo e as queixas de Draco o fizeram acordar e ele riu. Mas, foi brevemente. E se nunca mais visse Tom outra vez? Não seria melhor assim? Tom não falou com ele depois daquele dia, isso parecia dizer que não eram nem ao menos amigos. Tom devia ter se mudado, pois Harry soube há pouco tempo que a antiga casa tinha sido vendida e demolida. E se Tom tivesse morando em algum lugar distante, como na Albânia, e só tivesse vindo fazer uma visita aos amigos? Notando melhor, ele estava arrumado demais para ter saído do trabalho. Poderia ter ido a uma festa com aquela roupa. Harry nem notou que Draco, cansado de esperar, dirigiu o carrinho deles para uma fila. Apenas quando viu o rapaz louro atrás de Tom, seu coração começou a bater descompassado.
- Vem logo, Harry. Parece que esta é a única fila que está andando.
Tom se virou. Ele olhou para Draco e para o conteúdo do carrinho.
- Harry prometeu fazer uma sopa para você? - disse Tom, com algo de diversão na voz - Não permita que ele a queime.
- Sopa? Eu odeio sopa, só gostei de uma, de amoras e fria.
Harry tinha se aproximado lentamente e agora teve que dizer “olá, Tom!” Tentou ser natural, mas sentiu as faces arderem quando Tom olhou nos seus olhos e respondeu friamente “olá, Harry!” Draco parecia apenas interessado em que Tom desse logo os passos seguindo a fila. Harry os apresentou. Teve que apresentar Tom como um “antigo amigo”. Tom sorriu, estava se lembrando de Albus e Gellert.
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Harry chegou em casa com uma terrível enxaqueca. Por sorte o motorista de Draco, o deixou em casa com as compras. Ele se despediu e disse que ligaria mais tarde. Draco estava preocupado e até se ofereceu para ficar com ele, mas Harry o lembrou que seus tios poderiam estar em casa. Os pais de Draco não gostavam de Harry, mas sabiam do namoro dos dois, já os Dursley se desconfiassem que Harry namorava garotos, o expulsariam de casa, antes que ele dissesse a palavra gay.
Quase pisou em Nagini de tão cego que entrou no quarto. Se jogou na cama e começou a chorar. Era a enxaqueca, dizia para si mesmo. “Tom...” sua cabeça repetia no mesmo ritmo da dor latejante. Por que Tom teve que reaparecer? Eles não falaram muito, aliás, não pareciam ter nada o que falar. E depois das compras, eles deram adeus como quase estranhos. E não eram estranhos? O que ele e Tom, realmente, sabiam um do outro? Foi tão breve e quase nada o relacionamento que mantiveram. Se não fosse o fato deles terem se beijado, poderiam mesmo afirmar que eram desconhecidos. “Tom...”
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15/10/09
Ontem, tive uma ótima noite na casa de Slughorn - foi o aniversário do professor e ele estava contentíssimo, até demais para confessar o seu interesse por mim. Não foi fácil escapar do assedio do professor, mas agora eu me sinto um tolo em tê-lo feito. Albus não se mostrou totalmente indiferente quando soube que eu estava sem casa, oferece-se para me ajudar, “Pagarei seu aluguel, Tom. Não se preocupe, não estará sozinho.” Como ele pode dizer isso, quando estamos no terceiro ano de um relacionamento, que só não se concretiza em casamento porque ele não quer que eu more com ele? Ora, não preciso dele, estou dividindo um apartamento com Peter. A mãe de Peter manda algum dinheiro para que ele possa estudar aqui. Ao menos Peter faz o que eu quero. Não entendo Albus, ele parece frio, mas quando percebeu o interesse de Slughorn por mim, pareceu enciumado Também, finalmente, a minha dúvida foi tirada, ouvi que ele e Gellert foram amantes. Ora, Tom, para que ser ingênuo, eles ainda são e é por isso que Albus mantêm você a certa distância. Quando eu disse que ia terminar, ele ficou me vigiando. Sempre sabia cada passo meu, por fim, apareceu na loja com um presente e pedindo para voltarmos. Slughorn foi cruel e me disse que Albus me trata como um filho. Eu respondi que pais não vão para cama com os filhos e ele se calou e balançou a cabeça. Hoje, quando voltava da festa na casa de Slugh, passei no supermercado e encontrei Harry Potter. Parece que ensinei algo a Harry, ele estava com o filho de Lucius. Conheço os Malfoy, fomos apresentados na casa dos Lestrange e Bellatrix fez questão que eu mostrasse minha habilidade secreta para sua irmã. Eu aprendi com uma velha cigana a colocar cartas. O senhor Malfoy parecia incrédulo até que sugeri “certo ruivo ao seu lado”. Nunca recebo por fazer isso, e o faço apenas para amigos próximos, como os Lestrange. Bela me daria qualquer coisa que eu pedisse, até seu corpo. Agora, isto eu não previ, o filho de Lucius com o meu Harry. Não consigo ver nada para mim e ele aqui nestas cartas. A cigana disse que não posso ver nada sobre minha vida. Ao que parece a carta da Morte tem uma importância muito grande e se coloca entre nós dois. Também não posso perder tempo com isso agora, Barty ficou de vir aqui em casa. Ele me trará alguns livros.
Tom Riddle
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O cansaço de Harry foi tão grande que ele adormeceu. Ouviu passos no corredor e se levantou titubeante até a porta. Não conseguiu achar seus óculos, mas nem adiantaria, o corredor estava escuro e alguma coisa rastejou aos seus pés. No principio Harry pensou que era Nagini, mas ao contrário da cobra, o que ele sentia era morno e pegajoso. Seu coração bateu com força e ele tentou caminhar até o quarto dos Dursley, um pressentimento horrível se apossava dele. Rasgar. Romper. Matar. Ele escutava e quando sua mão se colocou sobre a maçaneta, uma mão fria se fechou sobre a sua. A respiração quente tão perto de sua nuca o deixou paralisado. Onde estavam seus tios? O que poderia ter acontecido com eles? Harry tentava libertar seus dedos, mas eram cada vez mais pressionados na maçaneta que parecia queimar. As paredes pareciam se movimentar e a coisa que estava atrás dele parecia tão viscosa quanto o que se rastejava no chão. Harry começou a gritar porque sentiu seus dedos se rasgando até os ossos. Sentia que ia morrer. TOMMM!!!!!
Ele acordou.
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Umas páginas flutuaram na sua frente. E o sol parecia estar se levantando atrás de uma folhagem densa e escura. Uma camada dourada cobriu as folhas, mostrando um tom verde-vivo. Um menino correu ao redor de Harry que teve um sobressalto. O menino riu e ele viu que o menino tinha dois olhos tão verdes quanto o seu. “Bom-dia, papai!” Harry se recuperou do susto e reconheceu Albus, seu coração se acalmou e ele viu que estava de volta a sua casa.
- Bom-dia, Albus Severus. - Disse colocando uma mão sobre a cabeça do filho a outra levou até a cicatriz.
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