Sempre tive alguma dificuldade em perceber as pessoas nacionalistas, principalmente quando o país em causa é Portugal.
Quando vim viver para Barcelona conheci várias pessoas da américa latina e dei-me conta de algo em que nunca tinha pensado. Estas pessoas para viajarem, para trabalharem, para estudarem, entre outras coisas, precisam de um Visto. A
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Eu acho que a nacionalidade é aquilo que se pode pôr em papel, enquanto que a naturalidade é que já te obriga a dizer onde nasceste. Eu nasci no Brasil, passei a minha infância na Venezuela, voltei ao Brasil e cá estou eu em Viana do Castelo há quase doze anos (e a última vez que lá voltei foi há cinco). A minha mãe é brasileira, meu pai português e, ainda, meu avô materno era também português, pelo que, como já deves ter adivinhado, tenho dupla nacionalidade: os dois BI's, os dois passaportes, os dois títulos de eleitor, os dois números de contribuinte... só o da segurança social é que tenho apenas o de cá. Eu digo que sou portuguesa nascida no Brasil, mas uma colega e amiga com quem estudei em Coimbra sintetizava melhor a coisa e dizia que eu era luso-brasileira-minhota :)
Quanto aos rapazes da selecção, se acharam conveniente adquirir o tal pedaço de papel que lhes permite jogar em grandes competições internacionais, força nisso, que não será por aí que deixarão de ser brasileiros (se quiserem). Eu ando à procura de emprego e não há muito tempo descobri que raramente me chamavam para entrevistas se metesse "Brasileira" no campo "nacionalidade". Quando percebi que estava em pleno direito de lá meter "Portuguesa", foi ver as chamadas a crescer consideravelmente. Mais tarde falei com um amigo sobre o assunto e ele disse-me que era por questões de papelada, pois é mais fácil contratar alguém que tenha nacionalidade portuguesa, do que estrangeiro com visto ou mesmo que legalizado, blá blá blá... Nem sempre perguntam, mas quando é para preencher o campo da naturalidade, aí é que não tenho por onde fugir e escrevo Maceió, Alagoas, Brasil.
E agora que encontraram água em Marte, será que, se emigrarmos para lá teremos que acrescentar também "Planeta Terra"? :P É que às vezes, ser obrigado dizer onde foi que se nasceu é chato, até porque nem sequer é escolha nossa e não acho justo que só por causa disso sejamos obrigados a nos identificarmos com determinado lugar (fosse eu a escolher, seria anglo-mexicana a viver em Bombaim! :D), ou pior ainda: que nos identifiquem a nós com aquilo que acham que o lugar e suas gentes devem ser.
Já não lembro se foi Edward Said ou se foi o Naipaul (acho que foi o Said) que disse sobre o seu próprio hibridismo "I don't claim the glories of either", mas desde que li esta frase, tomei-a como meu lema.
PS: Achei o teu journal interessante e, se não te importar, vou adicionar para vir cá mais vezes e donos de labradores só podem ser boa gente ;D
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vou adicionar-te também (:
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