A cidade está em guerra

Nov 25, 2010 18:40

E incendiaram um carro na rua ao lado da minha casa. Meu bairro até apareceu na Globo. Só umas 4 ou 5 vezes, claro, porque a cidade está toda sitiada e coisas tão ou mais piores acontecem a cada dez minutos, mais ou menos.

Os helicópteros ficam voando em cima da minha casa. O Datena não cala a boca na tv e fica me assustando. E, para completar, meu pai, que normalmente não chega em casa antes das dez da noite, acabou de aparecer aqui. Ou seja, é mesmo vida ou morte lá fora.

Nesse momento, estou faltando à aula. Tenho que pegar um ônibus (tipo aqueles que eles andam queimando), atravessar metade da cidade e ainda andar um pouco. De noite. No vazio do Centro. Então, não, obrigada. Prefiro ficar revisando a parte I do meu livrinho.

Agora, o que eu não acredito é que as orientações são, tirando quem mora em zonas de altíssimo risco, para continuar a vida normal. Isso é loucura. Eu até podia sair normalmente, mas nada garante que eu não ganhe uma bala na cabeça no meio do caminho. Ou morra queimada. Mesmo assim, a UFRJ não suspende as aulas. Suspendeu quando choveu para cacete, mas não quando só rola tiro na rua. Por que? Porque seria uma derrota diante dos bandidos. Conceito ideológico mesmo.

Francamente, não tenho paciência para isso. Isso é teoria que não funciona, não aqui. É claro que eu sei que não morro dentro da faculdade (quer dizer, só se desabar daquelas malditas escadas = provável), mas na rua é quase outro universo. Mas, pelo visto, isso não importa. A ideologia é mais importante, o conceito que os criminosos não podem vencer pelo medo. Na teoria é mesmo muito bonito.

Mas, na prática... desculpe, UFRJ, mas minha vida ainda é mais importante do que qualquer matéria. E depois de ter visto isso, então, não saio nem por ordem presidencial.

rio de janeiro, brasil

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