Tarantino e o Paulo
Quando eu, mamis, papis e Fernanda estávamos sentindo o friozinho de São Leopoldo, tio Luciano nos levou para conhecer o Paulo. Ele é quem diz “o Paulo”, eu nem coloco artigo antes de nome próprio. Enfim, conhecer o bar do Paulo porque (o) Paulo é um cara boa praça, que o considera bastante, é honesto, gentil e coisa e tal. Além de que tio já estava enturmado com os freqüentadores d’o Paulo. Então, o Paulo não tem uma personalidade extrovertida nem falante, mas é sim, um cara boa praça. À noite o pessoal vai jantar lá... carne, carne e vinho (mas nada de Miolo). Friozinho aconchegante, cotovelo na mesa gelada e gente que vai se chegando a todo o momento. Nem achei verdade que gaúcho é povo fechado... a não ser que os gaúchos do Paulo sejam diferentes. O melhor são as conversas, as estórias, o cheiro de cigarro misturado com o da carne chegando quente. O conforto. É sim, porque há uma sensação de conforto no meio de tanta gente que conversa “direitinho”.
Eu sinto que no dia-a-dia ninguém conversa. As pessoas fazem comentários esparsos. E inúteis, mas acham que antes a insignificância do som que ficar quieto. E talvez seja mesmo. E eu faço isso também, haha. Mas onde ficam as estórias? Desses comentários não se leva nada, nada novo, nada que possa ser passado a frente. Ou chegará um ponto em que a inutilidade vai se acumular quando transmitida. Algo do tipo: “Fulano me disse ontem que achava que ia chover”. É porque realmente, né?
Pensando nos diálogos (ou na falta deles), lembrei dos diálogos de Tarantino. Como eu não soube explicar a minha idéia de conversa “direita”, vou exemplificar. Eu nunca lembro o nome dos personagens, então vai o do ator:
Travolta - (...) São as pequenas diferenças... Têm a mesma merda que nós, mas diferente.
Jackson - Por exemplo...
Travolta - Pode comprar uma cerveja no cinema de Amsterdã. Não em copo de papel, é uma caneca de cerveja. Em Paris, o McDonald’s vende cerveja. Sabe como chamam um “Quarteirão com Queijo” em Paris?
Jackson - “Quarteirão com Queijo”, não?
Travolta - Usam o sistema métrico. Não entendem.
Jackson - Como chamam?
Travolta - É um “Royale com Queijo”.
Jackson - “Royale com Queijo”? E um “Big Mac”?
Travolta - “Big Mac” é “Big Mac”, mas é “Le Big Mac”.
Jackson - “Le Big Mac”. E um “Whopper”?
Travolta - Não sei... não fui ao Burger King. Sabe o que colocam na batata frita na Holanda? Maionese.
Jackson - Ill!
Travolta - Eu vi. Mergulham nessa merda.
Jackson - Argh!
Não importa se é cultura inútil. Ao menos é conversa. Além do mais o conceito de útil ou inútil é relativo. Mas sobre isso, depois a gente senta e conversa.
Eu sinto que no dia-a-dia ninguém conversa. As pessoas fazem comentários esparsos. E inúteis, mas acham que antes a insignificância do som que ficar quieto. E talvez seja mesmo. E eu faço isso também, haha. Mas onde ficam as estórias? Desses comentários não se leva nada, nada novo, nada que possa ser passado a frente. Ou chegará um ponto em que a inutilidade vai se acumular quando transmitida. Algo do tipo: “Fulano me disse ontem que achava que ia chover”. É porque realmente, né?
Pensando nos diálogos (ou na falta deles), lembrei dos diálogos de Tarantino. Como eu não soube explicar a minha idéia de conversa “direita”, vou exemplificar. Eu nunca lembro o nome dos personagens, então vai o do ator:
Travolta - (...) São as pequenas diferenças... Têm a mesma merda que nós, mas diferente.
Jackson - Por exemplo...
Travolta - Pode comprar uma cerveja no cinema de Amsterdã. Não em copo de papel, é uma caneca de cerveja. Em Paris, o McDonald’s vende cerveja. Sabe como chamam um “Quarteirão com Queijo” em Paris?
Jackson - “Quarteirão com Queijo”, não?
Travolta - Usam o sistema métrico. Não entendem.
Jackson - Como chamam?
Travolta - É um “Royale com Queijo”.
Jackson - “Royale com Queijo”? E um “Big Mac”?
Travolta - “Big Mac” é “Big Mac”, mas é “Le Big Mac”.
Jackson - “Le Big Mac”. E um “Whopper”?
Travolta - Não sei... não fui ao Burger King. Sabe o que colocam na batata frita na Holanda? Maionese.
Jackson - Ill!
Travolta - Eu vi. Mergulham nessa merda.
Jackson - Argh!
Não importa se é cultura inútil. Ao menos é conversa. Além do mais o conceito de útil ou inútil é relativo. Mas sobre isso, depois a gente senta e conversa.