Jan 04, 2009 00:44
são pedaços de memórias dos dias felizes .
o registo do amor que somos - do amor que fazemos, a cada detalhe, a cada pormenor . e se somos iguais, meu mirtilo, neste amor doido, feito mil vezes, em madrugadas velozes e despenteadas, desfeito outras tantas, nos beijos que damos enquanto trocamos de coração .
são as viagens, as chegadas aos lugares onde já fomos muito felizes - pousar-me no teu ombro, pedindo colo, aninhando-me no teu braço direito . são os abraços em meia lua, entre lençóis . e reconhecer o cheiro doce e primaveril dos teus cabelos, nos caracóis que te desenho com as pontas dos dedos .
são fugas - e seres-me casa, a cada regresso .
vou demorar-me, vou ficar - vou ser contigo .
vou repetir-me, declarar-te este amor maior, muito maior do que eu, do que nós - este amor que já o era antes de o sabermos, este amor adivinhado, mil anos antes de acontecermos .
são gavetas partilhadas e o jornal de sábado lido a meias - ou beijar-te, em câmara lenta, estudando, em deslizes mansos, o ângulo perfeito do teu nariz, desenhado a régua e esquadro .
que não há verbos conjugados em -te, nem advérbios, nem substantivos; que não há como escrever-te o amor que te trago; que, em mim, amor será, para sempre, uma palavra de cinco letras .