Você já sentiu o desejo de matar? Sim... matar, assassinar, esfaquear, estrangular, afogar, torcer, esmurrar, espancar até jorrar sangue por todos os poros do corpo do indivíduo.
Corro até a cozinha e pego uma faca, não muito afiada, essas que usamos para cortar pão. Corro novamente até sua direção e me deparo com sua face sorridente. Pulo sobre ele, meto a faca em sua carne uma vez, duas, três e quatro e cinco vezes seguidas enquanto agoniza e se debate. Mas meu ódio é imenso e não se rende a súplicas tardias. A consciência de calar-te é tão prazerosa que não me contenho em cravar a faca mais seis e sete e oito vezes, mas dessa vez em seu pescoço, para não emitir ruído algum, qualquer som que seja vindo de suas cordas vocais me faz tremer e ranger os dentes. Odeio-te. É possível que o ame calado e imóvel. É possível. O sangue está por toda parte, por toda casa e escorre pegajosamente pelas paredes - cúmplices. Se for verdade que as paredes "guardam em memória" os acontecimentos internos, quero que guardem essa minha sensação de liberdade e leveza.