Pues el sábado por la mañana hemos encontrado un par de fics más bajo el árbol.
Hay que ponerse las pilas, a ver si en el festival de San Valentín tenemos la participación de más gente (la semana que viene empezamos a preparar la actividad)
De momento vamos con el primer regalo:
Título: O amor (não) te escolheu
Autor:
cellylsRegalo Para: Yvarlcris
Personaje/pareja: McDanno
Clasificación y/o Género: T (PG13), humor, romance, pining, almas gêmeas, cupido
Resumen: Steven recebe a visita de um cupido. Aparentemente, a infelicidade na vida do SEAL reflete a insatisfação geral da humanidade com o amor. Eles terão que encontrar a felicidade amorosa para o marinheiro antes que o setor do Amor seja definitivamente fechado. O problema: Danny não é sua alma gêmea.
Disclaimer: Hawaii Five-0 e seus personagens não me pertencem. Esta fic não tem fins lucrativos.
Advertencias: menção breve ao atentado de 11 de setembro de 2009 (episódio 6, temporada 3)
Notas (si las necesitas): spoilers até a terceira temporada
O amor (não) te escolheu
A missão fora um sucesso. Ou, como Danny dissera: uma mostra do total descaso de Steven com qualquer procedimento e a própria segurança. Mas nas fotos e filmagens da mídia, o suspeito estava algemado e sendo levado para a delegacia. Era um resultado ótimo, a aceitação do trabalho da equipe na ilha estava melhor que nunca.
A multidão ao redor dos colegas falava alto, vários filmavam e tiravam fotos do veículo de ponta-cabeça no canto da via. Ninguém se ferira. Não de forma muito séria.
O suspeito tinha uma concussão, que sequer fora causada por Steven. O homem chocara o carro contra a mureta sozinho. E se Steven estava com a testa arranhada, fora porque quase não parara a tempo na perseguição.
Então, na opinião do SEAL, se alguém era irresponsável ali, era o suspeito de tráfico que fugira quando Danny dera voz de prisão.
"Você vai ao hospital ver isso aí," o loirinho reclamou, fazendo careta para o arranhão na testa do fuzileiro.
Steven passou a mão no local, sentindo a pele sensível. Não estava sequer sangrando. Balançou a cabeça. "O paramédico já viu. Eu não bati o carro, devia estar feliz."
Daniel semicerrou os olhos, encarando o colega. Não disse mais nada. Voltou a atenção para os outros policiais, que recolhiam os pacotes de droga espalhados pelo chão da rua. O porta-malas do carro fugitivo abrira com o impacto e o conteúdo espalhara-se na via.
Talvez a quantidade de pessoas não estivesse apenas satisfeita ou torcendo pelo Five-0. Os noventa quilos de cocaína ao relento na via expressa poderiam influenciar a quantidade de espectadores.
Steven passou a mão pelos cabelos e exalou o ar, sentindo o restante da adrenalina deixar seu corpo. Seus olhos pausaram sobre um rapaz no meio da multidão do outro lado do cordão de isolamento. Era um jovem homem franzino, os cabelos castanhos quase dourados. O rosto cheio de sardas contrastava com a pele bronzeada, acentuando ainda mais os olhos verdes. Vestia roupas comuns, camiseta e calça jeans surrada.
Ele observava Steven atentamente.
O fuzileiro parou e cruzou os braços, sustentando o olhar dele. O rapaz sorriu, acenou de leve com a cabeça e virou as costas, abandonando a multidão. Steven o acompanhou com os olhos, mas ele sumiu em meio às demais pessoas.
"Aqui, chefe, eles querem tirar mais uma foto!" Kono chamou. Ela já estava ao lado do primo e de Danny, os três de pé perto da pilha de drogas, reunida e ensacada na traseira de um dos camburões da polícia.
O SEAL encontrou-se com os colegas e pousou para a fotografia. Aproximou-se do ouvido de Danny, que sorria para o fotógrafo. "Está perto do almoço. O que vai querer?" cochichou.
"Vou almoçar com a Grace, hoje." Danny não interrompeu a pose, as mãos na cintura. Ele estava mais a frente, por ser o mais baixo.
Steven concordou, escondendo o leve desapontamento. Fazia tempo desde a última vez que Danny e Grace se reuniram para almoçarem. A garota estava sempre cheia de compromissos nos finais de semana, atividades extraescolares, encontros com amigas e viagens com a mãe e o padrasto. O comandante estava feliz por Danny ter tempo com a filha, mas também queria almoçar com o loirinho. Lembrou-se de sorrir, ou ao menos esconder a carranca que queria se formar. Não precisava que os jornais registrassem sua expressão e o loiro o intimasse no futuro para saber que tipo de "cara" era aquela.
O fotógrafo pareceu satisfeito, e os amigos se dispersaram. "Te vejo na sede," Danny falou, embarcando no Camaro e deixando Steven para trás.
O SEAL embarcou na picape, que quase arranhara na mureta da via expressa ao frear atrás do suspeito, e foi encerrar papelada antes do almoço.
Ele odiava essa parte.
-x-
Meia-hora, e Steven entrava no restaurante próximo da sede. Sozinho.
Ele debateu se apanharia apenas um sanduíche para comer no escritório, mas decidiu que precisava de mais que isso depois da última perseguição. Ele comeria uma sobremesa como recompensa por não ter explodido nada na frente de Danny. E por não ter implorado para ir junto ao almoço de pai e filha. Sorriu.
Apanhou seu pudim e saiu do restaurante. Assim que passou pela porta, viu de relance cabelos dourados ao sol. Ele continuou o caminho, seguindo pela calçada. Observou pelo reflexo de uma das vitrines.
Sim, o rapaz que ele vira na multidão algumas horas antes estava ali. Ele o seguia.
Steven virou para frente e continuou caminhando, apressou o passo. Dobrou a primeira esquina entre duas lojas e aguardou. Contou. Três. Quatro…
O jovem homem de cabelos dourados fez a curva, os olhos atentos adiante, não esperava que Steven o aguardasse logo ali.
O comandante o interceptou, agarrando e torcendo um de seus braços e esmurrando-o contra a parede da loja. Apertou o rosto dele contra o cimento. "Por que está me seguindo?" exigiu.
O rapaz contorceu o pescoço para olhar para Steven. A expressão que tinha era admirada em vez de amedrontada.
McGarrett aplicou um pouco mais de pressão no braço torcido do rapaz. Esse gemeu de leve, mas não diminuiu o sorriso que se formava. "Você realmente é formidável," o sujeito comentou, o rosto esmagado entre o antebraço de Steven e a alvenaria da parede. "Como o esperado de um fuzileiro bem treinado."
"O que você quer?"
"Eu vim tratar de negócios. Temos um problema que não pode esperar."
"Temos? Você e quem mais?"
O rapaz abriu mais ainda a boca em um sorriso. "Eu e o amor de toda a humanidade!"
Steven bufou uma vez. Tinha um engraçadinho em suas mãos. "Ótimo. Não vai se importar de explicar tudo na delegacia, certo?"
"Não posso esperar. Tenho quarenta e oito horas pra consertar o erro e te tornar uma pessoa feliz no amor."
-x-
Steven empurrou o rapaz algemado pela porta da sede. Kono estudava algum caso na mesa computadorizada e não deu atenção ao SEAL e ao jovem magrela que quase tropeçou com a pressa em que Steven o levava para a sala de interrogatório.
"Bom almoço, chefe?" ela perguntou sem retirar os olhos da tela. "Temos um caso."
"Certo. Isso aqui vai ser rápido." Ele atravessou o corredor, levando o sujeito para a sala cinza no outro lado do escritório.
O rapaz olhou ao redor, o rosto curioso, mas despreocupado. Steven o guiou para sentar na única cadeira, presa ao chão no centro da sala. Ele ajeitou-se e ficou sorrindo para o SEAL.
Steven cruzou os braços. "Certo. Explique-se, e talvez eu te acuse só de ameaça."
"Você tem que se tornar feliz no amor, ou o meu setor será fechado na próxima auditoria. Aí, adeus romance. A humanidade não terá mais motivos pra vender chocolate no dia dos namorados."
Steven olhou para o teto. Ele estava drogado? Parecia saudável fisicamente. Talvez fosse apenas um problema mental e ele estava perdendo tempo. "Não está se ajudando."
O rapaz exalou o ar, como que irritado. "Houve alguns erros de cálculo…" Enrugou o rosto. "Eu admito, foram muitos." Ele limpou a garganta e acertou a postura. "Acontece que teremos uma auditoria e você foi um dos casos selecionados. Está emparceirado com a pessoa errada e precisamos consertar tudo antes que o supervisor decida de vez que precisa encerrar o setor."
Steven olhou para os lados. O rapaz não tinha qualquer documentação. Se ele trabalhasse para o departamento, não abordaria Steven dessa forma. "Qual auditoria, e de qual setor está falando?"
"Auditoria de felicidade. Setor do Amor."
Steven ficou parado, aguardando mais explicações. Mas o rapaz parecia contente com a resposta, como se aquilo quisesse dizer alguma coisa. "A-ham." Steven assentiu com a cabeça, concordando devagar. Deu um passo para trás. Talvez fosse melhor chamar algum psiquiatra.
"Na verdade, o que vai ser constatado na auditoria é a infelicidade. A sua, pra ser mais preciso. Os seus níveis são alarmantes. Tem um burburinho por aí que pretendem fechar o setor há séculos. Algo sobre a insatisfação geral da humanidade com o amor e blablablá," o rapaz conversou, irritadiço. Parecia mais preocupado com seus delírios do que com o fato de estar algemado numa delegacia. "O seu caso é a prova viva."
"Oh." Steven pausou para concordar de novo antes de abrir a porta. Ele precisava de médicos.
"Sim. Temos um problema sério aqui. A sua alma gêmea foi desviada para outro destino. Algum funcionário - incompetente, eu admito - confundiu umas letras no sistema. Até aí tudo bem, não é a primeira vez," debochou, como se imitasse alguém. "Mas acontece que o erro foi encaminhado pro setor do destino e… bom. No lugar de Daniela Wiliam, alma gêmea de Steven McGarrett, quem veio para a ilha foi Daniel Williams. Um detetive qualquer."
Steven travou. Encarou o rapaz.
"Vocês não combinam," ele reclamou. "Você está infeliz. Houve um erro fenomenal. Agora, se for constatado que o Setor do Amor não é eficaz, acabou pra todos. Já era. Sem amor pra humanidade."
Steven pausou, interessado no devaneio do homem. "O que tem o Danny?"
"Não era pra ele estar aqui. Temos que fazer reajustes com o menor nível de dano possível ao destino. O certo seria trazer sua alma gêmea original, mas… digamos que ela está bastante feliz e as modificações seriam grandes demais. Estou trabalhando com recursos limitados aqui. Os superiores não podem saber." Ele encarou Steven nos olhos. "Vou encontrar alguém adequado pra você. Será feliz nos próximos dois dias, ou não me chamo Stuart."
"Stuart de quê?"
O rapaz balançou a cabeça. "Não adianta, eu não tenho documentos. Não preciso deles."
Uma batida na porta chamou a atenção do comandante, e Danny entrou na sala de interrogatório. "Hey, babe. Estamos te esperando pra reunião sobre o roubo do banco."
Ele assentiu com a cabeça. "Eu já estou terminando aqui." Olhou de volta para o jovem Stuart. Mas a cadeira estava vazia.
O SEAL girou ao redor de si, rápido, procurando todos os cantos da sala, mas o jovem não estava lá.
"Ele saiu! Como ele saiu?!" Afastou Danny do encosto da porta e passou por ele, vasculhando o corredor vazio.
Danny aguardou, ainda na porta. "Do que está falando?"
"Stuart. O suspeito. Ele estava sentado ali e escapou. Como ele passou por nós?"
Danny juntou as sobrancelhas. "Eu não vi ninguém."
"Merda!"
Steven correu para a mesa computadorizada. Kono e Chin o aguardavam, os detalhes do roubo do banco explanados nos vários arquivos e nas telas ao redor da mesa.
"Quero os vídeos de segurança. Um suspeito escapou da sala e está no prédio," Steven observava todos os cantos.
Kono prontamente acessou os arquivos. Danny aproximou-se, atento ao SEAL.
O comandante caminhou de um lado para o outro, tentando entender como fora tão descuidado. "Ele está algemado. Aproximadamente vinte anos. Cabelos castanho-claros," explicou.
"Hm… Chefe?" a mulher chamou sua atenção.
Steven parou ao lado dela para ver a informação nas filmagens. "Ele foi pro depósito? Só pode ter sido pro depósito," considerou, procurando a informação na imagem.
Mas a policial balançou a cabeça, os olhos preocupados na direção do comandante. "Não tem ninguém."
"O quê?" Ele abaixou a cabeça, cara a cara com o vídeo. Não acreditou no que via.
"Só tem você," ela disse. "Você entrou sozinho na sede."
-x-
Como era possível? Stuart o seguira pela cidade, pessoas abriram caminho para eles passarem pela rua, pela entrada da sede do Five-0.
Mas as câmeras não mentiam. Steven passara pelos mesmos lugares dos quais se lembrava, porém não havia ninguém com ele. Ele ficara falando sozinho por cinco minutos na sala de interrogatório.
Steven passou o restante do dia analisando e reanalisando o ocorrido em sua mente, diante da mesa no escritório.
As tarefas foram distribuídas entre a equipe para a investigação do roubo de banco e Danny, de forma discreta mas não despercebida, sugerira que ele e Steven assumissem as funções que podiam ser realizadas de dentro do escritório.
McGarrett discordaria. Ele sempre discordava quando o assunto era ficar para trás enquanto havia trabalho de campo a ser feito. Mas estivera tão desnorteado que deixara a oportunidade passar. E se fosse sincero consigo mesmo, ele assumiria que concordava com a decisão sensata do parceiro.
Parceiro que o observava a cada cinco minutos através das paredes de vidro do escritório.
Danny ainda tinha o gancho do telefone ao ouvido, conversava e gesticulava, mas seus olhos sempre encontravam o comandante depois de alguns minutos.
O SEAL esfregou o rosto e exalou o ar. Ele tivera muita agitação durante a manhã. Pegara sol durante o recolhimento das drogas na perseguição e fora a pé para o restaurante. Poderia ser insolação. Ele se sentia um pouco enjoado. Alisou a barriga.
Danny apareceu em sua porta. "Vamos?"
O comandante levantou o rosto do arquivo que deveria ter lido, mas não passara das primeiras duas páginas. "Pra onde?"
O loiro franziu o cenho. "Pra casa. O expediente terminou."
Steven olhou para os lados. Passara as últimas horas sem entender o que acontecera e sequer vira o tempo passar. Ele não fizera absolutamente nada além de matutar e não encontrara uma explicação definitiva para o que se sucedera com o suposto Stuart.
Concordou. Levantou-se, e sua barriga roncou. Oh, era fome.
Danny sorriu. "Hoje é sexta. Acho que está estressado. Vamos comer algo decente e beber." Bateu no ombro do comandante.
-x-
A comida foi ótima, e Steven sentia-se muito melhor. Livrara-se dos vestígios de preocupação daquela tarde.
Fora alguma confusão. Todos estavam bem e ele fora o único afetado. Talvez tenha inalado um pouco das drogas, talvez insolação, talvez desidratação. Talvez falta de sono decente por trabalharem incessantemente nas últimas semanas até encerrarem o caso com a perseguição épica que, a propósito, era transmitida na televisão no topo do bar ao fundo do restaurante.
Danny levantou-se. "Muita cerveja. Preciso de água." Encaminhou-se para o banheiro, e Steven acenou para a garçonete do outro lado do estabelecimento.
O local estava agitado. Não o suficiente para perturbar a refeição, mas havia vários clientes nas mesas ao redor do SEAL. Steven apanhou o restante da bebida, pediria mais uma quando a garçonete chegasse.
Viu Stuart. De pé, ao seu lado. Quase engasgou.
Ele esticou o braço para apanhar o rapaz, mas este sumiu instantaneamente e reapareceu na frente do comandante, no assento de Danny.
"Mas que-"
"Olha só, eu tenho algumas ideias," Stuart disse. Estava ali, sentado e displicente. Desaparecera diante dos olhos de Steven e reaparecera em outro lugar. Não era Stuart que estava com um problema mental. Era Steven.
O comandante piscou várias vezes. "Como- como foi que chegou aqui?" O jovem estava concentrado na prancheta que segurava. "Como foi que escapou da delegacia?" Steven levou a mão para trás, mas não estava com as algemas.
Sim. Eles estavam fora do horário de trabalho.
Stuart levantou o rosto. "Ah, desculpe." Largou o par de algemas sobre a mesa. "Esqueci de devolver."
O comandante apanhou o objeto. Estavam abertas.
"Aqui." O jovem não sorriu como fizera na sala de interrogatório. "Eu estudei algumas alternativas." Agitou a mão direita no ar, na altura de sua cabeça. Uma imagem formou-se como se uma tela de computador se materializasse do nada ali, diante do SEAL, ao lado dos dois. "Que tal essa?"
Steven olhou para a tela, mal registrando que havia a foto de uma mulher na imagem. "O quê?…"
"O que acha dessa pra ser sua alma gêmea?"
Steven balbuciou. Passou a mão no ar, e ela atravessou a imagem na tela. Não havia nada ali, mas a fotografia não se distorceu.
Então a garçonete parou ao lado dos dois. "O que vai ser?" Ela já estava com o lápis diante do pequeno bloco para anotar o pedido.
Steven olhou para a tela flutuante, olhou para a mulher que parecia inafetada com aquilo.
Encarou a bebida. Era isso. Ele estava bêbado. Ele inalara as drogas da perseguição, pegara sol e ainda estava delirando. Esfregou o rosto.
"Cerveja," o rapaz disse.
"Certo," a garçonete respondeu.
Steven arregalou os olhos. A mulher via Stuart.
"E você, querido? Está bem?" ela perguntou para o comandante.
"Ahm." Ele olhou novamente entre os dois. "Está vendo ele?" Apontou para o jovem.
Ela ergueu as sobrancelhas um segundo. "É claro que sim." Anotou no bloco. "Água." Deu ênfase na palavra, olhando para Steven e deu as costas para os dois.
"Então?" Stuart continuou. "Se não gostou dela, tem esta outra." A imagem mudou para uma ruiva. "Ela mora na ilha e acabou de se separar do namorado."
"Você é real," Steven murmurou. Esfregou os olhos de novo.
"Sim. Eu sou seu cupido. Pensei que já tivesse entendido isso. Agora escolha uma dessas mulheres pra viver com ela pra sempre, não temos muito tempo pra você encontrar a felicidade."
Steven balançou a cabeça, acalmando-se. "Espere um momento. Está dizendo que isso tudo é real?"
"Droga. Humanos adultos são céticos." O rapaz fez uma careta. "Por que acha que eu estou aqui? Eu já falei, temos que te arranjar uma alma gêmea o quanto antes. O emparceiramento com Daniel Williams não deu certo. Agora escolha uma dessas pessoas, por favor." A tela mostrou uma grade com três rostos diferentes. Eram mulheres atraentes. "Quem você quer?"
Steven balançou a cabeça, tentando afastar o absurdo que acontecia. "Eu não quero ninguém."
"Como assim? Elas são ótimas."
"Eu não conheço essas mulheres."
Stuart o fitou alguns segundos. "Tudo bem. Podemos arranjar alguém mais próximo." E o jovem desapareceu no ar.
O comandante olhou para os lados, esperando que aquela loucura toda tivesse acabado.
Mas o rapaz reapareceu na mesa adiante. Pôs a mão sobre o ombro da mulher sentada ali. "E que tal esta?" Estudou a prancheta. "É casada e tem dois filhos… Oh. Bom, casamentos acabam toda hora, não é? Quem nunca teve um affaire?" Sorriu.
Steven e a mulher se entreolharam.
"Desculpe," o SEAL falou. "Ele não é muito bom da cabeça."
Ela olhou para Stuart e ficou quieta.
Um homem se aproximou da mesa e sentou-se ao lado da mulher, observando o rapaz de forma desconfiada. Ela puxou o sujeito. "Vamos. Alguém sabe." E os dois saíram escondendo o rosto.
Stuart voltou caminhando, coçando a nuca e estudando a prancheta. Sentou-se novamente no lugar de Danny, balançando a cabeça. "Viu? Ninguém mais acredita no amor eterno."
A garçonete entregou as bebidas, uma para cada. Ela realmente via o jovem ali.
"Que tal aquela outra?" Stuart apontou para a mesa adiante, mais afastada.
"Não."
"E aquela ali?"
"Eu não quero nenhuma dessas pessoas estranhas!"
Stuart bufou. "Então quem?"
"Eu não sei! Nem entendo o que está acontecendo!"
"Você tem que escolher alguém em 42 horas. Isso é inegociável! Não vou deixar o setor inteiro fechar por sua causa!" E Stuart desapareceu no ar. A careta insatisfeita estava ali num instante, e no outro não estava mais.
Danny veio caminhando do fundo do restaurante e sentou-se. Apanhou a bebida. "Eu queria água, e não cerveja." Observou o amigo um instante. "Você está bem?"
Steven levou alguns segundos. Então balançou a cabeça e apanhou sua água.
-x-
McGarrett não dormira naquela noite. Ele tentara, o descanso era importante para limpar a mente de loucuras, mas a inquietude pelo absurdo da situação o perturbara e deixara nervoso por horas.
Já amanhecia. Ele resolveu que continuar na cama não resolveria nada. Nadaria, faria qualquer coisa exaustiva para conseguir dormir mais tarde.
Ele desceu para a cozinha e deparou-se com Stuart. Ao lado da mesa.
A prancheta nas mãos do rapaz materializou-se diante dele. "Eu estudei os casos próximos e tenho algumas alternativas," a voz e a imagem nítidas não pareciam ser de um sonho.
Steven acalmou o coração pelo susto e pensou um instante. Contornou Stuart e foi preparar café. Era isso. Ele iria para o hospital. Deveria ter ouvido Danny, o arranhão na testa com certeza era mais sério do que ele pensara.
"Que tal Kono Kalakaua?"
Steven encarou a imagem da amiga na tela flutuante que Stuart usava novamente. "Como assim?"
"Ela combina vagamente com o seu perfil, e as mudanças no destino seriam mínimas." Stuart olhou novamente para a prancheta. "Nossa, seria ótimo."
Steven encarou o outro. "Ela está com Alan."
"E daí?"
"O que vai ser do Alan? Ela não é a alma gêmea dele?"
"Quem se importa? Não sou o cupido deles, sou o seu cupido. Os outros que se preocupem com isso se virem algum problema, não é o caso deles que está ameaçando fechar o setor!"
Steven balançou a cabeça. A exaustão e a total falta de ética do suposto cupido não lhe deixaram muitas forças para contestar por lógica. "Entendo porque estão com problemas." Fitou Stuart. "Vocês são uns preguiçosos que preferem encobrir erros em vez de trabalharem direito. Talvez seja melhor fecharem mesmo."
"Não fale do que não sabe! Com o setor fechado, não existiria mais amor verdadeiro entre as pessoas. Consegue imaginar um mundo sem amor?"
Steven exalou o ar, aguardando o café passar. "E qual é o problema de eu continuar com Danny? Você disse que ele é o meu parceiro."
"Háh! Seria mais fácil perguntar o que não há de errado nisso. Vocês dois são ranzinzas e infelizes. Seus destinos foram cruzados de forma errônea. Um detesta o outro, vocês não combinam. Eu preciso te mostrar de novo esses níveis ridículos de felicidade?" Ele apontou para um gráfico com indicadores negativos na tela.
Steven balançou a cabeça. "Mas… eu amo Danny."
O cupido riu alto. "Vocês se detestam. Um é exatamente o que o outro odeia."
Steven enrugou o cenho. Não era assim que ele se sentia. A realização, então, invadiu sua mente. "Se Danny deixar de ser minha alma gêmea, o que vai acontecer com ele? Tem outra pessoa melhor que eu pra ele?"
Era isso? Era dele a culpa pela vida de Danny estar empacada?
"Hmm…" Stuart olhou na prancheta.
Steven aguardou. O cupido folheou os papéis.
"E então?" o SEAL já tremia a perna, ansioso.
Stuart sorriu. "Eu não faço ideia. Daniel e a sua alma gêmea Daniela teriam que voltar para a cidade onde o erro aconteceu. Foi quando tudo se complicou e ele foi selecionado e recalculado como a alma gêmea de Steven McGarrett." Leu em algumas folhas no final do arquivo. "Ela reencontrou o namorado da faculdade, e o cara era a segunda melhor opção depois de você. Ela construiu sua vida e está feliz, seriam muitas ramificações pra alterar sem chamarmos a atenção dos superiores." Passou os olhos rapidamente pelas folhas. "É. Não tenho nada sobre os planos românticos de Danny Williams depois disso. Mas tenho essa pessoa que talvez sirva para equilibrar seu gênio impulsivo. Chin Ho Kelly."
Steven cruzou os braços. "Eu não vou fazer nada enquanto não me disser o que vai acontecer com Danny."
Stuart revirou os olhos. "Você é muito teimoso." Olhou as horas no relógio de pulso e desapareceu no ar.
Steven piscou algumas vezes. Já estava se acostumando com o sujeito e seus poderes sobrenaturais. Não era um bom sinal. Ele estava levando a sério tudo aquilo. Levantou os cantos da boca, achando graça da própria loucura. Ele… precisava mesmo ir ao hospital.
Stuart reapareceu diante dele, interrompendo seu primeiro gole do café. O SEAL cuspiu a bebida quente sobre a mesa. Por pouco, não entornou todo o líquido sobre o colo.
"Falei com meu amigo do departamento do destino. Aquele que vai ajudar com alguns ajustes. O problema ocorreu na data do atentado, aí o destino dos dois Dannys por algum motivo foi misturado, e o Danny baixinho assumiu o que era pra ser a vida de Daniela no Havaí. Por isso você não combinou com ele, por isso que ele odeia tudo. Era pra você ter encontrado o amor da sua vida, mas em vez disso, encontrou o baixinho e ranzinza Danny."
Steven sentiu a raiva subir em seu peito. "É por isso que o casamento dele deu errado? Ele poderia estar com a Rachel, a família dele poderia estar perfeita?"
"Ahm…"
"E então?" Steven apertou os punhos. Como seria a vida deles sem esse erro? Depois da data do atentado a vida de Danny piorou porque o destino dele foi alterado para ele vir ficar com o Steven.
Stuart coçou a nuca alguns segundos, lendo e relendo um trecho nas folhas da prancheta. Alternou entre duas páginas algumas vezes. "Ah, entendi. Não tinha nada sobre Danny nos registros porque não tinha nenhum destino pra ele depois dessa data."
"Como assim?"
"Ele morreu. Gente morta não tem destino." Direcionou-se para o mapa que apareceu na tela flutuante. "A esposa viúva encontrou a alma gêmea, Stan, e veio reconstruir sua vida no Havaí." Stuart arregalou os olhos. "Aí está a conexão! É o Havaí! Talvez por isso quem estava com o caso naquele dia tenha confundido tudo e trocado os dois Dannys." O cupido mordeu uma das unhas, olhando de perto a ramificação na tela. "Viu só? Uma coisa tão simples causou uma bagunça dessas."
Mas Steven estava chocado.
"Quer dizer que o Danny deveria ter morrido naquele dia?"
O outro concordou. "Basicamente. Mas ele assumiu o destino que seria da outra Danny. Ela viria pra cá, vocês bateriam de frente na investigação do seu pai, trabalhariam juntos, e uma coisa leva a outra, e bam! Unidos para sempre. Agora, teremos que encontrar a segunda melhor opção. Então?" Voltou a mostrar as outras pessoas na tela, Kono e Chin incluídos na lista.
Steven cruzou os braços, da forma mais imponente que sabia fazer.
"Se eu escolher alguma dessas pessoas, o que vai ser do Danny?"
"Bom, meu amigo do destino consegue consertar isso sem muitos problemas." Abriu uma segunda tela, com o mapa de ramificações. "Aqui, Danny não criou muitos eventos importantes desde que veio pra cá. A influência de retirá-lo da equação seria mínima." Pensou. "Hm. Foi por isso que o Jonathan disse que conseguiria fazer esse ajuste sem muito alarde." Olhou para cima. "Valeu, cara!"
Steven encarou a tela. Se o destino fosse recalculado, Danny morreria no dia em que escapara por um triz e a parceira morrera.
"Eu quero o Danny. Prefiro ficar com o Danny."
Stuart deu de ombros. "Isso é inaceitável. É por isso que estou aqui. Você não está feliz e realizado romanticamente com ele."
"Se o Danny morrer, aí sim eu vou ficar infeliz!"
"Você não se lembraria dele. E Mortes Injustas é em outro departamento."
"Não interessa. Eu quero ele!"
"Escuta. Você realmente quer um mundo sem amor?" O cupido apontou o dedo para Steven. "Será o responsável direto por isso!"
"Eu não quero um mundo em que eu tenho que escolher alguém enquanto o Danny morre! Eu quero o Danny!"
O cupido bufou. "Tá. Olha só. Dá pra tentar tirar a atenção disso. Ele não mudou muita coisa, afinal. Podemos deixá-lo por aqui. Seria menos trabalho, não vou reclamar. Mas você tem que encontrar alguém pra ser sua verdadeira alma gêmea. Pra ser feliz romanticamente."
Steven balançou a cabeça. "Tudo bem."
"Certo. Quem você quer?"
"Eu quero o Danny."
"Não ouviu nada do que eu falei? Se os seus indicadores não ficarem positivos, meu chefe vai mandar restaurar tudo para os planos originais." Bateu a mão na prancheta. "Aí, nada de Danny. E nada de amor pra humanidade!"
"Mas eu não amo essas pessoas. Eu amo o Danny!"
Stuart apertou as mãos ao redor da prancheta. "Cara, não é tão simples assim. Nada disso funciona se você não amar de verdade e ficar feliz. Mas você odeia o Danny."
"Eu não odeio o Danny!"
"Tá. Você o ama."
"Sim."
"Por acaso você quer caminhar com ele na praia, dividir um sorvete com ele, ficar agarradinho assistindo a um filme no sofá?"
"A gente já faz tudo isso."
"Tá, mas você quer fazer isso pelado?"
Steven gaguejou.
O cupido suspirou. "Eu entendo que tenha se apegado, a proximidade forçada os tornou amigos. Você o ama. Como um parceiro. Como um irmão."
Steven balançou a cabeça, fazendo que sim.
"Mas não como namorado," o cupido completou.
Steven hesitou.
Stuart exalou o ar de novo. "Veja só, eu sou o cupido do amor carnal, entende? Tem que rolar sexo. Se não quer transar com ele em cada cômodo da casa, não é assunto meu, não é do meu setor e não corrige o problema. E eu estou aqui, meu caro, para corrigir esse problema. Então escolha alguém com quem você queira transar e dividir o resto da vida agora!" Bateu o pé no chão.
Steven bateu o pé no chão ainda mais forte. "Não importa! O erro foi de vocês. Não pode simplesmente me forçar a amar alguém em dois dias ou matar o Danny. Eu quero Danny!"
O cupido pressionou a raiz do nariz. "Ninguém quer isso. Ninguém quer o trabalho de mudar tudo o que se ramificou desde aquele dia. Por isso, é só me ajudar a apresentar um relatório com indicativos positivos e vai dar certo."
"Então forje um. Se pode vir aqui me obrigar a me apaixonar em dois dias, pode forjar um indicativo de… de…"
"Felicidade!" o outro corrigiu. "Mas eu não posso. Os dados vêm de outro setor."
"E não tem amigos, como o Jonathan do destino?"
Ele revirou os olhos. "Olha só, tem coisas que você não entenderia sobre as dinâmicas do além. Tipo, você entrar numa festa de trabalho e beber tudo e vomitar no sapato da gata mais gata daquele lugar, que por acaso é a chefe. Aí você é considerado persona non grata para todo o sempre só por ter tentado limpar tudo com o lenço de cashmere dela, e com o cachorro de bolso de um dos gerentes." Ele exalou o ar. "E ter vomitado de novo sobre as projeções da América do Norte antes de sair também não ajudou," murmurou.
Steven ficou encarando o cupido, sem palavras.
"É simples." O jovem sorriu de forma profissional. Como um vendedor mostrando um produto. "Basta escolher alguém que você goste, alguém que ache atraente. Talvez algum ator ou atriz do cinema?…" Mostrou vários rostos deslumbrantes na tela. Como se aquilo tudo fosse normal.
Steven cruzou os braços e negou com a cabeça.
O outro apertou os lábios, visivelmente irritado. "Você tem menos de 30 horas pra ficar feliz romanticamente ou tudo está acabado. Os seus destinos serão realinhados, suas memórias apagadas. Seu amigo vai pra onde deveria ter ido, e o pior de tudo: o setor do amor vai ser fechado. Sabe quantos de nós vão ficar sem emprego se isso acontecer?" Deu de ombros. "Eu não sei, os números são infinitos no além. Mas vão ser muitos. Muitos mesmo! Você é tão egoísta assim que vai prejudicar zilhões de trabalhadores honestos do além?"
"Incompetentes," Steven corrigiu.
"Olha, eu estou te dando a chance de decidir quem será sua alma gêmea." Bateu no ombro do Steven. "Aproveite. Escolha alguém que te faça feliz de verdade nos próximos dois dias, e nunca mais terá que me ver." E sumiu novamente.
Steven exalou o ar, baixando os braços ao lado do corpo.
Stuart não entendia? Ele não tinha como se apaixonar e ficar feliz com outra pessoa nesse tempo pequeno. Ele teria que ficar com Danny. Mas ele nunca achou que Danny o quisesse - esse era o motivo de ele ser infeliz, e não por ele detestar o loiro. Ele amava Danny. Com todas as forças.
Aquele cupido não sabia de nada.