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cellyls June 24 2016, 22:41:56 UTC
Nigel começou a negar, mas arregalou os olhos com o estado do apartamento. Puffy atravessou o hall correndo e começou a mastigar uma das almofadas, no chão.

Sydney cerrou os punhos, contendo-se. "Ele está com esse vício de roer tudo que for acolchoado ou tiver pelúcia." E de te perseguir - pensou. Apontou para o sofá, perto do animal. "Por favor, fique à vontade… se conseguir."

O inglês sorriu para a morena e fez a volta maior pela mesinha de centro, evitando passar por cima do cachorro enorme sentado ao lado dela. Fitou o animal roendo a almofada e inclinou a cabeça. "Estou achando ele bonitinho. Acho que tenho uma concussão."

Sydney riu, implorando em silêncio que não fosse o caso. Nigel sentou-se, mas seus olhos permaneceram no enorme cachorro, que passou a espiar o homem com interesse por entre a poltrona e a mesinha ao ouvir sua voz.

"Era a minha última almofada." Sydney suspirou.

"Eu sei bem como é." O inglês verificou o cotovelo.

"Duvido que também tenha um destruidor assim na sua casa." Ela chamou o cão para o outro lado da sala, mais longe de sua vítima.

O homem afastou a toalha, satisfeito por não estar mais sangrando. "O seu cachorro só destrói os móveis. No meu caso, a gata faz xixi em tudo e ainda rouba as roupas íntimas dos vizinhos."

Sydney o encarou. "Está falando sério ou é mesmo uma concussão?"

Ele juntou os lábios e a fitou. "Eu tive que colocar uma coleira nela."

A mulher começou a rir. Puffy latiu uma vez, animado com a comoção.

"Por favor, não pense que eu a treinei pra isso. Ela já veio com esse vício horrível do abrigo," o outro terminou de queixar-se.

Sydney foi apanhar o kit com os antissépticos no banheiro e voltou para a sala, ainda sorrindo. Nigel observava Puffy, que abandonara a almofada meio roída e fora sentar-se na varanda para olhar o movimento da rua. Ela posicionou-se ao lado do inglês no sofá. Começou a fazer o curativo no cotovelo dele.

"É verdade que o seu gato faz isso?"

"Tem pares de meias que não consegui devolver até hoje."

Ela riu de novo. Terminou o curativo e revisou o rosto dele. Não havia nada esfolado e a vermelhidão já recedia. Ele mordera o lábio, mas não precisaria de um curativo. Os dois se entreolharam por alguns segundos, e ele sorriu. Nigel era atraente.

O cachorro começou a latir, interrompendo-os.

Sydney se afastou, estava perto de mais do rosto do vizinho. "Você... vai precisar de gelo." O inglês concordou levemente com a cabeça. A mulher levantou-se e foi para a cozinha.

O cão latiu e grunhiu, apoiando as patas dianteiras no parapeito. Algo o interessava no andar de cima. "Quieto, Puffy!" a morena ralhou, apanhando o que precisava na geladeira. O animal deu pulinhos de alegria e ganiu como se quisesse brincar. Sydney suspirou e levou o gelo para o inglês no sofá.

Nigel pôs a bolsa fria sobre o nariz, e antes que ela pudesse falar, o interfone tocou anunciando a chegada do chaveiro.

O inglês disse que não precisava de ajuda para subir ao seu apartamento. Agradeceu os cuidados, e os dois se despediram.

Sydney foi para a varanda e abraçou o Dogue Alemão, ambos observando o início da noite. "Puffy… eu acho que concordo com você."

-x-

Puffy latia de novo na varanda, na manhã seguinte. Sydney exalou o ar com desânimo antes de ir trabalhar. Não sabia mais o que fazer com o cachorro da loira desnaturada para que ele sossegasse.

A mulher foi para a faculdade imaginando as reclamações que receberia dos vizinhos sobre o barulho quando voltasse ao apartamento, mais tarde.

Mas não foi o que ela encontrou.

Na verdade, ela não soube descrever ao certo o que estava no lugar de sua casa naquela tarde. A bagunça era tão maior que a do dia anterior que ela não reconhecia o local e precisou se convencer por mais de uma vez a não prender o cachorro à maçaneta de outro residente. Em outro prédio. Em outra cidade.

Sydney sentou-se no chão da sala, com as mãos entrelaçadas e ficou parada por vários minutos. Puffy veio sentar-se ao seu lado, colocando a cabeça em seu ombro. Ela alisou as orelhas dele e ficou de pé. "Hora do passeio."

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cellyls June 24 2016, 22:43:29 UTC
Por uma misericórdia do universo, o vizinho não estava no parque no mesmo horário. Talvez não tenha sido o universo, apenas a autopreservação do homem, que devia estar dolorido e querer distância do cão da vizinha. Se Puffy atacasse qualquer outra pessoa, Sydney soltaria a coleira. Ela estaria oficialmente fora.

Nada drástico aconteceu, e os dois voltaram mais calmos depois da corrida. Sydney tomou banho e acomodou-se no sofá.

Só mais uns dias, e Claudia buscaria o terror que terminara de estraçalhar a última almofada enquanto a morena virava o rosto por trinta segundos para pedir comida no telefone. A mulher suspirou profundamente. "Puffy. Desce do sofá."

-x-

Na manhã seguinte, antes do trabalho, Sydney servia a ração para Puffy quando ele parou de festejar e levantou as orelhas. A mulher também escutou o barulho na lavanderia, que era conjugada com a cozinha do apartamento. Ambos saíram da varanda e foram, devagar, espiarem o que se passava.

A mulher espantou-se com a delicadeza do cachorro. Ele era cuidadoso quando queria, o cretino.

Concentrou-se na emboscada. Atravessaram a cozinha e enfiaram a cabeça na passagem para o cubículo que tinha a enorme janela basculante.

Havia um gato ali. Em cima do varal dobrável.

O bichano ficou parado, olhando para os dois. Segurava uma peça de roupa na boca. Tinha os pelos manchados, parte pretos, parte alaranjados e vestia coleira. Puffy deu um leve ganido, e o gato ameaçou pular de cima do varal. Mas o cachorro não atacou, abanou o rabo e abaixou as patas dianteiras, como se quisesse brincar com o felino.

Sydney balançou a cabeça para o belo cão de guarda. Observou com mais cuidado o outro animal, tentando identificar o que ele segurava na boca. Eram as suas calcinhas.

"Mas o que é isso?!" ela gritou.

O gato pulou para a janela e saltou para fora. Sydney e Puffy avançaram e olharam através das frestas da basculante. O bichano não caíra, estava pendurado na planta da sacada do vizinho. Escalou até o andar de cima com destreza. Sem soltar a peça de roupa.

"Eu não acredito!" A mulher testemunhou a cena até o gato sumir na sacada superior. Puffy latiu ao seu lado, na mesma altura dela, com as patas dianteiras sobre o acabamento da janela. O cão gigante dava os mesmos gritinhos que fizera no outro dia e balançava o rabo. Sydney olhou para cima. Estreitou os olhos. "Não pode ser." Saiu dali, correndo. Puffy a seguiu.

Os dois subiram as escadas até o apartamento de Nigel. A mulher revisou as fechaduras pelo corredor até encontrar a mais nova. Bateu na porta. Bateu de novo.

"Estou indo..." A voz com sotaque confirmou que era o apartamento certo. Nigel abriu a porta com os cabelos bagunçados e em todas as direções. O sol mal nascera, Sydney o acordara. Ele estava desalinhado de uma forma que a fez travar um instante diante dele na porta.

Ela pigarreou. "Que cor é a sua gata?"

Ele esfregou o rosto, evitando o lábio cortado e o queixo levemente escurecido. "Escaminha. Por quê?"

"Eu tive uma visita dela." Nigel arregalou os olhos, acordado instantaneamente. "Eu quero as minhas calcinhas de volta," Sydney completou.

Ele abriu a boca e cobriu o rosto com uma das mãos. "Meu deus, me desculpe. Me desculpe!" Virou de costas para a morena. "Murphy!" gritou. Abandonou a porta aberta e adentrou a sala. "Sua ladra viciada! Onde você está?"

Sydney ouviu o miado vindo da cozinha, e Puffy, que estivera quieto até aquele momento, invadiu a casa. O cão entrou quase derrubando as pernas das duas pessoas e correu na direção da gata. A mulher e o homem se apavoraram ao verem o animal gigante pular sobre a felina.

Só que a gata se deitou no chão, aguardando o ataque, e os dois começaram a brincar. Como se estivessem acostumados a ficarem juntos. Como se fossem amigos.

Eles rolaram pelo chão acarpetado, e Puffy começou a bater e derrubar toda a mobília da sala. Não demoraria a ficar igual ao apartamento de Sydney.

Ela e Nigel se entreolharam, entendendo.

O homem cruzou os braços, ao lado da vizinha. O barulho dos móveis sendo derrubados na frente deles abafou um pouco a sua voz. "Você quer café?"

Sydney aceitou. Fechou a porta e seguiu o anfitrião até a cozinha. O gato e o cachorro continuaram a brincadeira na sala. A morena sentou-se no banquinho de frente para o balcão americano.

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cellyls June 24 2016, 22:45:04 UTC
Nigel mediu o pó, preparando a cafeteira. Parou um segundo. "Por acaso a meia da mulher-maravilha é sua?"

Sydney arregalou os olhos. Antes que respondesse, Puffy e Murphy passaram por eles, na direção da varanda. A gata voltou com as calcinhas na boca. O emblema da Viúva-Negra evidente na peça.

Nigel balançou a cabeça. "Aham."

Sydney cruzou os braços. "Se você disser qualquer coisa, te farei pagar pela minha mobília."

"Eles destruíram a minha sala também!" O inglês apertou o botão do aparelho. "E o seu cachorro quase furou o meu baço."

"A culpa é da sua gata. Ele deve ter sentido o cheiro dela em você."

"Mas é o seu cachorro gigante quem está comendo metade dos meus livros." O barulho da mesinha sendo derrubada preencheu o ambiente.

"Ele não é meu. Claudia virá buscá-lo em dois dias."

Os dois pararam.

"Eu vou falar com ela. Claudia terá que cobrir todos os gastos que tivemos até agora. E isso inclui os danos morais!"

Nigel apertou os olhos e massageou a raiz do nariz. "Espero que inclua fisioterapia, porque ele acabou com as minhas costas." Serviu o café recém-passado.

A mulher baixou o olhar um instante. "Inclui... um jantar de desculpas." Fitou o homem, que parou diante do balcão ao depositar a xícara cheia diante dela. "Se você quiser."

Ele sorriu. "Eu não sei. Não conheço essa Claudia." Bebeu um gole do próprio café.

"Eu e você somos as vítimas. Nós merecemos a comida italiana. Às sete. Só nós dois."

Puffy latiu e correu para a cozinha, atrás de Murphy. Nigel se abaixou e pegou a gata no colo. Retirou a calcinha da boca dela e a entregou para a mulher. "Nesse caso, eu adoraria…"

Não terminou a frase, porque Puffy saltou da altura do balcão, abraçando o homem e a gata e levando os três ao chão.

- Fim -

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yvarlcris October 19 2016, 20:23:44 UTC
Ay! Pero qué adorable drabble!

Pobre Syd, víctima de un cachorro gigante e hiperactivo... Aunque como siempre, y por suerte, Nigel acabó peor parado (digo por suerte porque eso da pie a que Syd lo cuide y eso siempre es maravilloso y genial)

Me encanta esta serie de primeros encuentros!

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cellyls November 1 2016, 15:48:02 UTC
Estou super feliz que você gostou dos primeiros encontros!

Estou devendo a versão completa de uma das fics e também mais outros que eu tenho aqui e precisam de edição.

Tão bom escrever sydgel e ter você como leitora, obrigada minha linda, você me dá felicidade e vontade de escrever sempre mais.

Beijos e mais beijoooos!
luv

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