(no subject)

Jun 14, 2005 23:15




(o lugar do morto - work in progress)

© direitos reservados ao autor (o modelo sou eu, a película é minha, a câmara é minha, a pose é minha, mas o click é do viajador um amigo meu)

há umas semanas atrás, a melhor parte existente em mim desabou. hoje, passadas umas semanas, nada de novo me foi dito ou sussurrado. a falha sísmica ainda rasga o meu corpo.

hoje, também hoje, estive a observar os meus negativos à procura da minha memória a preto e branco de há um ano atrás, quis lembrar-me como vivia eu há um ano atrás. encontrei a foto acima exposta.

nesse dia, algures há um ano atrás, não sabia das possibilidades que só o amor cria.

agora entendo porque consegui eu caminhar descalço na vegetação rasa e agreste da serra da freita sem me magoar. era um homem vazio, e os homens vazios não têm peso para magoarem os pés. nem mesmo quando caminham sobre espinhos.

sei também hoje, e só hoje, porque tinha os olhos fechados há um ano atrás. era um homem sem morada. um homem sem morada não tem para onde olhar.

sei que hoje, novamente hoje, se voltasse ao mesmo local voltaria a descalçar-me, mesmo sabendo que hoje, hoje, os espinhos fariam sangrar a planta dos meus pés e que mesmo assim não me desfazia deste amor que é a melhor parte em mim.

na mesma cadeira, hoje, sempre hoje, abriria os olhos na direcção que todos os homens com amor olham quando estão longe da sua morada.

hoje, ontem e amanhã, todas estas fracturas continuarão a doer-me muito. hoje e amanhã sei que tudo correrá bem e que cá no meu canto espero ainda acordar a meio da noite com o meu braço dormente debaixo do teu corpo.

confia em mim, vai tudo correr bem*

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