Dec 28, 2006 23:54
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.....Talvez eu nem quisesse saber, mas Marta certamente queria. E insistia que eu contasse.
.....- Oras, Marta! - eu disse, depois de aturá-la por horas. - Pra que saber?
.....- Continuar na ignorância? É o que tu realmente desejas pra mim?
.....- Não, meu bem. Desejo que não sofras. Não hão de ser minhas palavras que arrancarão de teus olhinhos lágrimas, nunca.
.....- Se me amas, me diz. Conta-me o que há de ser que fará doer esse meu insensível coração.
.....- Insensível? Não me diga bobagens, Marta. Só tu sabes o quanto boa és nessas coisas de amor.
.....- Nada sei! Pois olhe que frase boa de dizer agora: NADA SEI! Conta. Por favor, pelo amor que tu tens por mim.
.....- Eis onde se encontra teu erro, minha querida. Só por amar-te não hei de dizer. Não há nada que tu faças que me convença. Não insista, por teu próprio bem.
.....- Como vou saber que é pro meu bem?
.....- Tens que confiar em mim, não confia?
.....- Confio, mas temo. Temo como por instinto natural, mas confio mesmo assim.
.....- Então esquece disso, minha filha. Deita e dorme que vai fazer bem pra ti. Tenta não pensar nisso. Uma hora ou outra eu te conto, quando já não for tão ruim.
.....- Promete?
.....- Prometo.
.....- Tá bom. Amo-te.
.....- Eu também, meu bem. Bem mais do que tu podes imaginar.
.....Marta deu um sorriso gostoso e se cobriu confortavelmente com as cobertas macias e cheirosas. Ali, eu tinha certeza do quão protegida ela estava de tudo. Era isso que eu queria. Só.
.....Boa noite.