(no subject)

Sep 25, 2006 17:06


A menina e a flor

.....Encantava com as cores, entrelaçada nos tons cheirosos de rosa e verde e nem mais a luz distorcida dançando no fundo da piscina fascinava tanto quanto a alquimia do perfume embriagador que exalava a flor.
Seja química ou filosofia, ganhara Raquel com especial facilidade. Seria então a flor que chamara a menina a amá-la ou o coração apaixonado pelo não-vazio já tendia a buscar o espelho de sua própria pureza por entre aquelas pétalas ou outras quaisquer?
.....Raquel queria o perfume. Mal estourara o broto com a chegada da primavera e já alimentara em suas entranhas o doentio desejo pelo que antes era belo encanto.
.....E quando, enfim, chegou ao auge de seu explendor, o mais passional dos crimes, o mais infantil, inocente e desalmado, separou o delicado caule das raízes com uma tesoura sem ponta.
.....Perdeu-se então a fonte, a cor, o cheiro, perdeu-se. E a culpa de Raquel não foi maldade, bem se sabe. Ela era nova demais pra saber que o cheiro pertencia à flor e a flor ao cheiro num laço tão estreito e vulnerável que não era justo arriscar. Ela só queria a flor, mas, principalmente, era nova demais pra saber que à ela só pertenciam suas próprias cores, pensamentos, sentimentos e seu próprio cheiro.
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