Se pudessemos apenas nos vermos agora quando éramos antes

May 12, 2009 20:23

Todas as manhãs e tardes e noites, e dias e todos os dias. São todos, todos, perversos. Solitários, fúteis, vazios. Sim, vazios. É como me sinto, é como sinto minha própria voz ressonante por dentro de um corpo vazio. O coração se tornou um casulo oco, de onde deveria brotar uma estonteante borboleta, apenas deixou cair o resquício de um ser dantes rastejante e grotesco, que agora jaz morto no pé desse todo vazio. Todos os dias são cruéis, posto que todos são vazios e todos te lembram de como já fostes cheio de vida e esperança. Ou apenas esperança, de que não fosse tão vazio. Ou apenas mais uma ilusão. Quando somos crianças, apenas vemos o mundo como crianças. Quando crescemos, podemos digerir, tragar, absorver, entender, processar, o grande e tremendo, além de vil, cruel e distante, vazio que nos toma. Nos preenche. Nos preenche com todo seu nada. É como me sinto, todas as manhãs. Essa, segunda-feira, como todas as outras manhãs, nasceu fadada ao fracasso. Pois é vil e cruel e não tem medo da covardia. Apenas alimenta sua própria covardia, com o medo.
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