Passo pela cabeça um pente fino à procura de pensamentos que se vão enrolando. Quando eram piolhos tinham mais graça. Há um que diz mãe, olhos cansados e dedos bonitos. Há outro que canta um refrão de uma música que ouvi enquanto passava na rua do Alecrim, a caminho do carnaval. Outros tantos cheios de ti. Outro que diz levanta-te Márita, e outro, ainda, que escreveu sozinha. Um nó reclama que quer dormir, teimoso, não me deixa desenriçá-lo. Lembro-me de nós nos cabelos que elas me tiraram. Lembro-me de ter risco ao meio, de ter rabo-de-cavalo, risco ao lado e agora franja,
pensamentos desassossegados,
minhocas loucas.