Tìtulo: Canção de ninar
Autor: Kore (blondfangirl)
beta:
constant_mad Fandom: Harry Potter
Disclaimer: Pertencem a Loira má e a Warner, assim como os soldadinhos de chumbo de Harry
censura: Livre
Na noite após a batalha de Hogwarts, Harry descobre algo sobre si mesmo, sobre si e Tom Riddle e sobre sua própria vida.
Ele acordou suado e ofengante. Demorou para se recuperar e lembrar onde dormia. Os cômodos da Grifindória estavam vazios e o silêncio era pertubado apenas pelo ruído vindo de fora. Eram mil vozes rindo e festejando nessa noite que faltava para madrugar. Ele podia sentir o cheiro das comidas e bebidas, se misturando ao das velas. Os copos sendo quebrados, as pessoas se abraçando, como se o mundo fosse um grande arco-íris.
Mas aqui dentro, um pavor apertava o coração de Harry. Era um sentimento estranho e novo como um mundo horrivel nunca visto e para onde ele foi jogado sem aviso. Esse novo mundo anulava o velho. Ele se encolheu e não conseguia compreender porque se sentia assim. Finalmente, após sete longos anos, Voldemort tinha sido derrotado. Seu corpo jogado para longe como se seu cadáver pudesse contaminar os dos outros. Ainda devia estar lá embaixo, apodrecendo. Até mesmo na morte ele foi sumamente rejeitado e ficou só. Era o fim. Mas esse pensamento não acalmava seu coração. Nem lhe devolvia a euforia de horas atrás.
Nem mesmo quando vivia com os Dursley, embaixo das escadas, sentia isso. Ele era tão pequeno. Lembrou-se de uma vez quando Duda jogou sua comida no chão, e ele, faminto comeu. Quando o primo ganhou uma bicicleta e ele nada. Mas o outro garoto tinha medo do escuro e Harry não. As luzes apagadas não o afetavam, conseguia dormir tranquilo. Harry enfrentava os monstros e os sonhos com valentia. Ele era corajoso como um leão com várias leoas do lado. Harry se gabava dessa coragem. Duda o olhava com raiva e um certo temor, que jamais desapareceu.
Mas, agora, até mesmo neste quarto, onde dormiu as mais felizes das suas noites, sentia-se assustado. Como se ele fosse Duda com cinco anos.
As paredes se fechavam. Havia algo lá fora, apenas esperando ele sair da cama e colocar seus pés sobre o chão frio. Ele se escondeu sob os lençois, mas isso não aliviou seus sentimentos. Voldemort estava morto, morto, morto. Nada poderia machucá-lo aqui.
Estou sozinho, nada pode me ferir.
Um fogo de artíficio iluminou o quarto. Na parede a imagem de uma caçada a um unicórnio. Tão real, dava para ouvir os latidos, as trombetas, os gritos dos caçadores. Sentir o cheiro do suor do animal enquanto enroscava o chifre nos galhos baixos. Era apenas um unicornio solitário contra sete caçadores.
Sozinho.
Sua alma estava cada vez mais fria. Ela suava. Um pensamento se repentindo como um mantra. Harry tentou gritar.
Nunca estive só.
Nunca!
Riddle era sempre um cheiro, uma voz ou uma presença forte. Para domir embaixo das escadas, comer a comida do chão ou vestir as roupas usadas e velhas. Alguém já acostumado a esse sofrimento. Uma alma calejada. Um outro a sempre correr com medo de algo sem nome e sem fim. Até hoje Harry não sabia o que era isso.
Ele me fez companhia até mesmo em meu caminho para a morte na floresta. E eu achando que as almas mortas e frias poderiam aquecer meu coração…
Que sensação horrorosa, e piorava! Ele não podia mais ficar sozinho! Não! Precisava achar uma forma de trazer Riddle de volta. Devia ter um jeito. Ele nunca morria, talvez estivesse vivo em algum lugar rindo e preparando-se para um novo plano. Escondido, como da primeira vez. Harry se levantou num ímpeto. Na presa seus pés ficaram presos nos lençois, ele tropeçou e caiu.
Sangue jorrou do nariz. Ele se levantou e ficou olhando os pingos vermelhos, fora de foco, a sua frente. O que ele queria mesmo? O que pretendia fazer? Se seus amigos soubessem? O que diriam? Além disso, há as coisas que não voltam e uma delas era Tom. Ele mesmo havia conduzido seu fim, fez o homem se matar. Provou para todos e para si mesmo que era mais poderoso. Esse fardo. Era como se ele fosse seu próprio algoz.
Harry se encolheu, baixou a cabeça e sentiu o vento frio na nuca.
"KREACHEEEER"
O elfo surgiu na mesma hora, solicito, como sempre. Os olhos perscrutando o mais novo héroi do mundo. O salvador de todos. Ele balançava para frente e para trás. Soluçava. Lágrimas nos olhos.
"Kreacher, kreacher"
"Sim, mestre Harry?"
"Dorme comigo, Kreacher."
O elfo ficou estudando Harry e deitou a cabeça de lado.
"O senhor deseja que Kreacher o… agrade, meu senhor?"
Harry abriu os olhos devagar, balançando a cabeça.
"NÃO! Não. Apenas deita e fica quieto e… se você quiser dormir, pode. Não quero… ficar só"
Kreacher subiu na cama e deitou ao lado do rapaz. Harry soube nesse momento que apenas quando casasse o elfo ia deixar de estar ali. Ele podia não complementá-lo, mas ao menos iludia a solidão.
Harry fechou os olhos ainda sentido a noite lamacenta tentar devorá-lo, rasgá-lo como um papel e depois espalhar suas entranhas pela madrugada. É isso que todas as pessoas do mundo sentem, nunca aprendi.
Uma sonolência foi tomando conta dele. Kreacher cantava uma canção baixinho. Devia ser de de ninar. Harry não lembrava de ter ouvido alguma na vida.
Ele e Tom sempre ninaram um ao outro.