.the constant gardner.

Oct 26, 2005 17:07

Acabei de assistir "O jardineiro fiel". E ligar a TV na casa dos avos do Pietro e ver que ela esta ligada no E! Television com tres putas argumentando sobre "qual seria a cantada ideal?" me faz ter vontade de vomitar.

Alem de ter amado todas as coisas obvias sobre o filme como: a excelente edicao (que te deixa grudado na cadeira ao mesmo tempo que te mostra o amor), a cinematografia ja assinada com seu excesso de brilho e contraste estourado (detalhe precioso que eu ADORO e que e algo que sempre tentei imprimir nas minhas fotografias), etc, elas nao sao as coisas que me atormentam agora.

Eu me sinto atormentada pela mediocridade das minhas preocupacoes. Como se eu nao tivesse o direito. Alias, eu nao tenho. Atormenta saber, e e exatamente isso que atormenta na realidade, da veracidade dessa historia. Nesse exato momento, enquanto eu digito lindamente no meu iMac de segunda mao todo estiloso, e vc le ai no conforto do seu lar ou do seu trabalho que a maioria insiste em achar que e um saco, pessoas estao morrendo e sofrendo sem escolhas. Morrendo pela ganancia e prepotencia de outras pessoas que se vem no direito de brincar de Deus e escolher quem vai ou fica. Morrendo pela pobreza ditada por essas mesmas pessoas que, na maioria das vezes, nunca colocaram seus pes la.

A realidade que e atormentadora. E nao ha escapatoria pra realidade. Ela simplesmente e. Como a gente lida com ela e o que nos diferencia como seres humanos. Existem aqueles que veem o real, aceitam como ele e. Sem nunca se questionar do PORQUE ele e. Life is a bitch so they say... E existem aqueles que sabem que tudo que existe pode ser transformado. Nem que seja a transformacao de uma parcela da realidade. Sao aqueles que acreditam no efeito em cadeia. Eu sou esse segundo tipo de pessoa.

Mas ha uma diferenca GRITANTE e ENORME entre saber do poder do efeito em cadeia , e acreditar nele como alguem que e devoto a algum tipo de santo, e de FAZE-LO acontecer.

Eu quero ser esse segundo do segundo tipo de ser humano. Eu PRECISO ser pra poder continuar acreditando que o mundo como conhecemos (povoado por racas e povos diferentes) tenha futuro. Pra acreditar que nada seja em vao...

John Le Carre, Fernando Meirelles, Ralph Phiennes, Rachel Weisz. Todos eles FIZERAM essa diferenca no mundo real. Fazendo aquilo que sabem fazer de melhor. Colocaram sua arte a disposicao da vida, dizendo sim a um projeto que chamou atencao das pessoas. Esse pode ser o primeiro passo dentro da tal reacao. Tudo tem que comecar de algum lugar...

Eu sempre fui daquelas pessoas idealistas e sonhadoras que acha que a arte pode salvar o mundo. Seja ela na forma que for. Agora e saber onde me encaixo nisso tudo. Tem de haver um espaco pra minha expressao, pra sua expressao, pra transformacao do nosso darma (nos, pessoas privilegiadas pela vida em que nascemos) sobre o karma de outros milhoes de seres humanos iguais a nos, em corpo, alma e espirito.
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