May 20, 2004 14:27
Uma pessoa já não pode falar de nada que lá vem a mãe, aquela pessoa tão caridosa que esconde o chicote por detrás das costas.
É que já cansa.
Estava numa aula em que estávamos a falar de toxicodependência [nada a ver com a aula, mas após 4 anos no ISPA a gente já se habitua...], quando o professor afirma que quem toma drogas quer na verdade substituir as relações que estabelece com outras pessoas pelas ditas drogas.
Prontos, eu até discordo dele [o que já se tornou repetitivo, eu discordar daquilo que os professores nos dizem - deve ser a minha loucura, deve ser isso], mas enfim, a gente até engole, a gente abana que sim com a cabeça, "yah pois, tá fixe, claro, tudo bem". Não é que eu discorde totalmente dele, mas acho que é um argumento muito generalizador. Mas enfim, quem sou eu, né?
E prontos, era um dia normal.
Normal? Que é isso?
Ah pois... surgiu logo uma pergunta de uma colega minha [que vergonha, pá...] a questionar-se se a toxicodependência não seria um subterfúgio [sim, porque a gente usa palavras caras, haviamos lá de falar como pessoas normais...] para substituir uma [ai que isto é tão bom... e eu já sabia que isto vinha por aí... it always does...] relação primária com a mãe que era insatisfatória?
Who saw that one coming? raise your hand please... Ich, tantos!
Sim, porque a mãe é sempre a danada, a perversa, a borderline, a psicótica, a narcísica que quer fazer sexo com o namorado da filha.
O pai esse nem vê-lo. Dizem que ele é necessário, mas deve ser para chamar a mulher e pedir-lhe [perdão, ordenar-lhe] para ela fazer o jantar. Enfim, é necessário, mas é necessário para conter as pulsões da mãe. Que a fêmea sem o macho é uma doidivana de todo o tamanho.
A sério, isto é lindo! :P Se o bébé tosse, foi a mãe que era insatisfatória. Se o bébé se torna numa criança que gosta de ler, foi a cabra da mãe que não lhe ensinou a gostar de desporto. Se a criança só gosta é de desporto, foi a estúpida da mãe que não iniciou o processo necessário de intelectualização da criança.
Estúpidas mães que nós temos, pá! É sempre culpa delas! Uma pessoa é assim ou assado, lá vêm os psicanalistas dizer que é tudo culpa da mãe.
Perdão! Culpa não! Responsabilidade. Conceitos diferentes [vai dar quase tudo ao mesmo, a meu ver] mas sempre evita que o pessoal psicanalítico que muito gosta de teorizar e de apanhar pouco sol na cara seja classificado como machista.
Que não o é. Ou se o é, foi por causa da mãe má que tiveram.
Malditas mães!