Jan 02, 2011 16:50
Aqui estamos, dia 31 de dezembro de 2010.
Banhos sendo tomados, roupas sendo passadas, músicas sendo cantadas ao longo do chuveiro e todo mundo se preparando para o tão falado novo ano.
Todos com um destino, todos se encaminhando a ele.
Sinto agora uma calma que não sentia há pouco. Não, havia poucos minutos estava em crise por não poder sair de casa e festejar com meus amigos lá fora, na praia, com música e pessoas importantes.
Estou chegando a uma nova época ainda sem descobrir os parágrafos desta.
Eu paro e penso “Não, não estou inspirada o suficiente para escrever algo agora”, mas ainda sim continuo. Talvez por eu não ter paciência para engajar em outras atividades mais úteis; talvez porque eu realmente queira terminar isso. Eu preciso terminar isso.
Já estou deixando muito para trás ao olhar apenas para frente. Sinto-me como se estivesse apenas boiando em um mar morto, em um mar que não se dá o trabalho de produzir ondas suficientes para me dar uma direção.
Porque a verdade é que não tenho direção. Não tenho rumo, não tenho início, partida ou chegada. O que eu tenho é uma vontade imensa de um dia sair dos confins do meu quarto.
Por “meu quarto” entenda o que quiser. Entenda uma estrutura em quatro paredes, entenda uma sala empilhada de lembranças, entenda uma mente repleta de idéias que não serão nada além disto - idéias.
Mas, voltemos ao dia 31 ou acabarei por percorrer caminhos ainda não importantes.
O fim de um ano representa... Mas, afinal, o que representa o término de um ano?
Novos dias, novas datas, novas esperanças, novos projetos, novas pessoas, novos destinos... Novo, tudo novo. Mas o que há de tão errado com o velho?
O que faz as pessoas quererem mudar tanto a ponto de deixar para trás sua essência e criar uma nova?
Talvez elas precisem. Talvez achem que devam melhorar algo. Ou talvez só queiram encontrar novos caminhos já que os antigos não deram certo.
Talvez, talvez, talvez. Nunca uma resposta correta. Nunca uma resposta una. Como poderia também? Com bilhões de seres pensantes caminhando sobre uma única Terra, não haveria condições para uma única reação.
O importante é que um único dia - um mísero dia que não é nem um dia bonito, um número significativo,em um mês explicativo, nada - é condição suficiente para 6,5 bilhões de pessoas acreditarem em uma nova chance. E elas comemoram isso. Ou pelo menos deviam comemorar. Não é isso o que fazem ao abrir as garrafas de champanhe, ao colorir os céus com seus fogos de artifício, e ao contarem regressivamente?
E é isso o que eu estou tentando descobrir neste 31 de dezembro, às 20:17 em frente a um computador com um papel de parede me desejando um Feliz 2011.
Para mim, não faz sentido. Não faz sentido as luzes que vejo pela minha janela, não faz sentido as garrafas na geladeira e não faz sentido eu estar depressiva pelo fato de que vou passar uma noite a mais em casa. Não faz sentido o mundo parar para comemorar um dia como todos os outros. Os dias são criações humanas, assim como as horas e os significados de cada data. Meu dia não mudará mais do que muda todo dia por amanhã ser o primeiro dia de um novo ano. Minha alma não se encherá de novas esperanças e novas idéias só porque amanhã é um dia que foi comemorado. Não, isso acontece todo dia, toda data, toda hora, todo momento nomeado pela mente humana.
Mudanças acontecem quando eu as deixo acontecer. Idéias aparecem quando eu as deixo serem pensadas. Emoções são sentidas quando eu as deixo serem sentidas. Não preciso de uma data para expressa-las, não preciso de um feriado para comemorá-las, não preciso de festas para lembrar-me que as tenho.
Para mim, não faz sentido. Mas para os 6, 499, 999,999 (não, os 9's não me importam) habitantes deste planeta o dia 31 tem todo o sentido que precisam.