Everything I Do

Apr 15, 2009 21:51

Título:Everything I Do
Categoria: Bandas
Fandom: the GazettE
Casal: Reita x Ruki
Gênero: Romance/Yaoi/UA
Classificação: + 18
Sinopse: Yeah, I would fight for you... I'd lie for you...
Direitos autorais: Meus -3-
Informações: Essa fic é PRE-SEN-TE :3 Pro Dani <3 Porque ele queria uma RxR, porque eu acho ele fofo e ponto final! Não importa o que ele diga!
Mais informações: Título do fic e música usada no corpo do texto: (Everything I do) I do it for you - Bryan Adams / Talvez o plot desse fic venha a ser usado em um fic em capítulos. Logo não se espantem se surgir um fic por aí, com a mesma história xD / Ah, não teve revisão, então... xD


Everything I Do

Reita POV

Acordar com um peso sobre si - mesmo que pequeno - de imediato causa uma pequena sensação de desconforto, mas, quando se abre os olhos e se tem a visão que eu tive, todo e qualquer desconforto desaparece.

Um tufo de cabelos bagunçados que desprendiam um cheiro que era uma mistura de perfume e algo extremamente pessoal, um aroma só dele, que não podia ser encontrado em lugar algum.

Era dele.

Algo infantil, fresco, delicado.

Por várias vezes eu lhe dissera, em um tom de claro divertimento, que seu cheiro me lembrava o de um bebê. Ele só cruzava os braços, deixando sua face se tornar emburrada e eu só podia rir, mesmo que de forma discreta, só pra não aborrecê-lo mais.

Mas deitado daquele jeito, sobre meu peito, tão pequeno e encolhido, o que mais ele podia me lembrar? Ele era infantil, doce, único.

Tão inocente, alheio aos meus pensamentos, às lembranças que, uma a uma, iam invadindo minha cabeça, como peças de um quebra-cabeça, montando, pouco a pouco, o quadro que se desenhava naquela cama, com alguns raios de sol teimosos passando pelas frestas das cortinas pesadas, que, o menor em meus braços, insistia em manter fechadas.

A claridade lhe feria os olhos, dizia.

Mas pra mim, era apenas uma desculpa pra dormir ainda mais. Aquele pequeno preguiçoso.

Tão relaxado e distante das memórias que iam surgindo sem precisar de permissão para fazê-lo.

Quantas barreiras foram derrubadas para que pudéssemos estar daquele jeito? Quantos atalhos no caminho, quantos caminhos evitados, quantas feridas, cicatrizes, só pra poder desfrutar daquele momento com ele?

Na tranqüilidade do seu sono ele não podia medir ou imaginar todos os sacrifícios, toda a dor que tive que suportar, só pra lhe ter daquela forma. O quanto tive que lutar só pelo direito de poder lhe confessar meus sentimentos.

O quanto o havia protegido para que aquela batalha fosse minha, não nossa. O havia deixado longe de toda a luta para que, quando esse momento chegasse, somente um de nós tivesse cicatrizes.

Ele, sabendo de tudo de forma tão superficial, havia indagado, diversas vezes durante todo o caminho porque eu parecia sempre tão triste, tão cansado. Dizia que não havia uma só batalha que valesse a pena ser lutada se eu me machucasse tanto.

Eu só podia sorrir, erguer uma das mãos e lhe tocar a bochecha, carinhoso e, explicar, com meias palavras, que certas coisas valiam demais pra serem deixadas de lado por medo de se machucar.

Ele valia tudo aquilo.

As noites mal dormidas, as brigas, as discussões, as fugas.

Tudo.

O havia protegido, mentido, disfarçado, recorrido a métodos que, em outras ocasiões, me envergonharia de ter usado, só pra ter a oportunidade de chamá-lo de meu.

Ao contrário dele - que não tinha família - eu vinha de uma família rigorosa o bastante para ser ameaçado de todas as formas possíveis só por imaginar me envolver com um homem.

Amar outro homem era... o maior dos pecados.

Mas eu caíra na armadilha quando vira aquele pequeno garoto, tantos anos antes, no mercado, atrás de alguma fruta.

Um pivete, diziam.

A criatura com os olhos mais expressivos que eu já havia visto ao longo dos meus poucos anos.

Não havia optado por ter nascido em uma família poderosa, íntima do xogum¹ e com grandes planos para mim, filho homem, primogênito.

Odiava tudo aqui, odiava o senso de dever, odiava ter responsabilidade, odiava ter que ser superior... odiava não poder dignar um segundo olhar aquele garoto.

Mas eu o fiz.

Uma, duas, três vezes.

Olhares, fugas de noite, encontros furtivos, onde o máximo que me atrevia era lhe tocar os cabelos, sorrir abertamente, lhe oferecer algo para comer, algo quente pra se cobrir.

Ele me fascinava com sua inocência, apesar da história triste, da perda dos pais, dos irmãos. Pouco mais novo que eu e com tantas memórias tão tristes.

Tudo aquilo havia me despertado um sentimento tão forte, tão avassalador, tão... dolorido, tanta vontade de proteger, de arrancá-lo daquela vida e simplesmente... desaparecer com ele.

Pouco tempo depois de o encontrar já me sentia tão envolto, tão apaixonado por aquele pequeno que simplesmente os limites não pareciam importantes, linhas que não deveriam ser cruzadas foram apagadas pelos meus próprios gestos, sem nem ao menos perceber.

E era engraçado como eu, tão preso por tantas convenções havia simplesmente me entregue daquela forma, tão completamente e ele, que nada tinha a perder, tinha tantas reservas, tantos medos.

-Um dia esse sonho vai acabar, Suzuki-san... um dia você vai cansar de mim... e quem vai juntar os cacos do meu coração?

O apertei nos braços, sendo puxado pra realidade por um momento quando me recordara das palavras dele, lhe beijando os cabelos macios, ouvindo-o resmungar baixinho por entre o sono.

Naquele dia, tantos anos atrás, eu havia decidido que ele já havia sofrido demais, não iria lhe causar mais dor. Nem que precisasse me atirar no fogo pra isso.

Dobrei meus cuidados, nunca deixei que nos pegassem, jamais o olhava uma segunda vez quando o via no mercado, sequer virava a cabeça para lhe olhar, o ignorava, mesmo que, muitas vezes, pudesse sentir seus olhos me seguindo, magoados.

Mas à noite, eu o visitava, o mimava, o abraçava, cuidava das feridas que pudesse ter causado a seu coração. Prometia coisas que talvez nunca pudessem ser cumpridas, mas que sabia que o faziam corar e abaixar o rosto, se aconchegando contra meu peito, tímido.

Ele aceitava tudo que eu lhe oferecesse, com certas reservas, nunca se entregando completamente, ciente da minha posição, mas jamais pedia por mais. Nem um beijo, nem um carinho, nem por mais tempo.

Fui eu quem decidira jogar tudo pro alto. O pedido nunca deixara seus lábios, ele nunca sequer me questionara.

Não lhe contei que meu pai descobrira meus planos, que as marcas nas minhas costas não foram por uma queda desajeitada ou por treinamento com meu instrutor. Que as queimaduras não foram acidentais e que os longos dias que não apareci não foi por alguma doença mal explicada.

Nunca lhe contei quantas vezes minhas fugas haviam sido frustradas por alguém, que as marcas em meus pulsos não faziam parte de treinamento algum. E que nunca alguém o havia importunado porque, não importando a dor que me fosse imposta, o nome dele jamais deixara meus lábios.

Meu pequeno jamais saberia que meu pai me preferia morto de que fugindo das minhas responsabilidades. Que eu estava cometendo o ato mais desonroso que alguém poderia cometer quando fugi, roubando tudo que pudesse, dentro da minha própria casa para que pudéssemos sumir daquele maldito lugar.

Que o suborno que tive que pagar pra que me deixassem passar pelos portões custou mais do que ele jamais imaginaria.

Se ele apenas imaginasse o quanto tive que me sacrificar, quantas pessoas tive que subornar, quantos segredos de minha própria família tive que revelar para que pudéssemos ter passagens seguras por certos lugares.

Quantas noites de sono meu pequeno anjo teria se soubesse que, o preço que eu havia pagado para estarmos juntos, havia sido tão caro?

Será que me perdoaria pelos atos, pelos gestos, pelas coisas horríveis que tive que fazer pra mantê-lo seguro? Que minhas mãos estavam sujas de sangue de um jeito que jamais permitiria que as dele estivessem?

Eu, enquanto estivesse vivo, jamais permitiria que nada daquilo o atingisse, jamais deixaria que tudo aquilo chegasse até ele, que o machucasse, que o fizesse sentir culpa.

Sim, ele sabia que eu havia renunciado minha família, minha posição e que estávamos em constante fuga por isso. Não subestimaria a inteligência do meu pequeno, mas tampouco lhe contaria detalhes que ele não precisava saber.

Não era importante que ele soubesse que aquele pequeno refúgio onde estávamos havia quase um ano havia sido pago com um segredo que quase custara a vida da minha família toda.

Bastava que ele pensasse que estávamos sendo protegidos por um amigo, que havia nos dado abrigo em consideração a amizade que nutria por mim.

Que a espada embaixo da cama era apenas um costume.

Ele só precisava saber que tudo que eu fizera valera a pena, que eu faria tudo de novo, passaria por tudo mais uma vez, e outra e quantas vezes fossem necessárias para poder estar com ele daquela forma.

Tanto havia lido em livros, sobre amor, escondido na escuridão do meu quarto, só com uma vela acesa, lendo contos proibidos que falavam de pessoas que amavam tanto que todo o mundo perdia a importância. Quantas vezes havia rido, havia debochado, sozinho, achando tudo aquilo tão absurdo, tão irreal?

Quem amaria tanto outra pessoa que renunciaria tudo? Quem seria capaz de colocar uma vida na frente da própria?

E lá estava eu, em uma casinha qualquer, depois de ter tido o mundo aos meus pés, deitado em uma cama desconfortável, me sentindo o idiota mais sortudo de toda a face da terra.

Aquele pequeno achava que nada valia tanto a ponto de morrer, de lutar, de mentir, de trair... e eu só podia rir, sabendo que ele faria sim, tudo aquilo por mim.

Mas se eu podia protegê-lo... por que não fazê-lo?

Porque escolher compartilhar aquela dor, se eu me sentia forte o suficiente pra suportar por nós dois?

Eu sempre soube que mentimos mais para aqueles que amamos, pra proteger e... não me envergonhava por isso.

Senti o pequeno se mover contra mim e isso foi o suficiente pra cortar o fluxo de memórias que me invadiam minha mente, me afazendo voltar os olhos pra ele, imediatamente, atento.

Aquele fora um hábito que havia cultivado com o passar dos meses, depois de uma queda que ele sofrera do cavalo. Qualquer movimento inesperado, eu já ficava atento, preocupado, imaginando que sentia algum desconforto.

Eu era malditamente preocupado com aquele pequeno.

-Aki... - Murmurou, com a voz sonolenta ainda, o rosto roçando suavemente em meu peito nu.

E eu me permiti apreciar aquela sensação tão gostosa por alguns segundos, antes de responder, o apertando de forma carinhosa nos braços.

-Bom dia, meu pequeno. - Sussurrei, não querendo que ele despertasse tão rápido.

Havia aprendido a apreciar o despertar do menor.

Nos primeiros meses ele sequer dormia direito, ainda duvidando de que estava realmente seguro, já que havia se acostumado a dormir na rua, onde qualquer barulho poderia significar problema. Mas com o decorrer do tempo, uma mudança sutil foi acontecendo, até que ele se permitia dormir pesadamente em meus braços, despertando vagarosamente, preguiçoso, sem medo de alguém lhe fazer mal.

Ele sabia que eu estava ali para protegê-lo.

Então ele se permitia despertar como um filhotinho de gato, preguiçoso, se esticando e então se encolhendo contra mim, pensando se queria ou não despertar.

Eu apenas apreciava, me mantendo quieto, vez ou outra apenas lhe tocando os cabelos ou puxando as cobertas, só pelo prazer de ouvi-lo ronronar daquele jeito tão adorável.

-Acordado? - Perguntei, bem baixinho.

-Hum... ainda não... - Murmurou, em resposta, dando um beijo pequeno em meu peito, bem em cima do local onde ficava o coração.

-Preguiçoso...

-Uhum... uhum...

E eu podia ver como ele ainda estava ligeiramente preso ao sono, os olhos entreabertos, mas voltando a se fechar, a mão apoiava no meu peito, logo puxando mais a coberta, até altura de seu nariz.

-Eu lhe fiz algo... - Sussurrei, sabendo que lhe despertaria o interesse. - Acho que vai gostar...

Ele ergueu o rosto, sonolento e se sentou na cama, ainda não muito certo com relação aos movimentos, esfregando os olhos com as duas mãos, tão pequenas em relação as minhas.

-O que é, Aki? - Perguntou, já mais desperto, passando os dedos pelos cabelos bagunçados. - Me dê!

Eu ri de sua impaciência e peguei a pequena folha na mesa ao lado da cama, lhe entregando.

Ele agarrou o papel, olhando-o por alguns instantes e então corou, da forma mais adorável, estendendo a folha na minha direção.

-Por que usa palavras tão difíceis? Eu não consigo entender ainda, Aki...

E eu soltei um suspiro pequeno, mas logo sorri, o puxando contra meu peito, sentindo-o se aconchegar ali, com o rosto ainda ardendo de vergonha e quis me punir por não ter lembrado que meu pequeno ainda estava aprendendo a ler.

-Posso ler pra você... - Ofereci, gentilmente, lhe beijando os cabelos. - Mas tem que olhar as palavras junto comigo... sei que consegue, huh? É meu aluno mais aplicado!

-Sou seu único aluno, Aki! - Protestou, mas não negou meu pedido, se ajeitando contra meu peito de forma que pudesse correr os olhos pela folha, junto comigo.

E eu deixei que as palavras fluíssem pelos meus lábios, passando o dedo por cada frase pronunciada, como se estivesse lhe ensinando.

Look into my eyes
You will see what you mean to me
Search your heart, search your soul
And when you find me there
You'll search no more

Don't tell me
It's not worth trying for
You can't tell me
It's not worth dying for
You know it's true
Everything I do, I do it for you

Look into your heart
You will find
There's nothing there to hide
Take me as I am, take my life
I would give it all
I would sacrifice

Don't tell me
It's not worth fighting for
I can't help it
There's nothing I want more
You know it's true
Everything I do, I do it for you

There's no love like your love
And no other could give more love
There's nowhere, unless you're there
All the time, all the way!

Look into your heart, baby...

Oh, you can't tell me
It's not worth trying for
I can't help it!
There's nothing I want more.
Yeah, I would fight for you!
I'd lie for you!
Walk the wild for you!
Yeah, I'd die for you

You know it's true
Everything I do, ooooh,
I do it for you...

O ouvi soltar algumas exclamações surpresas, suspiros baixinhos e seus lábios, mais de uma vez se curvaram em um pequeno sorriso.

Quando ameacei deixar a folha de lado, ele a tomou da minha mão, se sentando para dobrá-la com todo o cuidado, guardando na gaveta da mesinha ao seu lado, voltando pra me olhar, corando ao notar minha expressão curiosa.

-É minha não é? - Perguntou, como se defendesse, ainda muito corado. - Quero... quero guardá-la... eu gostei...

E murmurou mais algumas coisas sem muita coerência, o rubor ainda no rosto e eu suspirei, encantado demais, apaixonado demais, insano demais por tudo nele.

-É sua... só sua... só você me faz escrever coisas assim... - Falei, carinhoso, o puxando contra mim mais uma vez, admitindo minha incapacidade de deixá-lo distante.

-Obrigado, Aki... eu gostei muito... - E algo em meu coração pareceu se expandir mais do que meu peito permitiria. - Eu fico pensando... todas essas coisas tão lindas que escreve...

-O que tem, meu anjinho? - Perguntei, curioso.

-Eu acho que... se meu Aki nascesse de novo... seria um poeta... ou um músico!

Deixei um riso escapar dos meus lábios, vendo-o me acompanhar segundos depois, logo voltando a se ajeitar contra meu peito, confortavelmente.

-Um músico? - Indaguei, ainda com resquício de riso na voz. - Por que não um guerreiro?

Ele ergueu o rosto, deixando nossos lábios próximos o suficiente pra que sentisse a respiração quente contra os meus, me fazendo sorrir com isso.

-Meu Aki já é um guerreiro nessa vida.

Pisquei, surpreso e ele apenas voltou a abaixar o rosto, puxando um pouco as cobertas até que tivesse me descoberto até a cintura, me fazendo estremecer ligeiramente com o frio.

Mas os gestos seguintes dele me causaram uma sensação totalmente oposta. Meu peito se aqueceu, a cada beijo que ele depositava nas pequenas cicatrizes que eu tinha.

Não, ele podia não sabia a verdadeira natureza daquelas marcas, mas ainda sim, eu sentia como se aqueles beijos tivessem mais que acariciando a superfície de tudo aquilo.

Eles me curavam de feridas que já nem mais me lembrava.

Depois de beijar ternamente cada marca que pudesse enxergar, ele voltou a erguer o rosto, me olhando com aqueles olhos tão brilhantes, tão vivos, murmurando, com uma certeza que me fez estremecer.

-Essas marcas me provam isso...

E, se ele sabia mais do que eu pensava, nunca me disse e eu nunca perguntei.

Mas naquele dia ele me mostrou uma força, através dos seus olhos, que eu seque poderia imaginar que meu pequeno tinha.

Quando ele voltou a se aconchegar contra meu corpo, nos cobri, sem pressa, lhe beijando os cabelos, com calma.

Meu coração estava estranhamente mais leve, mas procurei não pensar em nada que não fosse o corpo pequeno em meus braços, tão mais quente e acolhedor que aquelas cobertas sobre nós.

Tudo que fiz, tudo que ainda faria, valeu e valeria a pena... porque era por ele.

-Hum... - Murmurei, fechando os olhos, ainda o mantendo aninhado em meus braços. - Músico... quem sabe em outra vida?

____________________________
¹ - http://pt.wikipedia.org/wiki/Xogum
Nota: Uau xD
Eu realmente escrevi mais um fic xD
Espero que o Dani e todos que leram, tenham gostado!
Beijos e... até a próxima? ^^
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