Like father, like son
Like father, like son
.Vazio.
Aquela casa nunca pareceu tão grande, tão vazia... Nem mesmo quando era pequeno Tom achava que sua casa fosse tão enorme e silenciosa. Aquela sala também nunca parecera mais escura, triste. Enquanto seu olhar se fixava em uma das poltronas na frente da lareira apagada, o rapaz sentiu um nó se formar em sua garganta. Respirando fundo, o garoto se aproximou da poltrona e tocou-a de leve, antes de sentar-se em seu braço, meio hesitante.
Aquilo era estranho... Era terrivelmente estranho pensar que nunca mais veria alguém ocupando aquele lugar, afinal, ele sabia muito bem que ninguém mais daquela casa ousaria se sentar ali, pelo menos não sem ficar tomado por tristeza.
- Tom?
Ao ouvir seu nome ser chamado, o bruxo levantou-se rapidamente, olhando para a porta da sala, onde seu pai estava parado. O rosto de Tom Riddle Sr. parecia pálido demais naquela escuridão, seu cabelo estava totalmente desalinhado e era possível ver que seus olhos estavam avermelhados.
- Não consegue dormir?
- Não.
- Bom saber que não sou o único - o homem murmurou, passando a mão pelos cabelos - Você está bem?
- E-Estou... - o rapaz deu um sorriso fraco - Claro.
Os dois ficaram em silêncio. Tom realmente odiava ver seu pai daquele jeito... Ele preferia muito mais ver o homem sorrindo e conversando o tempo inteiro, como era de costume, do que calado e com o rosto transformado em uma máscara de tristeza. Era como se não fosse seu pai.
- Eu me lembro... - o bruxo sussurrou - Quando eu cheguei aqui... Como ele me olhou - ele riu baixinho, sem humor, sentindo os olhos umedecerem - Ele estava me testando, eu sei disso... Queria saber se eu agüentaria viver aqui. Foi a primeira vez na vida que eu fiquei com vontade de abaixar o olhar, de não olhar uma pessoa nos olhos... Mas eu sabia que se eu desviasse - Tom respirou fundo - Se eu desviasse o olhar, ele iria pensar que eu não era digno de viver sob o seu teto...
- Ele o amava muito, Tom - o mais velho murmurou, aproximando-se do filho - Você era o orgulho dele... Tudo o que eu errei na minha vida, você fez certo - o trouxa sorriu, levando uma mão até o ombro do outro - Acho que consegui que ele me perdoasse quando dei a ele um neto que conseguiu ser tudo o que eu não consegui ser.
- Por Merlin, cale a boca - o rapaz riu, sentindo as lágrimas começando a escorrer pelo seu rosto.
- Só estou falando a verdade - Tom Sr. riu também, passando os braços ao redor do filho e o puxando para perto de si - Ele tinha muito orgulho de você, Tom.
- De você também, pai.
O mais velho respirou fundo, levando a mão aos cabelos do rapaz e os afagando, sentindo o corpo do bruxo começar a tremer com os soluços que ele parecia não conseguir controlar.
- Você não tinha chorado ainda, certo? - o garoto sacudiu a cabeça, escondendo o rosto no ombro do pai - Vocês dois são iguaizinhos um ao outro... Seu avô também iria ficar quieto o tempo inteiro e só iria começar a chorar quando tivesse certeza de que não havia ninguém por perto.
- Eu sei...
- Não... Não tem problema em chorar, certo? Quero dizer, é normal... Ele era seu avô, você o amava e vai sentir saudades dele - Tom Sr. sussurrou - É normal derramar algumas lágrimas nessa hora. Tenho certeza de que ele entenderia.
- Tem?
- Ele era meu pai - o homem riu suavemente - Eu sabia tudo sobre ele... Assim como eu sei que você deve saber tudo sobre mim. Tudo e ainda mais um pouco.
Uma risada baixa e abafada foi ouvida, o que fez o Riddle mais velho sorrir um pouco mais.
- Você nem imagina.
- Nem quero imaginar, Tom, nem quero.
***
Faz exatamente um ano e 3 dias desde que eu comecei a postar Like father, like son. O plot da fic surgiu para mim enquanto eu estava na praia, onde uma cena do Tom Riddle Sr e o filho conversando na beira do mar em um dia nublado pipocou na minha cabeça... Na época eu estava escrevendo Riddle's Riddles e não sabia se valia a pena começar outra fic. Bom, valeu, porque LFLS foi uma fic que eu adorei escrever... Eu tenho um amor enorme por escrever histórias de famílias, principalmente coisas que envolvam pais e filhos. Amei criar uma personalidade para cada um dos Riddles, amei projetar no Sr. e na Sra. Riddle o que eu espero de avós, amei colocar a minha personalidade no Tom Sr, amei deixar o Tom Jr mais humano, amei criar personagens originais que guiassem essa família durante a história, amei reescrever a história de Tom Riddle, dando a ele a vida que eu acho que ele merecia ter tido.
Assim como em Riddle's, conheci várias pessoas muito queridas enquanto escrevia essa fic... E acho que LFLS me marcou mais porque foi escrita durante esse ano decisivo da minha vida. Eu lembro de comentar com vocês tudo o que acontecia na minha trajetória rumo ao vestibular, e lembro muito bem de como todos me apoiaram... Eu recebi quase mais apoio de vocês do que dos meus amigos de "fora do computador"... Vocês estavam lá quando eu pirava por causa de provas, quando eu comemorava um resultado, quando disse que não passei, quando eu disse que tinha passado! Vocês me desejaram boa sorte e tudo mais... Então, muito obrigada, mesmo, por tudo... Foi enquanto eu escrevia essa fic que eu consegui fazer o quase impossível, por isso ela me marcou bastante.
Acho que é isso... Muito obrigada todos vocês que acompanharam e que aguentaram ver eu, mais uma vez, destruindo o que J.K Rowling criou. Sério, como vocês conseguem? (x
Ariane B. Haagsma.
14/01/2011