Jan 15, 2011 15:02
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End
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Química
Diz-se que é muito bom trabalhar com o que gosta. Que é bom não achar os malefícios do serviço verdadeiros malefícios, e que não há nada melhor que sentir prazer em realizar a obrigação. Está certo que não é exatamente aquilo que o rapaz sente, dado que ele tem costumeira preguiça de compor, mas o baterista do L’Arc~en~Ciel definitivamente gosta muito de seu trabalho.
Gosta de uma coisa em especial. Claro, não lhe é desgostoso, de modo algum, visitar outras cidades, fazer shows, ter contato com os fãs, a visão que ele tem da banda e dos colegas e do público. Mas as viagens, ou melhor dizendo, o tempo gasto nas estradas, o que esse tempo lhe permite, é algo de que ele gosta bastante.
Esse meio tempo costuma lhe permetir juntar-se ao vocalista que de praxe ficava logo a sua frente no palco, a não ser quando este saía para rebolar em outras vizinhanças. Por mais cansados que estivessem, ambos conseguiam uma brecha para o além-trabalho. Algumas vezes nem conversam, nem necessariamente se tocam; algumas vezes apenas fecham os olhos e descansam lado a lado.
- Ne… - começou o baterista, chamando a atenção do que descansava os olhos na única poltrona ao seu lado.
- Hmm… - respondeu ligeiramente dengoso, aprovando aquilo que pensava ser um carinho.
- Seu cabelo tá elétrico - falou baixinho.
O que o rapaz conhecido como Hyde julgou ser um carinho era na verdade o esfregar de Yukihiro com a almofada para pescoço no cabelo do mais baixo e então afastando a mesma e levando junto os morenos fios de cabelo em busca de manter contato com a já dita almofada de ar.
- Como assim? - Hyde abriu os olhos e perguntou divertido.
- Assim, ué ~. Tão para cima. - indicou com os olhos o topo da cabeça do outro.
O mais novo procurou um espelho para ver o que acontecia com sua doce cabeleira.
- Ah… Mas nem tá úmido para meu cabelo ficar assim (tá sol). - com cara de criança que não teve uma boa surpresa, tentava arrumar o cabelo. O que arrancou uma risada gostosa de Yukihiro.
- É almofada, inteligente~.
- … Espera, como assim?
- Nunca viu isso no colégio? (Isso é ionização…)
- Não, eu não prestava muita atenção na aula de física.
De novo, o baterista soltou a gargalhada.
- Vê-se~, cabeção. - disse entre risos - (ainda bem que você é gostoso e canta bem~). Isso é química, Hyde. Cargas opostas se atraem~. A almofada está roubando elétrons do seu cabelo… Daí ele sobe porque eu afasto a almofada e os átomos do seu cabelo precisam se neutralizar.
- Ahn?
- Seu cabelo quer os elétrons de volta. - explicava com o maior gosto, sentindo-se de volta à escola.
Aproveitou o instante de “não foi à toa que eu não prestei atenção nisso” do vocalista para roubar-lhe um beijo rápido e sem língua.
- (Hey~!)
- O quê~?
- Você roubou meus elétrons . - riu com a piada que beirava o ridículo. - De novo!
Apesar da animação deles, falavam baixo para não perturbar os outros dois colegas.
- Eh, de novo?
- É. - riu e deu outro discreto beijo. - E eu quero meus elétrons de volta.
- Nossa, que péssimo~. - riu, logo envolvendo o baixinho Takarai num abraço e devidamente lhe beijando.
- Dá licenca! - para a surpresa do casal que já abusava do tempo da estrada (e para a surpresa do guitarrista que estava confortavelmente sonhando com a gostosa que faz backing para ele no projeto solo), o senhor Líder da banda exclamou num pulo dois assentos atrás deles, dando de cara com os dois amigos no meio do beijo. - Só pode estar de brincadeira comigo!
Era duro, mas os dois tiveram que partir o beijo e abraço, afinal de contas, aquele não era um simples olhar ameaçador, era o olhar de quem iria castrar o cachorrinho se ele fizesse coisa errada de novo. Nessas horas é mais que necessário retomar a pose de dois profissionais que, de modo algum, mantinham relações sexuais ou emocionais um com o outro.
- Ótimo. - sentou-se, uma vez que a postura do casal-que-não-devia-agir-feito-um-casal havia sido corrigida.
Num riso silencioso que não escapou dos lábios de um ou de outro, deram-se as mãos embaixo de um ou dois casacos , sutiis, fechando os olhos e voltando ao descanso.
Não é como se Tetsuya seja exatamente contra a relacão dos dois, ele só exige comportamento adequado à ocasião, oras. E eles sabiam disso, assim como sabiam que o problema daquele instantezinho foi na verdade o assunto escolar e a piada ruim.
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- Ne… - fechou a porta do camarim atrás de si.
- Hm? - perguntou, sem procurar olhar o sorriso ou o corpo do vocalista, mais preocupado em tirar o fone e aquela fiarada toda.
- Atração é pura química, sabia?
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Fim
português,
yukido,
english,
l'arc~en~ciel