Nov 05, 2006 21:45
há alguém no ônibus a repetir incessantemente, asterístico oito-quatro oito-meia, asterístico oito-quatro oito-meia, ASTERÍSTICO OITO-QUATRO OITO-MEIA. um barulho ininterrupto de latinhas sendo abertas.
não reconheço a estrada
durmo.
a mala enrosca. sou a única de óculos escuros num dia chuvoso (tenho uma mancha vermelha no olho, uma veia rompeu-se sabe-se lá por quê)
desculpe-me, não tenho troco para cinqüenta. (esta parte é mentira - jamais que a guichê do metrô seria tão educada.) tenho de ir ao bob's. como uma porção de batatas feias, um lanche que me lembra os que minha mãe costumava fazer
- tem fluído para zippo?
- tenho um... parecido.
-
entra um rabino no metrô. um obeso come pipocas (ahá, é daí que vem o cheiro que me está a enjoar), o vagão anda mais devagar do que me lembro... algo mudou.
chove.
subo com a mala e desço calmamente a rua, tendo, por uns instantes, olhado para o cemitério da consolação. consolação, foi onde o rabino desceu. não vi-lhe o rosto... por quê-. chego ao prédio, olho-me ao espelho
minha franja é mais bizarra a cada dia.
mesmo lugar de sempre. só a descarga é que já não funciona tão bem. devem ter metido algo ali dentro enquanto estive fora.