[FIC] Guerra Psicológica

Jan 29, 2012 17:07

Eu... não sei exatamente o que é isso aqui D:

Tudo começou com uma pequena conversa com a tinishyuuga, que então evoluiu para uma idéia e depois PARA UMA GRANDE BOBAGEM.

Título: Guerra Psicológica (ou, mais apropriado, O Troll da Nação)
Personagens: PR, SP, RS, menções discretas à SC e RJ e ainda mais discretas a MG, GO e ES
Advertências: Falatório incessante



Quando Paraná entrou em sua casa e Paulo educadamente o convidou a se sentar, tomar uma xícara de café, tirar a roupa e ir direito para a cama, Paraná abanou a cabeça disse, muito sério:

-Nós precisamos conversar.

Paulo congelou em seu lugar, a meio caminho de trancar a porta:

-Você veio terminar comigo?

-Não - Paraná respondeu rápido e depois enrubesceu - Nós não estamos namorando, não dá pra eu terminar com você.

-Como assim nós não estamos namorando? Você terminou comigo e não me avisou?

Paraná estreitou os olhos:

-Pare de me confundir. Eu- é uma coisa muito séria.

-O que foi dessa vez?

-Eu preciso de um conselho.

-Jura? - e Paulo sorriu, sentando-se no sofá e convidando-o a fazer o mesmo - Que legal. Abra-se comigo, meu amor, qual é o problema?

Paraná soltou o ar com força e se sentou na ponta do sofá, mantendo a maior distância possível entre os dois. Tirou a boina e a segurou entre as mãos, olhando os próprios joelhos enquanto criava forças pra falar.

-Tome seu tempo - Paulo disse, um tiquinho exasperado com aquela demora toda - Eu não vou a lugar nenhum.

-Pare de me pressionar - Paraná fuzilou-o com o olhar - Eu disse que isso é sério.

-Eu não estou te pressionando! Só quero te deixar mais à vontade.

Dessa vez Paraná não respondeu, e Paulo, que tinha acordado muito pacífico, prestativo e, por que não dizer, carinhoso hoje, venceu a distância imensa que o separava de seu amor e apertou o joelho dele, olhando fundo em seus olhos:

-Fala pra mim, qual é o problema? Você brigou com alguém?

-Ainda não - Paraná respondeu devagar, segurando o pulso dele - Mas eu… bom. Sabe a Catarina?

-Lógico que sei.

-Então. Digamos que eu esteja, um pouco, assim, não muito- é complicado.

-Você está a fim dela? - Paulo se surpreendeu.

-Mais ou menos.

-Mas. Meu. Vocês se conhecem há setecentos anos. Mais que isso. E de repente…

-Não foi de repente - Paraná afastou a mão dele, defensivo - Quer dizer, mais ou menos. De qualquer forma, não é pra você ficar questionando o que eu sinto ou deixo de sentir. Eu vim pra pedir um conselho, só isso.

-Bom, então talvez você devesse ir direto ao ponto - Paulo retrucou, sentindo-se bem menos pacífico - Qual é o problema? Você não sabe chegar, é isso?

-Claro que não. Quer dizer, claro que sei. O problema é o Rio Grande. Eu… não sei como ele vai lidar com isso.

-Você acha que vai partir o coração dele?

-Entre outras coisas.

Paulo assentiu, pensando a respeito. Claro, porque, em se tratando daquele cara, apanhar era sempre uma opção. Mas se bem que, já que seriam Paraná e Santa Catarina, talvez ele ficasse com o coração tão partido que nem conseguisse apelar para a violência.

Pensar no coração partido de Rio Grande fez Paulo lembrar do seu coração partido, o que o lembrou de que Paraná estava sendo canalha demais para sair ileso assim.

-Bom, de qualquer forma, é muita cara-de-pau sua vir aqui pedir conselho pra mim. Não tinha mais ninguém pra você consultar, não?

-Não - Paraná concordou, infinitamente triste - Não dá pra falar disso com a Catarina, ia ser muito estranho. E o Rio Grande, então, nem pensar.

Paulo abanou a cabeça, indignado, e acendeu um cigarro. Paraná esperou em silêncio enquanto ele dava uma longa tragada e depois comentou, despropositadamente:

-Claro, não é como se isso fosse um problema pra você.

-Ah, não?

-Não deveria ser, pelo menos. Não com o tanto de gente com quem você já ficou pelas minhas costas.

-É totalmente diferente - Paulo soltou a fumaça - Você nunca deu a mínima.

-Não mesmo. Eu não sou uma alma ciumenta.

Paulo não conseguiu evitar um meio sorriso:

-É, claro, a não ser quando-

-A não ser quando você, ou o Rio Grande ou a Catarina apelam - e Paraná enrubesceu de novo - E então? Vai me ajudar ou não?

-Certo - ele deu outra tragada - Bom, o jeito é você ficar com ela sem ele saber. Aí não tem como ele ficar chateado nem te dar uma surra.

-A não ser que ele descubra.

-Sim, por isso é imperativo que vocês sejam discretos.

-Você não está levando isso a sério - Paraná franziu a testa - Pensa, e se fosse com você? O que você faria se quisesse ficar com a namorada de um namorado seu?

-Ele não é seu namorado.

-Vai ser, se você não me ajudar. Fala, o que você faria?

Paulo soltou o ar com força, e tentou visualizar uma situação dessas.

Bom, nem adiantava pensar em Paraná, porque ele nunca ficaria a fim do gaúcho viado. E com Rio de Janeiro também não daria certo, porque normalmente ela era menos ciumenta que Paraná. E, mesmo quando tinha ciúmes, ela teria que ser dez vezes mais cara-de-pau pra vir reclamar.

Então sobrava Minas, Paulo pensou, fumando de novo. Minas e os namoradinhos dele, fossem quais fossem os nomes deles.

Paulo franziu a testa, soltando a fumaça:

-Você lembra como se chamam os namorados do Minas?

Paraná estreitou os olhos, e Paulo se apressou em acrescentar:

-Ei, eu estou simulando cenários aqui. Você precisa me dar um tempo.

-Certo - ele respondeu, a voz controlada - A não ser que eu tenha perdido um capítulo, os amores da vida dele são o Espírito Santo e o Goiás. Você já ficou com algum deles?

-Não que eu me lembre. Mas eu poderia.

-Seria bem a sua cara. - e Paraná respirou fundo - Isso não está nos levando a lugar nenhum. Vamos colocar as coisas de outra forma. E se eu quisesse ficar com a Rio de Janeiro? O que você acharia disso?

Dessa vez Paulo demorou mais para responder. Bem mais. Quando falou, sua voz veio lenta e calculada:

-Você… não quer, quer?

-Hipoteticamente.

-Bom. Se você hipoteticamente quisesse ficar com a Rio e ela, também hipoteticamente, quisesse ficar com você (você não é exatamente o tipo dela, sabe, mas aquela menina nunca teve muito critério, então vá saber), eu, hipoteticamente, preferiria não ficar sabendo.

-Mesmo? - Paraná perguntou, apagando o cigarro no cinzeiro em cima da mesinha de centro - Simples assim?

-Sim - e Paulo se acomodou melhor no sofá - eu diria que essa é a segunda melhor opção, sendo que a primeira melhor é vocês manterem as línguas longe um da boca do outro.

-Muito bom - e Paraná sorriu de lábios fechados, ficando de pé - Ajudou muito. Não sei o que eu faria sem você.

-Não faria nada - Paulo ficou de pé também - Última coisa.

Paraná olhou para ele, esperando, e então Paulo o puxou para um beijo apertado.

-Pra dar sorte - ele forçou um sorriso, depois que Paraná conseguiu se soltar - Não deixa o gaúcho fazer isso, senão você nunca vai conseguir pedir. Por que você vai pedir, certo?

Paraná sorriu e saiu, e nunca mais tocou nesse assunto.

Quando Paraná chegou na casa de Rio Grande do Sul, ele enrolou uns trinta segundos antes de ter coragem de tocar a campainha. E então, quando finalmente se sentiu forte o bastante, Rio Grande estragou tudo abrindo a porta e quase matando-o de susto.

-Você por aqui - Rio Grande sorriu - Por que não entrou?

-Eu acabei de chegar - Paraná mentiu, arrumando uma mecha de cabelo atrás da orelha - Você estava saindo? Eu queria, hmm, falar uma coisa.

-Pode entrar - e Rio Grande se afastou da porta, abrindo o espaço para ele passar - Eu ia buscar a Cat, mas eu posso ligar e pedir pra ela vir aqui. Ela vai ficar feliz de te ver.

Paraná entrou, sem responder, e Rio Grande trancou a porta atrás dos dois, levando o celular ao ouvido.

Catarina atendeu rápido, porque Rio Grande deu as costas a Paraná e começou a falar. Então eventualmente os dois começariam com aquele charme de “desliga você”, “não, você primeiro” e, como isso sempre deixava Paraná com azia, ele pegou o primeiro jornal que viu e pôs-se a folheá-lo.

-Pronto - Rio Grande sorriu, desligando o celular e sentando ao seu lado - Daqui a pouco ela chega. Desculpa te deixar esperando.

-Não tem problema.

-Que bom - e, antes que Paraná pudesse evitar, Rio Grande o puxou para um beijo carinhoso e intenso ao mesmo tempo - O que tu ia falar, meu amor?

-Eu queria pedir um conselho - Paraná respondeu, enrubescendo de leve devido à proximidade do gaúcho - Uma coisa muito séria.

-É mesmo? Aconteceu alguma coisa?

-Ainda não. É que eu… queria, um pouco, ficar com a Rio de Janeiro. Não namorar, só… não sei, eu queria alguma coisa, sabe, e-

-Você e a Rio? Mesmo?

-É - Paraná respondeu, franzindo a testa de leve - Por quê? Algum problema com isso?

-Não, lógico que não. É só que… sei lá. Não sei se você combina muito com ela.

Ele estava com aquele sorriso bonito e prepotente e irritante. Paraná cruzou os braços:

-E com quem exatamente eu combino, posso saber?

-Com quem você quiser, deixa isso pra lá. Certo, então tu está a fim da Rio. Ótimo. E qual é o problema?

-O problema é o Paulo - Paraná respondeu, relaxando a posição - Eu não sei o que ele vai achar disso.

-Ah, então tu está preocupado por causa do paulista? - Rio Grande franziu a testa - Nossa, guri. Esse é um país livre. Vai lá e faz o que tu quer.

Paraná ergueu uma sobrancelha:

-Sério? Você acha que não tem problema?

-Claro que não. Eu falei, esse é um país livre. E macho que é macho não liga pra esse tipo de coisa.

Paraná assentiu, meditando a respeito desse conselho, e Rio Grande deu um sorriso de lado:

-Bom, claro, não que eu esteja dizendo que ele é macho, longe de mim falar uma coisa dessas, mas você entendeu o ponto.

-Você não ligaria? Nem um pouco?

-Claro que não. Se você quiser, e a Rio de Janeiro também, vocês têm mais é que ficar e pronto.

-Então… hipoteticamente falando, é claro… se eu quisesse ficar com a Catarina não teria problema?

Rio Grande ergueu as sobrancelhas, e Paraná fez questão de frizar:

-Hipoteticamente, eu disse. Assim, só pra você se colocar no lugar dele, sabe, pra simulação dar certo.

-Bom… - Rio Grande respirou fundo - não é como se eu não soubesse que a Cat é linda, ou como se você não soubesse que ela é minha namorada, ou mesmo como se o que o Paulo e a Rio têm fosse um décimo do que eu e a minha prenda temos, então, considerando tudo isso e lembrando que tu não é nem de longe o tipo da Cat, eu gosto de pensar que eu não veria problema nenhum se tu decidisse ser sacana a esse nível.

-Jura? - e Paraná não conseguiu segurar o sorriso - Sério que você é tão cabeça aberta assim?

-Eu gosto de pensar que sou. Num nível hipotético. Agora, que tal a gente ir buscar a Cat e você desmanchar esse sorriso antes que eu perca a paciência?

-Sem problemas. Eu já estava indo embora mesmo.

Paraná sorriu uma última vez e saiu, e nunca mais tocou nesse assunto.

Sozinho em sua casa, poucas horas depois, Paraná encheu uma taça de vinho paranaense e brindou à sua própria astúcia. Amanhã, assim que acordasse, ele visitaria Santa Catarina e Rio de Janeiro.

O que configuraria, oficialmente, um final de semana bem aproveitado.

sao paulo, rio grande do sul, paraná

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