(no subject)

Sep 23, 2010 10:37

Não me apetece discorrer. Entre o vazio total; a ansiedade de que esta semana de stand-by a que me forcei termine rápido e finalmente saia daqui e torne o projecto em realidade; a ambiguidade da despedida e luto desta fase e a esperança de me reconstruir..., tenho evitado a todo o custo estar com pessoas e fazer a festa. Porque sei que no fundo isso não reflecte em nada o que sinto e, portanto, não o conseguiria fazer autenticamente.
E porque tenho medo de descobrir (de confirmar) que há pessoas demasiado importantes para a mim. Seguranças quotidianas que abandonarei, acreditando que é por um bom motivo: para encontrar a minha própria segurança em mim. Mas é uma merda ter de prescindir de umas para que as outras venham à tona, quando todas nos fazem bem.

Entre pequenas boas revelações de um par de ex-colegas de trabalho, nada, mas nada, compensa abandonar quem foi a minha família aqui. Se me partiu o coração deixar ir a Vannia, reviver uma nova separação umbilical com o meu dito irmão mais velho foi como ver todo um edifício implodido.
Terminar relações tão espontâneas e naturais que nem se dá pelo seu desenvolvimento, até que se tem de dizer «adeus-até-breve-sim-claro-voltaremos-a-ver-nos» sem saber muito bem quando, nem em que condições e contexto, desconfiando apenas, sem o querer dizer, que certamente nunca será igual.
Honestamente eu não quero acreditar nisso.

Ontem, na luta quente com os meus sentimentos, acabei por soltar uma pequena barbaridade, que no entanto pode ter o seu quê de verdade. Disse que o Hugo era mesmo para mim como um irmão mais velho, que me deu o que a minha irmã nunca me deu. E foda-se, os meus mil perdões à minha irmã. Porque ela deu-me muito, especialmente depois de nos termos separado. E é desde já algum tempo a pessoa cujos conselhos mais tenho em consideração, que me parece mais racional, crítica, sem papas na língua, e que melhor me conhece. Que tem uma paciência de santa para ouvir os meus problemas, quando sei que é algo que a irrita solenemente. Porque não os compreende. Não que não tente compreender, mas simplesmente os nossos backgrounds devem ser muito diferentes. E eu não retiro qualquer milímetro de valor que há em tudo isso. E amo-a.
Contudo, sempre existiu, e continua a existir, uma lacuna. Uma distância - e não me refiro aos quilómetros físicos que nos apartaram em diferentes países. A minha irmã é ela nela. É um castelo com uma ponte levadiça, que só ela entende quando subir ou descer. E sempre reagi e reajo a ela ora com raiva e pseudo-desprezo (por sentir que nunca me aceitou), ora com medo (de provocar uma discussão, de que se aborreça comigo, de que se afaste)...
Ora, com o Hugo, ainda que inicialmente o tivesse mais como amigalhaço para os copos e bons momentos, percebi que podia contar para tudo e que era aceite por ele. Que finalmente havia alguém em cujos conselhos mais experientes (e mentalmente equilibrados, algo que me faltou muito durante o meu percurso de vida) eu podia confiar e me pareciam sempre acertados (tal como os da minha irmã), e que além disso via em mim uma amiga e companheira, na indefinição de sexos gaja-gajo, com quem partilhava momentos de empatia e deboche completo. Sem qualquer preconceito ou enjoo. Aliás, dando-me precisamente algumas lições de vida, sem muito provavelmente saber que as dava, tornando óbvias de forma subliminar as minhas falhas enquanto ser humano. E isto é igualmente muito grande e conquistou um grande pedaço de mim. Mais não seja porque nunca o tive com ninguém.
E ontem disse-lhe adeus.


      

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