Oct 17, 2006 10:54
Único habitante de sonhos não compreendidos…
No isolamento dos meus sonhos, afasto novamente quem me toca, me observa e me faz sentir…
Talvez estar refugiado na minha própria neurose seja um erro. Afastar-me dos instintos que levam aos sentimentos …
Quem me prova que este falso medo em me magoar, me protege de romper as amarras em que me fiz prisioneiro?
O seu nome escondo… Distracção e prolixidade marcam-lhe o registo. Não me via atraído, não corresponde aos preceitos dos meus sonhos.
Mas aconteceu! Não vale a pena pensar que seria por estar aconchegado no meu mundo, depressivo e melancólico, vivido unicamente por mim como seu único habitante…
Por falsa protecção deixei de falar, mas nem sei se lhe deu importância. Uma qualquer reacção a este comportamento seria, uma chamada de atenção, como quem grita por alguém.
Não me quero lacerado, mas se continuar a evadir-me nem dou oportunidade de amar ou ser amado… Acaba quando nem mesmo começou, e estar sempre cercado pelo vazio é tão penoso como perder, mas sem o acréscimo da alegria, do momento da esperança, que sempre encontramos no momento mais puro do despontar de cada paixão.
Como voltar a falar com quem se desconhece, manifestar que existo e posso ser tão valido como quem se encontra num trono, rodeado por jóias para oferecer?...
São apenas metáforas, da alegria de viver uma certa fantasia de romântico despovoado pela paixão, remetido ao silêncio das palavras não ditas.
Será tão difícil deixar de estar tão centrado em mim, deixar de ser morno e apático nas palavras e sentir?...
(12-10-06)
E tudo começa ou acaba assim… Com um não… Um não sem ser dito, que me afecta, como se fosse uma lança desferida sobre mim, onde vejo ser eu quem me mata…
Cada vez me sinto mais só, isolado, ainda mais profundamente, num abismo ilusório, criado por mim. Para me proteger ou para me sufocar, estrangular com toda a sua escuridão e melancolia.
As palavras já não me saem, não flúem, nem caracterizam sentimentos. Pois, estas me fogem, para me assustar como assombrações fantasmagóricas, prendendo-me com as suas correntes de prata.
Por outro lado, sou eu quem lhes assusta e fujo, para não ter que as suportar. Como cobarde, escondo-me, para não enfrentar as suas consequências; as palavras dos outros e seus sentimentos.
Sinto nojo pelo cheiro nauseabundo que emano. Ser mortal, débil, fraco e estranho, representado apenas por uma volátil aparência, gentil e disfarçada.
Sentem-me estranho porque sou estranho. Coberto por um depressivo manto que repele quem se aproxima e amo…
Amo-te, desejo-te… Mas quem pode amar um doente, fisicamente fraco e assustado nas emoções…! Quem me dera que me amasses… Mas não te amo porque a mim me odeio…
(16-10-06)