nunca disse que faria sentido

Sep 12, 2008 01:14

Eu sinto essa vontade de deitar a cabeça no travesseiro e não acordar mais. Essa preguiça, não de viver, mas de gostar demais e odiar demais as pessoas. Porque chega uma hora que cansa, e cansa bastante. Eu estou bem cansada, querendo dormir, mas com um medo tremendo de perder alguma coisa enquanto estiver dormindo. E então eu me canso mais e mais e mais...
Estou com medo de falar alguma besteira, com medo de perder isso, mas minha maneira de externar esse sentimento não é exatamente coerente. Eu acabo falando besteiras, eu acabo perdendo isso aos poucos. É minha culpa. Pensar demais e fazer mesmo assim, não pensar em absolutamente nada e fazer mesmo assim.

Eu penso na hora errada, isso é um fato. E depois penso que é minha culpa, mas às vezes nem é. Talvez seja só ingenuidade demais, inocência demais acreditar demais nas pessoas. Eu acredito, sempre, e nunca aprendo. As pessoas geralmente acabam me surpreendendo, as pessoas sempre fazem o que eu espero - sem realmente esperar - que elas façam. E acho que elas me deprimem um pouco por serem tão previsíveis. Acho que elas me deprimem. Por serem previsíveis de uma maneira ruim.

Eu faria tudo isso de novo, eu sei. Eu faço. Eu acredito. Eu choro. Eu lamento. Eu me arrependo. Eu acho que valeu a pena. Eu odeio. Eu amo. Eu não quero nunca esquecer. Eu não vou. Porque lembrar é muito mais uma atividade psicótica que esquecer. Então eu não vou. Eu vou me agarrar a todas essas coisas como se fossem a minha vida, e é o que elas são, afinal. Minha vida. Às vezes a parte mais bonita e deformada, às vezes não.

Meu Deus. MEU Deus. O cara de jeans e all star que fica parado ali na porta, me olhando e rindo de mim um riso doce e meio torto. Ele sabe sobre tudo, ele entende todas essas desconexões, ele me dá um beijo na testa que não dói, ele aperta minha mão, ele acredita em mim, e eu não acredito nele. Não hoje. Talvez amanhã sim. Talvez depois de amanhã não. Meu Deus.

Meu Deus! Eu não quero voltar. Eu prefiro aqui. Eu realmente prefiro aqui, mas a vontade de ir embora é tanta tanta tanta... Esquecer os acordes, as folhas riscadas de poesia infantil, as fotografias. Esquecer os castelos de areia, as igrejas de barro, e o Arpoador - especialmente o Arpoador. Vontade de deixar tudo isso pra trás, acordar e ser outra pessoa, uma pessoa diferente longe daqui, ou então não ser mais ninguém, tanto faz, tanto faz contanto que eu não precise me repetir tantas vezes com um dois três vários eu te entendo, eu te entendo, eu entendo eu entendo eu REALMENTE te entendo, será que isso não basta? Basta pra mim, bastou, já chega. Não tente cortar os pulsos outra vez, não engole todo esse Mandrix e Valium, não me diz que essa droga é um barato legal, não diz pra mim que eu quero te matar, que eu sou o problema aqui, não tenta enfiar uma faca no pescoço, não diz que você só resiste por mim, que você queimou as pontas dos dedos com seus últimos cigarros, e que vomitou no chão do seu banheiro todas as desculpas que você quer me pedir junto com a vodka do teu pai. Por favor, eu entendo. Eu entendo sempre e sempre na mesma proporção que entendo que nada disso me deixa dormir. Isso não me deixa dormir.

Isso não me deixa.

E eu quero deixar todos eles, eu quero deixar vocês, eu quero deixar tudo isso. E não, não estou falando de suicídio, eu nem sei o que vem depois, se céu, ou inferno, ou nada, ou uma sala escura e vazia de cinema ou teatro sem filme ou espetáculo algum. Assistir a história da minha própria vida, talvez? O eterno retorno, meus erros e acertos repetidos uma duas três mil um milhão o infinito de vezes e mais.

Não estou falando de pegar uma faca, ou de um frasco de remédios, mas sim de sair e morrer para o mundo, mas não pra mim. Não-para-mim. Eu quero morrer, mas não assim. Morrer definitivamente, mas não assim, meu bem. Não assim, meu bem. Não.

flocos, nightmares, cansaço

Previous post Next post
Up